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Capítulo 1 Ver capítulo
1 Depois da morte de Josué, os filhos de Israel consultaram o Senhor, dizendo: Quem marchará à nossa frente contra o Cananeu, e será o nosso chefe na guerra?
2 O Senhor disse: Marchará (a tribo de) Judá; pois eu entreguei o país nas suas mãos.
3 Judá disse a Simeão, seu irmão: Sobe comigo à terra, que me coube em sorte, e combate contra o Cananeu, a fim de que eu vá depois contigo à tua sorte. E Simeão foi com ele.
4 Judá subiu, e o Senhor entregou nas suas mãos o Cananeu e o Ferezeu; derrotaram em Bezec dez mil homens.
5 Encontraram Adonibezec, em Bezec, combateram contra ele, e derrotaram o Cananeu e o Ferezeu.
6 Adonibezec fugiu, mas, indo eles em seu alcance, apanharam-no e cortaram-Ihe as extremidades das mãos e dos pés.
7 Adonibezec disse: Sessenta reis, a quem tinham sido cortadas as extremidades das mãos e dos pés, apanhavam debaixo da minha mesa os sobejos da comida; como eu fiz, assim Deus me fez. E levaram-no a Jerusalém, e ali morreu.
8 Ora os filhos de Judá, tendo atacado Jerusalém, tomaram-na e passaram-na ao fio de espada, pondo fogo a toda a cidade.
9 Depois, baixando, combateram contra o Cananeu, que habitava nas montanhas, ao meio-dia, e nas planícies.
10 Judá (prosseguindo) marchou contra o Cananeu, que habitava em Hebron, (chamada antigamente Cariat-Arbe) derrotou Sesai, Aiman e Tolmai.
11 Partindo dali, foi contra os habitantes de Dabir, que antigamente se chamava Cariat-Sefer, isto é, cidade das letras.
12 Caleb disse: Eu darei minha filha Axa por mulher ao que tomar Cariat-Sefer e a destruir.
13 Tendo-a tomado Otoniel, filho de Cenez, irmão mais novo de Caleb, este deu-lhe a sua filha Axa por mulher.
14 Indo ela em viagem, sugeriu-Ihe seu marido que pedisse a seu pai um campo. Ao descer do jumento, Caleb disse-lhe: Que tens?
15 E ela respondeu: Dá-me a tua bênção; já que me deste uma terra seca, dá-me também uma que se possa regar. Caleb pois deu-Ihe uma terra, que se regava nos altos e nos baixos.
16 Os filhos do Cineu, parente de Moisés, saíram da cidade das palmeiras com os filhos de Judá para o deserto, que era da sorte desta tribo, ao meio-dia de Arad, e habitaram com eles.
17 Depois Judá marchou com Simeão, seu irmão, e juntos derrotaram o Cananeu, que habitava em Safat, e destruíram-no totalmente. E esta cidade foi chamada com o nome de Horma, isto é, anátema.
18 Judá tomou também Gaza com os seus arrabaldes, e Ascalon e Acaron, com os seus arrabaldes.
19 O Senhor foi com Judá, e este apoderou-se das montanhas, porém não pôde derrotar os que habitavam no vale, porque estes tinham carros de ferro.
20 Conforme o que Moisés tinha dito, deram Hebron a Caleb, que exterminou dela os três filhos de Enac.
21 Os filhos de Benjamim não destruíram o Jebuseu, que morava em Jerusalém, e o Jebuseu habitou em Jerusalém com os filhos de Benjamim, até ao dia de hoje.
22 A casa de José também marchou contra Betel, e o Senhor foi com eles.
23 Enquanto exploravam as cercanias da cidade, que antes se chamava Luza,
24 viram sair da cidade um homem, e disseram-lhe: Mostra-nos a entrada da cidade, que usaremos de misericórdia contigo.
25 Tendo-lha ele mostrado, passaram a fio de espada a cidade, mas deixaram livre aquele homem e toda a sua família.
26 Ele, posto em liberdade, foi para a terra de Hetim, fundou lá uma cidade e pôs-lhe o nome de Luza, a qual se chama assim até ao dia de hoje.
27 Também Manassés não destruiu Betsa nem Tanac com as suas aldeias, nem os habitantes de Dor, de Jeblaam e de Magedo, com as suas aldeias, e o Cananeu começou a habitar com eles.
28 Depois que Israel cobrou mais forças, fê-los tributários, e não os quis exterminar.
29 Efraim também não exterminou o Cananeu, que habitava em Gazer e que ai continuou a habitar, no meio de Efraim.
30 Zabulon não destruiu os habitantes de Cetron e de Naalol, e o Cananeu continuou a habitar no meio dele, embora seu tributário.
31 Aser também não destruiu os habitantes de Aço, de Sidónia, de Aalab, de Acazib, de Helba, de Afec e de Roob,
32 antes morou no meio dos Cananeus, habitantes daquela terra, e não os exterminou.
33 Neftali também não destruiu os habitantes de Betsames, e de Betanat, mas morou entre os Cananeus, habitantes daquela terra, e os Betsamitas e os Betanitas lhe foram tributários.
34 O Amorreu encerrou os filhos de Dan no monte, e não os deixou descer para as planícies.
35 O Amorreu persistiu em habitar no monte Hares, que quer dizer monte de argila, em Ajalon e em Salebim, mas a mão da casa de José carregou sobre ele e tornou-o seu tributário.
36 Os limites do Amorreu eram desde a subida do Escorpião, e desde Sela para cima.
Capítulo 2 Ver capítulo
1 O anjo do Senhor subiu de Galgala ao lugar o (chamado) dos Chorosos, e disse: Eu vos tirei do Egipto e vos introduzi na terra, que eu tinha jurado a vossos pais (dar-vos), e prometi-vos não mais romper o pacto (que fiz) convosco,
2 com a condição, porém, de que não faríeis aliança com os habitantes desta terra, mas que destruiríeis os seus altares. Vós não quisestes ouvir a minha voz; por que fizestes isto?
3 Por esta razão eu não quis expulsá-los, à vossa frente, para que os tenhais por inimigos, e os seus deuses sejam a vossa ruína.
4 Ao dizer o anjo do Senhor estas palavras a todos os filhos de Israel, levantaram estes a sua voz e choraram.
5 Pelo que chamaram aquele lugar, o lugar dos Chorosos, ou das lágrimas, e ofereceram ali sacrifícios ao Senhor.
6 Josué despediu o povo, e os filhos de Israel foram cada um para a terra da sua herança, a fim de a ocuparem.
7 Serviram ao Senhor, durante todos os dias da vida de Josué, e dos anciães que lhe sobreviveram por largo tempo, e que tinham conhecido todas as obras que o Senhor fizera em favor de Israel.
8 Morreu Josué, filho de Nun, servo do Senhor, com cento e dez anos,
9 e sepultaram-no nos confins da sua possessão em Tamnatsare, sobre o monte de Efraim, ao norte do monte Gaas.
10 Toda aquela geração se foi unir a seus pais, e sucedeu-lhe outra que não conhecia o Senhor, nem as obras que tinha feito em favor de Israel.
11 E os filhos de Israel fizeram o mal diante do Senhor, serviram os Baalins,
12 e abandonaram o Senhor Deus de seus pais, que os tinha tirado da terra do Egipto; seguiram deuses estranhos, deuses dos povos, que habitavam em torno deles, e adoraram-nos; provocaram o Senhor à ira,
13 abandonando-o para servirem a Baal e a Astarot.
14 O Senhor, irado contra (os filhos de) Israel, entregou-os nas mãos dos saqueadores, que os tomaram e venderam aos inimigos, que habitavam ao redor; eles não puderam resistir aos seus adversários.
15 Para qualquer parte que quisessem ir, a mão do Senhor estava sobre eles, como lhes tinha dito e jurado, e viram-se em extremo aflitos,
16 O Senhor suscitou-lhes juízes, que os livrassem das mãos dos opressores, mas nem a eles quiseram ouvir,
17 prostituindo-se a deuses estranhos e adorando-os. Abandonaram depressa o caminho, por onde seus pais tinham andado, seguindo os mandamentos do Senhor; tudo fizeram ao contrário.
18 Quando o Senhor suscitava juízes, enquanto estes viviam, ele deixava-se dobrar da misericórdia, ouvia os gemidos dos aflitos e livrava-os da crueldade dos opressores.
19 Mas, depois que o juiz morria, reincidiam, faziam coisas muito piores do que tinham feito seus pais, seguindo os deuses estranhos, servindo-os e adorando-os. Não abandonaram os seus desatinos, nem o caminho duríssimo, por onde tinham costume de andar.
20 Acendeu-se, pois, contra Israel o furor do Senhor, e ele disse: Visto que este povo violou o pacto, que eu tinha feito com seus pais, e recusou ouvir a minha voz,
21 também eu não destruirei as nações (inimigas), que Josué deixou quando morreu, a fim de, por meio delas,
22 pôr à prova Israel, (para ver) se procura seguir ou não o caminho do Senhor, como seus pais procuraram.
23 Por isso o Senhor deixou todas estas nações, não as quis destruir logo, nem as entregou nas mãos de Josué.
Capítulo 3 Ver capítulo
1 Estas são as gentes que o Senhor deixou para provar por meio delas Israel, todos aqueles que não tinham conhecido as guerras dos Cananeus,
2 a fim de que as gerações de Israel aprendessem a combater contra os inimigos, se habituassem a pelejar:
3 os cinco sátrapas (ou príncipes) dos Filisteus, todos os Cananeus, os Sidónios e os Heveus, que habitavam no monte Líbano, desde o monte de Baal-Hermon até à entrada de Emat.
4 Deixou-os para provar por meio deles Israel, (para ver) se ele obedeceria ou não aos mandamentos que o Senhor tinha intimado a seus pais, por meio de Moisés.
5 Os filhos de Israel habitaram no meio dos Cananeus, dos Heteus, dos Amorreus, dos Ferezeus, dos Heveus e dos Jebuseus,
6 e tomaram por mulheres as suas filhas, e eles mesmos deram suas filhas aos filhos deles, e serviram os seus deuses.
7 Fizeram o mal, diante do Senhor, os filhos de Israel, e esqueceram-se do seu Deus, servindo aos Baalins e a Astarte.
8 Irado o Senhor contra Israel, entregou-os nas mãos de Chusan Basataim, rei da Mesopotâmia, a quem estiveram sujeitos oito anos.
9 (Então) clamaram ao Senhor, que lhes suscitou um salvador, que os livrou, isto é, Otoniel, filho de Cenez, irmão mais novo de Caleb.
10 O espírito do Senhor esteve nele, e julgou Israel. Saiu para a guerra, e o Senhor entregou-lhe nas mãos Chusan Basataim, rei da Síria, e derrotou-o.
11 O país ficou em paz durante quarenta anos, e Otoniel filho de Cenez morreu.
12 Os filhos de Israel recomeçaram a fazer o mal diante do Senhor, o qual deu força contra eles a Eglon, rei de Moab, porque tinham feito o mal na sua presença.
13 Eglon uniu-se com os filhos de Amon e de Amalec, avançou, derrotou Israel e apoderou-se da cidade das Palmeiras.
14 E os filhos de Israel serviram a Eglon, rei de Moab, durante dezoito anos.
15 Depois disto, clamaram ao Senhor, que lhes suscitou um salvador chamado Aod, filho de Gera, filho de Jemini, que era canhoto. Os filhos de Israel mandaram, por meio dele, presentes a Eglon, rei de Moab.
16 Aod mandou fazer para si um punhal de dois gumes, que tinha os copos da largura da palma da mão, e o cingiu debaixo das vestes no lado direito.
17 E ofereceu os presentes a Eglon, rei de Moab, que era em extremo gordo.
18 Depois de lhe ter oferecido os presentes, foi seguindo os companheiros, que tinham ido com ele.
19 Voltando de Galgala, onde estavam os ídolos, disse ao rei: Tenho que dizer-te, ó rei, uma palavra em segredo. O rei impôs-lhe silêncio, e, tendo saído todos os que o rodearam,
20 Aod aproximou-se do rei, que estava sentado só no seu quarto de verão, e disse-lhe: Tenho que dizer-te uma palavra da parte de Deus. O rei levantou-se logo do trono,
21 e Aod, estendendo a mão esquerda, tirou o punhal do lado direito e cravou-lho no ventre,
22 com tanta força que os copos entraram com a lâmina pela ferida, e ficou coberta pela muita gordura. E não tirou o punhal, mas, como o cravou, assim o deixou no corpo; e logo os excrementos do ventre saíram pelas sua vias naturais.
23 Aod, tendo fechado muito bem as portas do quarto, e deixando-as trancadas,
24 saiu pela galeria. Os criados do rei, quando entraram, viram fechadas as portas do quarto, e disseram: Talvez esteja satisfazendo alguma necessidade corporal no seu quarto de verão.
25 Mas, depois de esperarem muito tempo, ficaram alarmados e, vendo que ninguém abria, tomaram a chave, e, abrindo, encontraram o seu senhor morto estendido por terra.
26 Enquanto estavam nesta perturbação, Aod fugiu e passou pelo lugar dos ídolos, donde tinha voltado atrás, e chegou a Seirat.
27 Logo tocou a trombeta sobre o monte de Efraim, e os filhos de Israel desceram com ele, marchando ele na frente.
28 Disse-lhes: Segui-me, porque o Senhor entregou em nossas mãos os Moabitas, nossos inimigos. Desceram atrás dele e ocuparam os vaus do Jordão, por onde se vai a Moab, e não deixaram passar nenhum (Moabita).
29 Mataram naquela ocasião cerca de dez mil Moabitas, todos homens robustos e esforçados; nenhum deles pôde escapar.
30 Naquele dia ficou Moab humilhado, sob a mão de Israel, e o país ficou em paz durante oitenta anos.
31 Depois de Aod, Samgar, filho de Anat, matou seiscentos Filisteus com uma relha de arado, defendendo também ele Israel.
Capítulo 4 Ver capítulo
1 Os filhos de Israel tornaram a fazer o mal na presença do Senhor, depois da morte de Aod,
2 e o Senhor entregou-os nas mãos de Jabin, rei de Canaan, que reinou em Asor; este teve por general do seu exército um chamado Sisara, o qual habitava em Haroset das gentes.
3 Os filhos de Israel clamaram ao Senhor, porque Jabin tinha novecentos carros de ferro, e tinha-os oprimido com violência durante vinte anos.
4 Naquele tempo vivia Débora profetisa, mulher de Lapidot, a qual julgava o povo.
5 Sentava-se debaixo duma palmeira, que se chamava do seu nome, entre Rama e Betel, sobre o monte de Efraim, e os filhos de Israel iam ter com ela em todos os seus litígios.
6 Ela mandou chamar Barac, filho de Abinoem, (natural) de Cedes de Neftali, e disse-Ihe: O Senhor Deus de Israel ordena-te que vás e conduzas o exército ao monte Tabor, levando contigo dez mil combatentes dos filhos de Neftali e dos filhos de Zabulon.
7 Estando tu no lugar da torrente de Cison, eu farei que venham à tua presença Sisara, general do exército de Jabin, os seus carros e toda a sua gente, e tos entregarei nas mãos.
8 Barac disse-lhe: Se vieres comigo, irei; se não quiseres vir comigo, não irei.
9 Ela respondeu-lhe: Está bem, eu irei contigo, mas desta vez não te será atribuída a vitória, porque Sisara será entregue nas mãos duma mulher. Levantou-se, pois, Débora e partiu com Barac para Cedes.
10 Ele, chamando os de Zabulon e Neftali, marchou com dez mil combatentes, tendo Débora em sua companhia.
11 Ora Haber Cineu havia muito tempo que se tinha separado dos outros Cineus seus irmãos, filhos de Hobab, parente de Moisés, e tinha estendido as suas tendas até ao vale chamado Senim, e estava junto de Cedes.
12 Foi anunciado a Sisara que Barac, filho de Abinoem, tinha avançado até ao monte Tabor.
13 Sisara juntou novecentos carros de ferro, e fez marchar todo o exército desde Haroset das gentes até à torrente de Cison.
14 Débora disse a Barac: Levanta-te, porque este é o dia em que o Senhor entregou Sisara nas tuas mãos; eis que ele mesmo é o teu guia. Desceu pois Barac do monte Tabor, com os dez mil combatentes.
15 O Senhor desbaratou Sisara, e todos seus carros, toda a sua gente, que caíram ao fio da espada, logo que Barac se deixou ver, de tal sorte que Sisara, saltando do seu carro, fugiu a pé.
16 Barac foi seguindo os carros fugitivos e o exército até Haroset das gentes, e toda a multidão dos inimigos foi morta, sem escapar um só homem.
17 Entretanto Sisara fugindo chegou à tenda de Jael, mulher de Haber Cineu, porque havia paz entre Jabin, rei de Asor, e a casa de Haber Cineu.
18 Jael pois, saindo ao encontro de Sisara, disse-lhe: Entra, meu senhor; entra, não temas. Ele entrou na tenda e, coberto por ela com um manto,
19 disse-lhe: Peço-te que me dês um pouco de água, porque tenho muita sede. Ela abriu um odre de leite, deu-lhe de beber e cobriu-o.
20 Sisara disse-lhe: Põe-te à porta da tenda e, se alguém vier perguntar-te: Está aqui alguém? — responder-lhe-ás: Não está ninguém.
21 Jael, pois, mulher de Haber, tomou um prego da lenda, tomando também um martelo, e, entrando sem ser vista nem ouvida, aplicou o prego à fonte da cabeça de Sisara, e, dando com o martelo, cravou-o no cérebro até entrar pela terra; ele, profundamente adormecido, desfaleceu e morreu.
22 Quando chegou Barac em seguimento de Sisara, Jael, saindo-lhe ao encontro, disse-lhe: Vem, e eu te mostrarei o homem que procuras. Ele, entrando em casa dela, viu Sisara que jazia morto, e o prego encravado na sua fonte.
23 Naquele dia, pois, Deus humilhou Jabin, rei de Canaan, diante dos filhos de Israel,
24 os quais cresciam cada dia, e com mão forte oprimiam Jabin, rei de Canaan, até que o destruíram.
Capítulo 5 Ver capítulo
1 Naquele dia, Débora e Barac, filho de Abinoem, cantaram, dizendo:
2 ó vós (filhos) de Israel que expusestes voluntariamente as vossas vidas ao perigo, bendizei ao Senhor.
3 Ouvi, ó reis, escutai atentos, ó príncipes: Sou eu, eu sou a que cantarei ao Senhor, a que entoarei hinos ao Senhor Deus de Israel.
4 Senhor, quando tu saiste de Seir, e passaste pelas regiões de Edom, a terra estremeceu, e os céus e as nuvens desfizeram-se em água.
5 Os montes abalaram-se à vista do Senhor, e o Sinai diante da face do Senhor Deus de Israel.
6 Nos dias de Samgar, filho de Anat, nos dias de Jael, estavam desertos os caminhos, e aqueles que os percorriam, caminhavam por atalhos tortuosos.
7 Cessaram os valentes em Israel, e desapareceram até que se levantou Débora, ato que ela se levantou mãe em Israel.
8 Escolhiam-se novos deuses, a guerra estava à porta, e não se via escudo nem lança, entre os quarenta mil de Israel.
9 O meu coração ama os príncipes de Israel; vós os que voluntariamente vos expusestes ao perigo, bendizei ao Senhor.
10 Vós os que montais jumentas brancas os que vos sentais sobre tapetes, e os que andais pelos caminhos, cantai.
11 Aí onde foram quebrados os carros e se desbaratou o exército dos inimigos, (aí) sejam contadas as justiças do Senhor e a sua clemência para com os valentes de Israel; então o povo do Senhor desceu às portas, e alcançou o principado.
12 Levanta-te, levanta-te, ó Débora, levanta-te, levanta-te, e entoa um cântico; levanta-te, Barac, e toma os teus prisioneiros, ó filho de Abinoem.
13 Salvaram-se as relíquias do povo, o Senhor combateu entre os valentes.
14 Utilizou Efraim, para exterminar (os Cananeus) em Amalec, e serviu-se também de Benjamim contra os teus povos, ó Amalec: de Maquir desceram os príncipes, e de Zabulon os que comandaram o exército para combater.
15 Os capitães de Issacar foram com Débora, e seguiram as pisadas de Barac, o qual se lançou no perigo, como se fosse precipitado num abismo. Dividido Ruben contra si mesmo, levantou-se discórdia entre os seus homens de valor.
16 Por que habitas tu entre os dois termos (de Israel e dos seus inimigos), a ouvir os balidos dos rebanhos (em vez de ajudar os teus irmãos)? Dividido Ruben contra si mesmo, levantou-se discódia entre os seus homens de valor.
17 Galaad repousava na banda de além do Jordão, e Dan atendia às suas naus; Aser habitava na costa do mar e deixava-se estar nos seus portos.
18 Zabulon, porém, e Neftali expuseram-se à morte no país de Meromé.
19 Vieram os reis (inimigos) e combateram; os reis de Canaan combateram (contra Israel), em Tanac junto às águas de Magedo, mas não levaram presa alguma.
20 Combateu-se do céu contra eles; as estrelas, permanecendo na sua ordem e no seu curso, combateram contra Sisara.
21 A torrente de Cison arrastou os seus cadáveres, a torrente de Cadumim, a torrente de Cison. Calca, ó minha alma, estes valentes!
22 As unhas dos cavalos caíram com o ímpeto da fuga, e os mais robustos dos inimigos precipitaram-se uns sobre os outros.
23 Amaldiçoai a terra de Meroz, disse o anjo do Senhor; amaldiçoai os seus habitantes, porque não acudiram em auxílio (do povo) do Senhor, em auxílio dos seus valentes guerreiros.
24 Bendita seja entre as mulheres Jael, esposa de Haber Cineu, bendita seja na sua tenda.
25 Ela deu leite ao que lhe pedia água, e numa taça de príncipes ofereceu-lhe a nata.
26 Estendeu a mão esquerda a um prego, e a direita a um martelo de operário, e, buscando na cabeça lugar para a ferida, deu o golpe em Sisara, trespassando-lhe com força as fontes.
27 Caiu a seus pés, desfaleceu e expirou; contorceu-se a seu pés, e ficou estendido por terra exânime e miserável.
28 A mãe de Sisara, olhando pela janela, gritava, e do seu quarto dizia: Por que tarda em voltar o seu carro? Por que são tão pesados os pés dos seus quatro cavalos?
29 Mas uma de suas mulheres mais discreta do que as outras, respondeu à sogra estas palavras:
30 Talvez que a esta hora reparta os despojos, e escolha para si a mais formosa das cativas; vestidos de várias cores são dados dos despojos a Sisara, e várias jóias se lhe destinam para adorno do seu pescoço.
31 Assim pereçam, Senhor, todos os tens inimigos; os que porém te amam, brilhem como o sol quando nasce.
32 E (depois disto) esteve o país em paz durante quarenta anos.
Capítulo 6 Ver capítulo
1 Porém (morto Barac) os filhos de Israel tornaram a fazer o mal diante do Senhor, que os entregou durante sete anos nas mãos dos Madianitas,
2 pelos quais foram muito oprimidos. Por medo a Madian, fizeram para si covas e cavernas nos montes, e lugares muito fortes para resistirem.
3 Quando Israel tinha semeado, vinham os Mudinnitas, os Amalecitas e os outros povos orientais,
4 e, pondo as tendas junto deles, talavam tudo quanto ainda estava em erva (desde o Jordão) até à entrada de Gaza, e não deixavam aos Israelitas nada do necessário à vida, nem ovelhas, nem bois, nem jumentos.
5 Eles vinham com todos os seus rebanhos e tendas, como nuvem de gafanhotos, e casa multidão inumerável de homens e camelos cobria todas as coisas, destruindo tudo o que tocava.
6 Israel foi muito humilhado na presença dos Madianitas.
7 Quando os israelitas clamaram ao Senhor, pedindo socorro contra os Madianitas,
8 o Senhor mandou-lhes um profeta, que lhes disse; Eis o que diz o Senhor Deus de Israel: Eu vos fiz sair do Egipto e vos tirei da casa da escravidão,
9 livrei-vos do poder dos Egípcios e de todos os inimigos, que vos afligiam; lancei-os fora à vossa chegada e entreguei-vos a sua terra.
10 Nessa ocasião, disse-vos: Eu sou o Senhor vosso Deus, não temais os deuses dos Amorreus, em cuja terra habitais. E vós não quisestes ouvir a minha voz.
11 Depois (destas palavras) veio o anjo do Senhor e sentou-se debaixo de um terebinto, que havia em Efra e pertencia a Joás, pai da família de Ezri. Estando Gedeão, seu filho, sacudindo e limpando o trigo no lagar, para o esconder dos Madianitas,
12 o anjo do Senhor apareceu-Ihe e disse: O Senhor é contigo, valente herói.
13 Gedeão disse-lhe: Se o Senhor é connosco, peço-te, senhor meu, (que me digas) por que nos aconteceram todas estas coisas? Onde estão aquelas suas maravilhas, que nossos pais nos contaram, dizendo: O Senhor tirou-nos do Egipto? Agora o Senhor abandonou-nos e entregou-nos nas mãos do Madianitas.
14 Então (o anjo que representava) o Senhor olhou para ele e disse: Vai com essa tua força e livra Israel do poder dos Madianitas. Sabe que sou eu quem te manda.
15 Ele respondeu e disse: Diz-me, te peço, meu Senhor, como poderei eu livrar Israel? A minha família é a última de Manassés, e eu sou o menor na casa de meu pai.
16 O Senhor disse-lhe: Eu serei contigo, e tu derrotarás os Madianitas, como se fossem um só homem.
17 Ele replicou: Se eu achei graça diante de ti, dá-me um sinal por onde conheça que és tu quem me fala,
18 e não te vás daqui, antes que eu volte, trazendo um sacrifício, e to ofereça. Ele respondeu: Eu esperarei a tua volta.
19 Gedeão foi a sua casa, cozeu um cabrito e pães ázimos duma medida de farinha, e, pondo a carne num cesto e deitando o caldo da carne numa panela, levou tudo ao lugar debaixo do terebinto e ofereceu-lho.
20 O anjo do Senhor disse-lhe: Toma a carne e os pães ázimos, põe-nos sobre aquela pedra, e derrama-lhes por cima o caldo. Tendo-o assim feito Gedeão,
21 o anjo do Senhor estendeu a ponta da vara, que tinha na mão, tocou a carne e os pães ázimos, e saiu fogo da pedra, que consumiu a carne e os pães ázimos; e o anjo do Senhor desapareceu de seus olhos.
22 Vendo Gedeão que era um anjo do Senhor, disse: Ai de mim, Senhor meu Deus, que vi o anjo do Senhor face a face.
23 O Senhor disse-lhe: A paz seja contigo; não temas, não morrerás.
24 Gedeão edificou ali um altar ao Senhor, e chamou-o Paz do Senhor, (nome que conserva) até ao dia de hoje. Estando ele ainda em Efra, que pertence à família de Ezri,
25 naquela noite disse-lhe o Senhor: Toma o touro de teu pai, e outro touro de sete anos, e destruirás o altar de Baal que é de teu pai, e corta o aschera, que cerca o altar;
26 edificarás um altar ao Senhor teu Deus em cima desta pedra, sobre a qual puseste antes o sacrifício, e tornarás o segundo touro, e o oferecerás em holocausto sobre um monte da lenha, que terás cortado do aschera.
27 Gedeão, tendo tomado dez homens dos seus servos, fez o que o Senhor lhe tinha ordenado; porém, temendo a família de seu pai e os homens daquela cidade, não o quis fazer de dia, mas executou tudo de noite.
28 Os homens daquela cidade, tendo-se levantado pela manhã, viram o altar de Baal destruído, o aschera e o segundo touro posto sobre o altar, que acabava de ser erigido.
29 Disseram uns para os outros: Quem fez isto? Averiguando o autor da obra, foi-lhes dito: Gedeão, filho de Joás, fez todas estas coisas.
30 Disseram a Joás: Faz vir aqui teu filho, para que seja morto, porque destruiu o altar de Baal, e cortou o aschera.
31 Joás respondeu-Ihes: Porventura sois vós os vingadores de Baal, para combaterdes por ele? Aquele que é seu inimigo, morra antes que chegue o dia de amanhã; se ele é Deus, vingue-se daquele que destruiu o seu altar.
32 Daquele dia em diante Gedeão foi chamado Jerobaal, por Joás ter dito: Vingue-se Baal daquele que destruiu o seu altar.
33 Entretanto todos os Madianitas, os Amalecitas e os povos do oriente, se juntaram e, tendo passado o Jordão, acamparam no vale de Jezrael.
34 O espírito do Senhor apoderou-se de Gedeão, o qual, tocando a trombeta, convocou a casa de Abiezer, para que o seguisse.
35 E enviou mensageiros por toda a tribo de Manassés, que também o seguiu; e enviou outros mensageiros às tribos de Aser, de Zabulon e Neftali, que foram juntar-se com ele.
36 Gedeão disse a Deus: Se tu salvas Israel, por meio da minha mão, como disseste,
37 eu porei na eira este velo de lã; se o orvalho cair só no velo, e toda a terra ficar seca, reconhecerei nisso que salvarás Israel pela minha mão, como prometeste.
38 Assim sucedeu. Levantando-se, ainda de noite, espremeu o velo e encheu um vaso de orvalho.
39 Gedeão disse de novo a Deus: Não se acenda contra mim o teu furor, se eu ainda fizer outra prova, pedindo um sinal no velo. Peço que só o velo esteja seco, e toda a terra molhada de orvalho.
40 Naquela noite o Senhor fez como (Gedeão) lhe tinha pedido: só o velo ficou enxuto, havendo orvalho por toda a terra.
Capítulo 7 Ver capítulo
1 Jerobaal, que é Gedeão, levantando-se de noite acompanhado de todo o povo, foi à fonte chamada Harad. O acampamento dos Madianitas estava no vale, ao norte da colina de Moré.
2 O Senhor disse a Gedeão: Tens contigo muita gente, e Madian não será entregue na sua mão, para que Israel não se glorie contra mim, dizendo: Por minhas forças fui livre.
3 Fala ao povo e, de modo que todos ouçam, ordena: Aquele que é medroso e tímido, volte para trás. Retiraram-se do monte de Galaad e voltaram para trás vinte e dois mil homens do povo, e só ficaram dez mil.
4 O Senhor disse a Gedeão: Ainda é gente demais. Leva-os às águas, que lá os provarei: aquele que eu te disser que parta contigo, esse vá, e aquele a quem eu proibir, volte para trás.
5 Tendo o povo descido às águas, o Senhor disse a Gedeão: Porás a um lado os que lamberem a água com a língua, como os cães costumam lamber; e os que beberem de joelhos, estarão noutra parte.
6 Ora o número dos que lamberam a água, lançando-a com a mão à boca, foi de trezentos homens; todo o resto da gente tinha dobrado os joelhos para beber (mais comodamente).
7 O Senhor disse a Gedeão: Com os trezentos homens, que lamberam a água, vos livrarei, e entregarei nas tuas mãos os Madianitas; toda a outra gente volte para sua casa.
8 Gedeão, tomando víveres e trombetas à proporção do número, ordenou que toda a restante multidão se retirasse para as suas tendas. Ele com os trezentos homens saiu à batalha. O acampamento Madian estava embaixo, no vale.
9 Naquela mesma noite o Senhor disse-lhe: Levanta-te e desce ao acampamento (dos inimigos), porque eu os entregarei nas tuas mãos.
10 Todavia, se tens medo de ir só, vá contigo o teu criado Fara;
11 escutarás o que eles dizem, e então te confortarão as tuas mãos, e descerás com maior segurança ao acampamento dos inimigos. Desceu ele, com Fara seu criado, à parte do acampamento, onde estavam as sentinelas do exército (inimigo).
12 Os Madianitas, os Amalecitas e todos os povos do oriente, jaziam estendidos no vale, numerosos como gafanhotos; os camelos eram também inumeráveis, como a areia que há na praia do mar.
13 Quando lá chegou Gedeão, um deles estava a contar ao camarada o seu sonho, e deste modo lhe referia o que tinha visto: Tive um sonho, em que me parecia ver como que um pão de cevada, que rolava sobre o acampamento de Madian, e que, tendo chocado com uma tenda, a sacudiu com a pancada, e a lançou de todo por terra.
14 O outro, a quem ele falava, respondeu: Isto não é outra coisa senão a espada de Gedeão, filho de Joás, homem Israelita. O Senhor lhe entregou nas mãos Madian e todo o seu acampamento.
15 Gedeão, tendo ouvido este sonho e a sua interpretação, adorou (a Deus), voltou ao acampamento de Israel e disse: Levantai-vos, porque o Senhor nos entregou nas mãos o acampamento de Madian.
16 Dividiu os trezentos homens em três batalhões, pondo, nas mãos de cada um, uma trombeta e uma ânfora vazia, e, dentro desta, uma lanterna, acesa,
17 e disse-lhes: Fazei o mesmo que me virdes fazer. Quando eu chegar aos limites do acampamento, imitai o que eu fizer.
18 Quando soar a trombeta (que tenho) na mão, tocai também as vossas ao redor do acampamento, e gritai todos à uma: Pelo Senhor e por Gedeão
19 Gedeão e os cem homens, que o acompanhavam, chegaram aos limites do acampamento, ao princípio da vigília da meia-noite, quando se rendiam as sentinelas, e começaram a tocar as trombetas, e a quebrar as ânforas umas nas outras.
20 Os três batalhões, quebradas as ânforas, tomaram as luzes na mão esquerda, e, tocando as trombetas com as direita, gritaram juntos: A espada pelo Senhor e por Gedeão.
21 Conservaram-se, cada um no seu posto, ao redor do acampamento inimigo, e, nisto, todo o acampamento (dos Madianitas) se pôs em desordem, e, dando grandes gritos, fugiram.
22 Enquanto os trezentos homens continuavam a tocar as trombetas, o Senhor fez que todos os Madianitas voltassem a espada uns contra os outros,
23 e todo o acampamento fugiu até Betscta, e até aos confins de Abelmehula em Tebat. Os homens de Israel, das tribos de Neftali e de Aser, e todos os da tribo de Manassés, gritando juntos, perseguiam os Madianitas.
24 Gedeão enviou mensageiros por todo o monte de Efraim, dizendo: "Saí ao encontro dos Madianitas e ocupai as águas até Betbera, e até ao Jordão. Todo o Efraim pois gritou e antecipou-se a ocupar as águas, e (passos do) Jordão até Betbera.
25 Tendo apanhado dois dos Madianitas, Oreb e Zeb, mataram Oreb no penhasco de Oreb, e Zeb no lugar de Zeb. E perseguiram os Madianitas, levando as cabeças de Oreb e de Zeb a Gedeão, ao outro lado do rio Jordão.
Capítulo 8 Ver capítulo
1 Os homens de Efraim disseram-lhe: Que é isto que pretendes fazer, não nos chamando, quando ias pelejar contra os Madianitas? E increparam-no com violência.
2 Gedeão respondeu-lhes: Que coisa pude eu fazer semelhante ao que vós fizestes? Porventura não vale mais um cacho de Efraim, do que as vindimas de Abiezer?
3 O Senhor vos entregou nas mãos os príncipes de Madian, Oreb, e Zeb; que coisa pude eu fazer semelhante ao que vós fizestes? Dizendo isto, aplacou a ira de que estavam possuídos contra ele.
4 Gedeão, tendo chegado ao Jordão, passou-o com os trezentos homens que levava consigo; mas de cansados não podiam perseguir os fugitivos.
5 Disse pois aos moradores de Socot: Dai, vos peço, pão a esta gente, que trago comigo, porque estão muito cansados, a fim de podermos ir em alcance de Zebee e Salmana, reis de Madian.
6 Os príncipes de Socot responderam: Tens talvez já em teu poder as palmas das mãos de Zebee e de Salmana, para (te atreveres a) pedir (como vencedor) que demos pão ao teu exército?
7 Gedeão disse-lhes: Quando pois o Senhor me tiver entregado nas mãos Zebee e Salmana, eu vos moerei as carnes com os espinhos e abrolhos do deserto.
8 Saindo dali, foi a Fanuel, e falou do mesmo modo aos homens daquele lugar. Eles responderam-lhe como tinham respondido os de Socot.
9 (Gedeão) disse-lhes também: Quando eu voltar vitorioso, destruirei esta torre.
10 Entretanto Zebee e Salmana estavam descansando com todo o seu exército, uns quinze mil homens, que eram os que restavam de todo o exército dos filhos do Oriente, pois haviam sido mortos cento e vinte mil combatentes que manejavam a espada.
11 Gedeão, tomando o caminho dos que habitavam em tendas, na parte oriental do Nobe e de Jegbaa, destroçou o acampamento dos inimigos, que se davam por seguros e nada suspeitavam de adverso.
12 Zebee e Salmana fugiram, mas Gedeão, indo no seu alcance, prendeu-os depois de ter posto em desordem todo o seu exército.
13 Voltando Gedeão da batalha, pela subida de Hares,
14 tomou um jovem da gente de Socot, e perguntou-lhe os nomes dos chefes e anciães de Socot, e ele (o jovem) escreveu setenta e sete pessoas.
15 Foi a Socot, e disse-lhes: Eis aqui Zebee e Salmana, a respeito dos quais me escarnecestes, dizendo: Porventura estão já em teu poder as mãos de Zebee e de Salmana, para nos pedires que demos pão à tua gente, que está desfalecida?
16 Tomou pois os anciães da cidade e, com espinhos e abrolhos do deserto, castigou aqueles homens de Socot.
17 Destruiu também a torre de Fanuel, depois de ter morto os habitantes da cidade.
18 E disse a Zebee e a Salmana: Como eram aqueles homens, que vós matastes sobre o Tabor? Eles responderam: Semelhantes a ti; cada um deles parecia quase o filho dum rei.
19 Ele respondeu-lhes: Eram meus irmãos, filhos de minha mãe. Viva o Senhor, que, se vós lhes tivésseis salvado a vida, eu não vos mataria.
20 E disse a Jeter, seu primogênito: Levanta-te e mata-os. Porém ele não puxou pela espada, porque, como era ainda rapaz, tinha medo.
21 Zebee e Salmana disseram (a Gedeão): Vem tu mesmo e lança-te sobre nós, porque a força é proporcionada à idade. Gedeão levantou-se e matou Zebee e Salmana, e tomou os crescentes com que se costumam adornar os pescoços dos camelos dos reis.
22 Todos os homens de Israel disseram a Gedeão: Sê nosso príncipe, tu e teu filho, e o filho de teu filho, porque nos livraste da mão de Madian.
23 Ele respondeu-lhes: Nem eu, nem meu filho vos dominaremos, mas o Senhor terá domínio sobre vós.
24 E disse-lhes: Uma só coisa vos peço: Dai-me as argolas (do nariz) da vossa presa. Os inimigos, que eram Ismaelitas, costumavam trazer argolas de ouro.
25 Eles responderam: Nós tas daremos de muito boa vontade. E, estendendo no chão uma capa, lançaram nela as argolas havidas da presa.
26 O peso das argolas pedidas foi de mil e setecentos siclos de ouro, afora os ornamentos e colares, e vestidos de púrpura, que os reis de Madian costumavam usar, e afora as coleiras de ouro dos camelos.
27 Gedeão fez disto um éfode e o pôs na sua cidade de Efra. Isto deu ocasião a que todo o Israel idolatrasse, e foi a ruína de Gedeão e de toda a sua casa.
28 Foram humilhados os Madianitas diante dos filhos de Israel, e não puderam mais levantar cabeça. Todo o país ficou em paz durante os quarenta anos, que Gedeão governou.
29 Retirou-se Jerobaal, filho de Joás, e habitou em sua casa,
30 e teve setenta filhos, todos seus, porque tinha muitas mulheres.
31 Uma das suas mulheres secundárias, que estava em Siquem, deu-lhe à luz um filho, que foi chamado Abimelec.
32 Morreu Gedeão, filho de Joás, numa boa velhice, e foi sepultado no sepulcro de Joás, seu pai, em Efra, (cidade) da família de Ezri.
33 Depois que Gedeão morreu, os filhos de Israel voltaram as costas (a Deus) e contaminaram-se com Baal. Fizeram aliança com Baal, para que fosse seu deus,
34 e não se recordaram do Senhor, seu Deus, que os livrou das mãos de todos os seus inimigos que os cercavam,
35 nem usaram de piedade com a casa de Jerobaal, (isto é) de Gedeão, em reconhecimento de todos os benefícios que este tinha feito a Israel.
Capítulo 9 Ver capítulo
1 Abimelec, filho de Jerobaal, foi a Siquem ter com os irmãos de sua mãe e disse-lhes, assim como toda a parentela da casa do pai de sua mãe:
2 Dizei a todos os homens de Sequim: Qual é melhor para vós, serdes dominados por setenta homens, filhos todos de Jerobaal, ou por um só homem? Considerai também que eu sou vosso osso e vossa carne.
3 Os irmãos de sua mãe falaram dele a todos os homens de Siquem, referindo todas as palavras, e inclinaram o seu coração a favor de Abimelec, dizendo: É nosso irmão.
4 (Os Siquemitas) deram-lhe setenta siclos de prata do templo de Baalberit, com os quais tomou a seu soldo homens miseráveis e aventureiros, que o seguiram.
5 Foi à casa de seu pai, em Efra , e matou, sobre uma só pedra, os seus irmãos, filhos de Jerobaal, setenta homens; escapou somente Joatão, filho mais novo de Jerobaal, que se escondeu.
6 Então juntaram-se todos os Siquemitas, com todas as famílias da casa de Melo; vieram e constituiram rei a Abimelec, junto do terebinto, que havia em Siquém.
7 Tendo sido avisado disto Joatão, foi e parou sobre o cimo do monte Garizim, e levantando a voz, clamou, dizendo: Ouvi-me homens de Siquém, para que, assim, Deus vos ouça.
8 Foram (uma vez) as árvores, para eleger sobre si um rei, e disseram à oliveira: Reina sobre nós.
9 Mas ela respondeu: Porventura posso eu deixar o meu óleo, de que se servem os deuses e os homens, para vir a ser superior entre as árvores?
10 E as árvores disseram à figueira: Vem e reina sobre nós.
11 Mas ela respondeu-Ihes: Porventura posso eu deixar a minha doçura, os meus suavíssimos frutos, para ir ser superior entre as outras árvores?
12 E as árvores disseram à videira; Vem e reina sobre nós.
13 Mas ela respondeu-lhes: Porventura posso eu deixar o meu vinho, que alegra Deus (nos sacrifícios) e os homens, para ser superior entre as outras árvores?
14 E todas as árvores disseram ao espinheiro: Vem e reina sobre nós.
15 E ele respondeu-lhes: Se vós deveras me constituis vosso rei, vinde e repousai debaixo da minha sombra; mas, se o não quereis, saia fogo do espinheiro e devore os cedros do Líbano.
16 Agora pois, se, com rectidão e sem pecado, constituistes vosso rei a Abimelec, se vos portastes bem com Jerobaal e com a sua casa, correspondendo aos benefícios daquele que combateu por vós,
17 e que expôs a sua própria vida aos perigos, para vos livrar da mão de Madian,
18 — vós, que agora vos levantastes contra a casa de meu pai, matastes setenta homens seus filhos, sobre uma só pedra, e constituistes rei dos habitantes de Siquém a Abimelec, filho duma sua escrava, porque é vosso irmão, —
19 se, pois, procedestes com rectidão e sem pecado, com Jerobaal e com a sua casa, alegrai-vos hoje com Abimelec, e ele se alegre convosco.
20 Mas, se procedestes perversamente, saia fogo dele, e devore os habitantes de Siquém, e a cidade de Melo; e saia fogo dos homens de Siquém e da casa de Melo, e devore Abimelec.
21 Tendo dito estas palavras, fugiu e foi para Bera, onde habitou, por temer Abimelec, seu irmão.
22 Reinou Abimelec sobre Israel durante três anos,
23 mas o Senhor enviou um péssimo espírito entre Abimelec e os habitantes de Siquém, que se tornaram infiéis a Abimelech,
24 para que assim fosse vingado o crime da morte dos setenta filhos de Jerobaal, e o seu sangue caísse sobre Abimelec, seu irmão, e sobre os outros Siquemitas, que o tinham auxiliado.
25 Os homens de Siquém armaram contra ele ciladas no alto dos montes; e, enquanto ali esperavam que viesse, cometiam roubos, despojando os que passavam; e isto foi referido a Abimelec.
26 Ora Gaal, filho de Obed, foi com seus irmãos e passou a Siquém. À sua chegada, os habitantes de Siquém, animados,
27 saíram pelos campos, devastando as vinhas e calcando os cachos; (depois) formados coros de cantores, entraram no templo do seu deus, e, enquanto comiam e bebiam, amaldiçoavam Abimelec.
28 Gaal, filho de Obed, disse: Quem é Abimelec, e que (cidade) é Siquém, para que lhe estejamos sujeitos? Não é ele filho de Jerobaal, e não constituiu Zebul, seu servo, príncipe sobre os descendentes de Emor pai de Siquém? Por que razão pois o serviremos?
29 Oxalá que alguém me desse o mando deste povo, para eu exterminar Abimelec. E foi dito a Abimelec: Junta um exército numeroso, e vem.
30 Zebul, governador da cidade, tendo ouvido as palavras de Gaal, filho de Obed, ficou em extremo irado
31 e enviou secretamente mensageiros a Abimelec, a dizer-lhe: Gaal, filho de Obed, veio a Siquém com seus irmãos, e anda sublevando a cidade contra ti.
32 Portanto, sai de noite, com a gente que tens contigo, e deixa-te estar escondido no campo;
33 pela manhã cedo, ao nascer do sol, lança-te sobre a cidade; quando ele sair contra ti, com a sua gente, faz-lhe o que puderes.
34 Abimelech pois levantou-se de noite, com todo o seu exército, e pôs emboscadas em quatro lugares junto de Siquém.
35 Gaal, filho de Obed, saiu, e fez alto à entrada da porta da cidade. (Imediatamente) Abimelec saiu do lugar das emboscadas com todo o exército.
36 Quando Gaal viu aquela gente, disse a Zebul: Eis uma multidão que desce dos montes. Zebul respondeu-lhe: As sombras dos montes é que parecem homens: estás enganado com esta ilusão.
37 Gaal replicou: eis uma multidão que desce dos mais altos cimos, e um esquadrão que vem pelo caminho do Carvalho dos Adivinhos.
38 Zebul disse-lhe; Onde está agora a tua boca, com que dizias: Quem é Abimelec, para lhe estarmos sujeitos? Não é este povo que tu desprezavas? Sai e combate contra ele.
39 Saiu Gaal, à vista de todo o povo de Siquém, e combateu conta Abimelec,
40 que o foi seguindo na fuga e o constrangeu a entrar na cidade, tendo morrido muitos dos homens (de Gaal) até às portas dela.
41 Abimelec deteve-se em Ruma; Zebul porém lançou fora da cidade Gaal e os seus companheiros, que não puderam mais permanecer nela.
42 Ao outro dia o povo saiu ao campo. Tendo sabido isto Abimelec,
43 tomou o seu exército e dividiu-o em três batalhões, dispondo emboscadas nos campos. Ao ver que o povo saía da cidade, pôs-se em movimento e deu sobre eles,
44 com o seu batalhão, combatendo e sitiando a cidade; os outros dois batalhões perseguiam os (que estavam) dispersos pelo campo.
45 Abimelec durante todo aquele dia esteve combatendo a cidade; tomou-a e matou os seus habitantes; depois arrasou-a e semeou-a de sal.
46 Tendo ouvido isto os que habitavam na torre de Siquém retiraram-se para o templo do seu deus Berit.
47 Abimelec, ouvindo dizer que os homens da torre de Siquém estavam nela todos apinhados,
48 subiu ao monte Selmon com toda a sua gente. Tomando um machado, cortou um ramo da árvore, e, levando-o ao ombro, disse aos companheiros: Fazei depressa o que me vêdes fazer.
49 Cortando, pois, à porfia, ramos de árvores, seguiram o chefe. Cercando a fortaleza, puseram-lhe fogo, e assim aconteceu que, por causa do fumo e do fogo, morreram mil pessoas, tanto homens como mulheres, que habitavam na torre de Siquém.
50 Partindo dali Abimelec foi à cidade de Tebes, que sitiou e tomou.
51 Havia no meio da cidade uma torre alta, na qual se tinham refugiado tanto homens como mulheres, e todos os principais da cidade; fechada fortemente a porta, subiram ao alto da torre, para se defenderem.
52 Abimelec, chegando-se ao pé da torre, atacou-a e aproximou-se da porta, para lhe pôr fogo.
53 Então uma mulher, lançando de cima um pedaço de mó, feriu Abimelec na cabeça e fracturou-lhe o crânio.
54 Ele chamou imediatamente o seu escudeiro e disse-lhe: Desembainha a tua espada e mata-me, para que se não diga que fui morto por uma mulher. O jovem o trespassou, e Abimelec morreu.
55 Morto Abimelec, todos os filhos de Israel, que estavam com ele, voltaram para as suas casas.
56 Assim pagou Deus a Abimelec o mal que tinha feito a seu pai, matando os seus setenta irmãos.
57 E assim também foi pago aos Siquemitas o mal que tinham feito, e caiu sobre eles a maldição de Joatão, filho de Jerobaal.
Capítulo 10 Ver capítulo
1 Depois de Abimelec foi constituído chefe de Israel Tola, filho de Fua, filho de Dodo, homem (da tribo) de Issacar, que habitou em Samir do monte de Efraim.
2 Foi juiz de Israel durante vinte e três anos, e morreu, sendo sepultado em Samir.
3 A este sucedeu Jair Galaadita que foi juiz de Israel durante vinte e dois anos.
4 Tinha trinta filhos que montavam em trinta jumentinhos, e possuíam trinta cidades na terra de Galaad, as quais até ao dia de hoje foram chamadas do seu nome Havot Jair, isto é, cidades de Jair.
5 Jair morreu e foi sepultado no lugar chamado Camon.
6 Os filhos de Israel, juntando novos pecados aos velhos, fizeram o mal na presença do Senhor, adoraram os ídolos, Baal, Astarot, os deuses da Síria, de Sidónia, de Moab, dos filhos de Amon e dos Filisteus, e abandonaram o Senhor, não o servindo mais.
7 O Senhor, irado contra eles, entregou-os nas mãos dos Filisteus e dos filhos de Amon.
8 E todos os que habitavam na outra banda do Jordão, no território dos Amorreus, que é em Galaad, foram afligidos, cruelmente oprimidos durante dezoito anos.
9 Os filhos de Amon, tendo passado o Jordão, devastaram (as tribos de) Judá, de Benjamim e de Efraim , e Israel viu-se numa extrema aflição.
10 Clamando ao Senhor, disseram: Nós pecamos contra ti, porque abandonamos o Senhor nosso Deus e servimos (os ídolos de) Baal.
11 O Senhor disse-lhes: Porventura os Egípcios, os Amorreus, os filhos de Amon, os Filisteus,
12 e também os Sidónios, os Amalecitas e os Cinaneus, não vos oprimiram, e vós clamastes a mim, e eu não vos livrei das suas mãos?
13 E com tudo isto vós abandonastes-me, e servistes deuses estranhos; por isso não mais vos livrarei.
14 Ide e invocai os deuses que escolhestes; eles vos livrem ao tempo da angústia.
15 Mas os filhos de Israel disseram ao Senhor: Pecamos, faz tu de nós o que te parecer; somente livra-nos agora.
16 Dizendo estas coisas, lançaram fora de suas terras todos os ídolos dos deuses estranhos, e serviram ao Senhor Deus, que se compadeceu de suas misérias.
17 Os filhos de Amon com grande algazarra acamparam em Gaad; e os filhos de Israel, congregando-se contra eles, acamparam em Masfa.
18 O povo, os chefes de Galaad disseram uns para os outros: O primeiro de nós que começar a combater contra os filhos de Amon, será chefe do povo de Galaad.
Capítulo 11 Ver capítulo
1 Havia naquele tempo um homem de Galaad, chamado Jefté, muito valente e guerreiro, que era filho de Galaad e duma meretriz.
2 Galaad porém teve uma esposa (legítima), da qual teve filhos, os quais, depois de crescerem, lançaram fora Jefté, dizendo: Tu não podes ser herdeiro na casa do nosso pai, visto teres nascido de outra mãe (que não era mulher legítima).
3 Ele, fugindo e retirando-se deles, habitou na terra de Tob; alguns homens miseráveis, que viviam de latrocínios, agregaram-se a ele, e seguiam-no como a seu capitão (contra os inimigos de Israel).
4 Algum tempo depois, os filhos de Amon combatiam contra Israel.
5 Enquanto os filhos de Amon faziam guerra a Israel, os anciãos de Galaad foram buscar Jefté da terra de Tob, para seu auxilio,
6 e disseram-lhe: Vem, e sê o nosso chefe, e combate contra os filhos de Amon.
7 Mas ele respondeu-lhes: Não sois vós aqueles que me odiastes e que me lançastes fora da casa de meu pai? Por que vindes agora ter comigo constrangidos pela necessidade?
8 Os anciães de Galaad disseram a Jefté: Por isso mesmo viemos nós agora ter contigo, para que venhas ter connosco, e combatas contra os filhos de Amon, e sejas o chefe de todos os que habitam em Galaad.
9 Jefté disse-lhes: Se verdadeiramente viestes buscar-me, para que combata por vós contra os filhos de Amon, quando o Senhor o entregar nas minhas mãos, serei eu o vosso chefe?
10 Eles responderam-lhe: O Senhor que ouve estas coisas, seja o medianeiro e a testemunha de que cumpriremos as nossas promessas.
11 Foi pois Jefté com os de Galaad, e todo o povo o elegeu por seu príncipe. Jefté repetiu todas as palavras diante do Senhor em Masfa.
12 Jefté enviou embaixadores ao rei dos filhos de Amon, que lhe dissessem da sua parte: Que tens tu comigo, que vieste contra mim para devastar o meu país?
13 O rei respondeu-lhes: Porque Israel, vindo do Egipto, tomou o meu país, desde os confins do Arnon até Jaboc e até ao Jordão. Entrega-mo, portanto pacificamente.
14 Jefté enviou novamente os mesmos homens, mandando-lhes que dissessem ao rei de Amon:
15 Isto diz Jefté: Israel não tomou a terra de Moab, nem a terra dos filhos de Amon.
16 Com efeito, quando saiu do Egipto, andou pelo deserto até ao Mar Vermelho, chegou a Cades,
17 e então enviou embaixadores ao rei de Edom, dizendo-lhe: Deixa-me passar pela tua terra. Ele não quis condescender com os seus pedidos. Mandou também embaixadores ao rei de Moab, o qual também lhe não quis dar passagem. Deteve-se pois em Cades,
18 e rodeou, a seguir, a terra de Edom e a terra de Moab; chegando à parte oriental da terra de Moab, acampou da outra banda de Arnom, e não quis entrar nos confins de Moab, porque Arnon é a fronteira da terra de Moab.
19 Enviou, daí, Israel embaixadores a Seon, rei dos Amorreus, que habitava em Hesebon, que lhe disseram: Deixa-nos passar pelo teu pais até ao rio.
20 Porém ele, desprezando também as palavras de Israel, não o deixou passar pelo seu território, mas, tendo juntado uma inumerável multidão, saiu contra ele, em Jasa, e atacou-o.
21 Todavia o Senhor entregou-o com todo o sou exército nas mãos de Israel, que o desbaratou, e conquistou toda a terra do Amorreu, que habitava naquela região,
22 e todos os seus limites, desde o Arnon até Jaboc, e desde o deserto até ao Jordão.
23 Agora que o Senhor Deus de Israel destruiu os Amorreus, pelejando contra eles o seu povo do Israel, tu pretendeste possuir a sua terra?
24 Porventura não te é devido por direito tudo o que te deu a possuir o teu Deus Camos? Logo também ficará em nossa posse o que o Senhor nosso Deus alcançou com a vitória,
25 a não ser que tu sejas de melhor condição do que Balac, filho de Sefor, rei de Moab. Porventura ele teve contendas com Israel, ou combateu contra ele,
26 enquanto Israel habitou Hesebou e em suas aldeias, em Aroer e em suas aldeias, e em todas as cidades vizinhas do Jordão, por espaço de trezentos anos? Por que razão em um tão largo tempo não fizestes vós diligência alguma para lhe tirar essas terras?
27 Não sou eu pois que faço injúria a ti, mas és tu que a fazes a mim, declarando-me uma guerra injusta. O Senhor, que é árbitro, decida hoje isto entre Israel e os filhos de Amon.
28 Porém o rei dos filhos de Amon não quis atender as palavras que Jefté lhe mandara dizer pelos embaixadores.
29 O espírito do Senhor foi sobre Jefté, e ele, dando volta por Galaad, pelo país de Manassés e por Masfa de Galaad, e, passando dali até aos filhos de Amon,
30 fez um voto ao Senhor, dizendo: Se entregares nos minhas mãos os filhos de Amon,
31 a primeira pessoa, seja ela qual for que sair das portas de minha casa, o vier ao meu encontro, quando eu voltar vitorioso dos filhos de Amon, eu a oferecerei ao Senhor em holocausto.
32 Jefté avançou contra os filhos de Amon a combater contra eles, e o Senhor entregou-os nas suas mãos.
33 Jefté fez uma grande mortandade em vinte cidades, desde Aroer até Menit e até Abel-Keramin, e foram humilhados os filhos de Amon pelos filhos de Israel.
34 Ora, voltando Jefté para sua casa em Masfa, sua filha única, porque não tinha outros filhos, saiu-lhe ao encontro com tímpanos e danças.
35 Quando a viu, rasgou as suas vestes e disse: Ai de mim, minha filha, que me causas uma extrema aflição e pertences ao número daqueles que causam a minha infelicidade! porque eu abri a minha boca (fazendo um voto) ao Senhor, e não poderei fazer outra coisa.
36 Ela respondeu-lho: Meu pai, se abriste a tua boca (fazendo um voto) ao Senhor, faze de mim o que prometeste, pois que te concedeu a vingança e a vitória de teus inimigos.
37 E disse (mais) a seu pai: Concede-me somente o que te peço: Deixa-me que vá pelos montes durante dois meses, e que chore a minha virgindade com as minhas companheiras.
38 Ele respondeu-lhe: Pois vai. E deixou-a ir durante dois meses. Tendo ido com as suas companheiras e amigas, chorava a sua virgindade pelos montes.
39 Passados os dois meses, voltou para seu pai, e ele cumpriu o voto que tinha feito. Ela não tinha conhecido varão.
40 Daqui veio o costume em Israel, que se tem conservado: Uma vez cada ano juntam-se as filhas do Israel, e choram durante quatro dias a filha de Jefté, o Galaadita.
Capítulo 12 Ver capítulo
1 Levantou-se uma sedição na tribo de Efraim.(Os desta tribo), passando para o setentrião, disseram a Jefté: por que razão, indo tu combater contra os filhos do Amon, não quiseste chamar-nos para irmos contigo? Por isso queimaremos a tua casa.
2 Ele respondeu-lhes: Eu e o meu povo estávamos metidos numa grande contenda com os filhos de Amon; chamei-vos, para que mo désseis socorro, e vós não o quisestes fazer.
3 Vendo isto, arrisquei a minha vida e marchei contra os filhos de Amon, e o Senhor entregou-os nas minhas mãos. Em que é que eu mereci que vos levanteis contra mim a fazer-me guerra?
4 Convocados todos os homens de Galaad, combateu contra Efraim, e os homens de Galaad derrotaram Efraim, porque este tinha dito: Galaad é um fugitivo de Efraim, e habita entre Efraim e Manassés.
5 Os Galaaditas ocuparam os vaus do Jordão, por onde Efraim havia de voltar. Quando algum fugitivo de Efraim chegava a eles e dizia: Peço-vos que me deixeis passar — os Galaaditas respondiam-lhe: Acaso és tu efraimita? Se ele respondesse: Não sou —
6 replicavam-Ihe: Dize pois Schibolet, que significa espiga. Ele pronunciava Sibolet, não podendo exprimir a palavra espiga com as mesmas letras. Imediatamente preso, degolavam-no na mesma passagem do Jordão. Naquele tempo morreram quarenta e dois mil homens de Efraim.
7 Jefté Galaadita julgou Israel durante seis anos; depois morreu, e foi sepultado na sua cidade de Galaad.
8 Depois deste, foi juiz de lsrael Abesan, de Belém,
9 O qual teve trinta filhos, e outras tantas filhas, que casou fora de sua casa; fez vir de fora e recebeu em sua casa igual número de mulheres como esposas dos seus filhos. Julgou Israel durante sete anos.
10 Morreu, e foi sepultado em Belém.
11 Sucedeu-lhe Aialon Zabulonita, que julgou Israel durante dez anos.
12 Morreu, e foi sepultado em Zabulon.
13 Depois deste, foi juiz de Israel Abdon, filho de Del, de Faraton,
14 que teve quarenta filhos e trinta netos, que montavam em setenta jumentos, e julgou Israel durante oito anos.
15 Morreu, e foi sepultado em Faraton, na terra de Efraim, sobre o monte de Amalec.
Capítulo 13 Ver capítulo
1 Os filhos de Israel tornaram a fazer o mal na presença do Senhor e ele os entregou nas mãos dos Filisteus durante quarenta anos.
2 Ora havia um homem de Saraa, da linhagem de Dan, chamado Manué, cuja mulher era estéril,
3 à qual apareceu o anjo do Senhor, e lhe disse: Tu és estéril e sem filhos, mas conceberás e darás à luz um filho.
4 Toma cuidado, não bebas vinho nem coisa que possa embriagar, nem comas coisa alguma impura,
5 porque conceberás e darás à luz um filho, cuja cabeça não será tocada por navalha, pois que ele será Nazareno de Deus, desde o ventre de sua mãe, e será o primeiro a livrar Israel das mãos dos Filisteus.
6 Ela indo ter com seu marido, disse-lhe: Veio ter comigo um homem de Deus, que tinha um rosto de anjo, em extremo terrível. Não lhe perguntei donde tinha vindo, nem ele me deu a conhecer o seu nome,
7 mas disse-me: Conceberás e darás à luz um filho; toma cuidado, não bebas vinho nem coisa que possa embriagar, e não comas coisa alguma impura, porque o menino será Nazareno de Deus, desde o ventre de sua mãe até ao dia da sua morte.
8 Então Manué fez oração ao Senhor, dizendo: Peço-te, Senhor, que o homem de Deus, que enviaste, venha outra vez, e nos ensine o que devemos fazer acerca do menino, que há-de nascer.
9 O Senhor ouviu a oração de Manué, e o anjo de Deus apareceu de novo à sua mulher, estando sentada no campo. Não estava com ela seu marido Manué. Ela, tendo visto o anjo,
10 imediatamente correu a dar a seu marido a notícia, dizendo: Eis que me apareceu o homem, que eu tinha visto antes.
11 Ele levantou-se, seguiu sua mulher, e, tendo chegado ao homem, disse-Ihe: És tu que falaste a esta mulher? Ele respondeu: Sou eu.
12 Manué disse-lhe: Quando se tiver cumprido a tua palavra, que queres tu que faça o menino? ou de que coisa se deverá ele abster?
13 O anjo do Senhor respondeu a Manué: Abstenha-se tua mulher de tudo o que eu lhe disse:
14 não coma nada do que nasce da vinha; não beba vinho, nem coisa que possa embriagar; não coma coisa alguma impura; observe e cumpra o que lhe ordenei.
15 Manué disse ao anjo do Senhor: Rogo-te que condescendas com minhas súplicas, e que te preparemos um cabrito.
16 O anjo respondeu-lhe: Ainda que me faças violência, não comerei do teu pão, mas, se queres fazer um holocausto, oferece-o ao Senhor. Manué, que não sabia que era o anjo do Senhor,
17 disse-lhe: Qual é o teu nome, para que, cumprida que seja a tua palavra, nos te honremos?
18 O anjo respondeu-lhe: Porque perguntas tu o meu nome, que é admirável (ou incompreensível)?
19 Tomou pois Manué o cabrito e as libações, e pô-lo sobre a pedra, oferecendo-o ao Senhor, que operou um prodígio, aos olhos de Manué e de sua mulher.
20 Quando a chama do altar subiu ao céu, subiu também o anjo do Senhor junto com a chama. À vista disto, Manué e sua mulher caíram com os rostos por terra,
21 e não lhes apareceu mais o anjo do Senhor. Manué compreendeu logo que era o anjo do Senhor,
22 e disse para sua mulher: Certamente morreremos, porque vimos Deus.
23 A mulher respondeu-lhe: Se o Senhor nos quisesse matar, não teria recebido de nossas mãos o holocausto e as libações, nem nos teria mostrado todas estas coisas, nem nos teria dito o que está para acontecer.
24 Ela deu à luz um filho e pôs-lhe o nome do Sansão. O menino cresceu, e o Senhor o abençoou.
25 E o espírito do Senhor começou a ser com ele no campo de Dan entre Saraa e Estaol.
Capítulo 14 Ver capítulo
1 Sansão desceu a Tamnata e, tendo ali visto uma mulher das filhas dos Filisteus,
2 voltou, e falou a seu pai e a sua mãe, dizendo: Vi em Tamnata uma mulher das filhas dos Filisteus; rogo-vos que a tomeis para ser minha esposa.
3 Seu pai e sua mãe disseram-lhe: Porventura não há mulheres entre as filhas de teus irmãos, entre todo o nosso povo, para que tu queiras casar com uma dentre os Filisteus, que são incircuncidados? Sansão disse a seu pai: Toma esta para mim, porque agradou aos meus olhos.
4 Seus pais não sabiam que isto se fazia por disposição do Senhor, e que ele buscava uma ocasião contra os Filisteus, porque naquele tempo os Filisteus dominavam sobre Israel.
5 Sansão, com seu pai e sua mãe, foi a Tamnata. Quando chegaram às vinhas da cidade, apareceu um leão novo feroz, rugindo, que arremeteu contra ele.
6 O espírito do Senhor apossou-se de Sansão, e ele despedaçou o leão, fazendo-o em bocados, como se fora um cabrito, sem ter coisa alguma na mão; e não quis contar isto a seu pai nem a sua mãe.
7 Depois desceu e falou com a mulher que tinha agradado aos seus olhos.
8 Voltando, alguns dias depois, para casar com ela, afastou-se do caminho para ver o cadáver do leão, e reparou que na boca do leão estava um enxame de abelhas e um favo de mel.
9 Tomando-o nas mãos, ia-o comendo pelo caminho; quando chegou onde estavam seu pai e sua mãe, deu-lhes uma parte, que eles também comeram, mas não lhos quis dizer que tinha tirado aquele mel do corpo do leão.
10 Foi, pois, seu pai a casa da mulher, onde Sansão deu um banquete, porque assim o costumavam fazer os jovens (noivos).
11 Tendo-o visto os habitantes daquele lugar, deram-lhe trinta companheiros para estarem com ele.
12 Sansão disse-lhes: Propor-vos-ei um enigma; se vós souberdes decifrá-lo dentro dos sete dias da boda, dar-vos-ei trinta túnicas e outras tantas vestes de festa;
13 mas, se o não souberdes decifrar, dar-me-eis a mim trinta túnicas e outras tantas vestes de festa. Eles responderam-lhe: Propõe o enigma, para que o ouçamos.
14 Ele disse-lhes: Do que come saiu comida, e do forte saiu doçura. Eles durante três dias não puderam decifrar o enigma.
15 Aproximando-se o dia sétimo, disseram à mulher de Sansão: Acaricia o teu marido e faz que ele te descubra o que significa o enigma; se o não quiseres fazer, queimar-te-emos a ti e à casa do teu pai; porventura nos convidastes vós para as bodas a fim de nos despojardes?
16 Ela punha-se a chorar junto de Sansão, e queixava-se dizendo: Tu odeias-me, não me amas, por isso não queres declarar-me o enigma, que propuseste aos filhos do meu povo. Ele respondeu: Eu não o quis descobrir a meu pai e a minha mãe, e poderei declará-lo a ti?
17 Ela pois chorava diante dele durante os sete dias da boda; enfim, ao sétimo dia, sendo-lhe ela importuna, declarou-lho. Ela imediatamente o descobriu nos seus compatriotas.
18 E eles, no sétimo dia, antes de se pôr o sol, disseram-lhe: Que coisa é mais doce que o mel, e que coisa é mais forte que o leão? Ele disse-lhes: Se vós não tivésseis lavrado com a minha novilha, não teríeis decifrado o meu enigma.
19 Apoderou-se dele o espírito do Senhor, e foi a Ascalon. Matou lá trinta homens, e, tirados os seus despojos, deu as trinta vestes de festa aos que tinham decifrado o enigma. Sobremaneira irado, voltou para casa de seu pai.
20 Entretanto sua mulher (julgando-se abandonada), casou-se com um dos amigos e companheiros dele nas bodas.
Capítulo 15 Ver capítulo
1 Algum tempo depois, estando já próximos os dias da ceifa do trigo, querendo Sansão visitar sua mulher (para se reconciliar com ela), foi e levou-lhe um cabrito. Ao querer entrar como costumava na sua câmara, o pai dela o impediu, dizendo:
2 Eu julguei que a odiasses, e por isso a dei a um teu amigo; mas ela tem uma irmã, que é mais nova e mais formosa do que ela. Toma-a por mulher em seu lugar.
3 Sansão respondeu-lhe: De hoje em diante não poderão os Filisteus queixar-se de mim, se eu lhes fizer mal.
4 Partiu, tomou trezentas raposas, prendeu-as, duas a duas, pelas caudas, e no meio das caudas atou fachos.
5 Chegou-lhes fogo e largou-as, a fim de que corressem para todos os lados. Elas meteram-se logo por entre as searas dos Filisteus. Incendiadas estas, queimaram-se tanto os trigos enfeixados, como os que ainda estavam por segar, de tal modo que também as vinhas e os olivais foram consumidos pelas chamas.
6 Os Filisteus disseram: Quem fez isto? Foi-lhes dito: Foi Sansão, genro de Tamnateu, porque este lhe tirou sua mulher e a deu a outro. E foram os Filisteus e queimaram tanto a mulher como seu pai.
7 Sansão disse-lhes: Não obstante terdes feito isto, eu ainda assim tirarei vingança de vós, e depois sossegarei.
8 E fez neles um grande destroço. A seguir, descendo (dali), habitou na caverna do rochedo de Etão.
9 Tendo ido os Filisteus à terra de Judá, acamparam num lugar, que depois se chamou Lequi, que quer dizer queixada, onde o seu exército foi desbaratado.
10 Os da tribo de Judá disseram-lhes: Por que viestes contra nós? Eles responderam: Viemos prender Sansão e pagar-lhe o que fez contra nós.
11 Então foram três mil homens da tribo de Judá à caverna do rochedo de Etão, e disseram a Sansão: Tu não sabes que estamos sujeitos aos Filisteus? Por que quiseste pois fazer-lhes isto? Ele respondeu-lhes: Eu fiz-lhes como eles me fizeram a mim.
12 Nós viemos, disseram eles, para te prender, e para te entregar nas mãos dos Filisteus. Jurai-me, disse-lhes Sansão, e prometei-me que não me haveis de matar.
13 Eles responderam: Não te mataremos, mas entregar-te-emos ligado. Ligaram-no pois com duas cordas novas, e tiraram-no do rochedo de Etão.
14 Chegando ao lugar da Queixada, e, saindo-lhe ao encontro os Filisteus com gritos, apoderou-se dele o Espírito do Senhor, e como o linho costuma consumir-se ao cheiro do fogo, assim as cordas, com que estava ligado, foram quebradas o desfeitas (por ele).
15 E, encontrando uma queixada fresca dum jumento, que jazia ali, tomando-a, matou com ela mil homens.
16 Sansão disse: Com a queixada dum jumento os (inimigos) derrotei, com a mandíbula dum jumento mil homens matei.
17 Logo que acabou de cantar estas palavras, lançou a queixada da mão, e chamou àquele lugar Ramatlequi (que significa elevação da queixada).
18 Sentindo muita sede, clamou ao Senhor, dizendo: Tu foste o que salvaste o teu servo e que lhe deste esta grandíssima vitória: eis que morro de sede, e cairei nas mãos dos incircuncidados.
19 Então Deus fendeu a rocha côncava, que existe em Lequi, e dela brotou água. Sansão, bebendo dela, recobrou alento e recuperou as forças. Por isso foi aquele lugar chamado até ao dia de hoje Fonte do que invoca saída da queixada.
20 Sansão julgou Israel durante vinte anos nos dias (da dominação) dos Filisteus.
Capítulo 16 Ver capítulo
1 Sansão foi a Gaza, viu lá uma mulher meretriz, e entrou em casa dela.
2 Tendo ouvido os Filisteus que Sansão havia entrado na cidade, cercaram-no, pondo guardas às portas da cidade, esperando-o ali toda a noite em silêncio, para o matarem pela manhã, ao sair.
3 Sansão porém dormiu até à meia-noite; depois, levantando-se, pegou em ambos os batentes da porta com os seus postes e fechaduras, e, pondo-os às costas, levou-os até ao alto do monte que olha para Hebron.
4 Depois disto amou uma mulher, que habitava no vale de Sorec e se chamava Dalila.
5 Os príncipes dos Filisteus foram ter com ela e disseram-lhe: Procura, pela sedução, saber donde lhe vem tanta força e de que modo o poderemos vencer e castigar depois de atado; se fizeres isto, cada um de nós te dará mil e cem moedas de prata.
6 Dalila disse pois a Sansão: Dize-me, te peço, em que consiste esta tua tão grande força, e que coisa haverá com a qual estando tu ligado não possas escapar-te?
7 Sansão respondeu-lhe: Se eu for ligado com sete cordas frescas e ainda húmidas, ficarei tão fraco como os outros homens.
8 Os príncipes dos Filisteus trouxeram-lhe sete cordas, como ela tinha dito, com as quais ela o atou.
9 Estando eles de emboscada escondidos na sua casa, e esperando na câmara o êxito da traição, ela gritou: Sansão, os Filisteus estão sobre ti. Ele quebrou as cordas, como se quebra um cordão de estopa, mal se lhe chega o fogo. E não se pôde conhecer em que consistia a sua força.
10 Dalila disse-lhe: Zombaste de mim, não disseste a verdade; ao menos agora descobre-me com que deves ser atado.
11 Ele respondeu-lhe: Se me atarem com umas cordas novas, que ainda não tenham servido, ficarei sem força, semelhante aos outros homens.
12 Dalila atou-o com elas, e gritou: Sansão, os Filisteus estão sobre ti. Eles (os filisteus) tinham preparado ciladas numa câmara. Mas ele quebrou as cordas como se fossem um fio.
13 Dalila tornou-lhe a dizer: Até quando me hás-de, tu enganar, e dizer falsidades? Descobre-me como deves ser atado. Sansão respondeu-lhe: Se entreteceres as sete tranças da minha cabeça com os liços da teia, se o tares isto a um prego e cravares este na terra, ficará, sem forças.
14 Dalila, tendo feito isto, disse-lhe: Sansão, os Filisteus estão sobre ti. Ele, despertando do sono, arrancou o prego com os cabelos e os liços.
15 Dalila disse-lhe: Como dizes tu que me amas, quando o teu coração não está comigo? Já me mentiste por três vezes, e nunca me quiseste dizer em que consiste a tua grandíssima força,
16 Como ela o importunasse, insistindo incessantemente nos seus pedidos, todos os dias, até lhe produzir um tédio mortal,
17 ele, abrindo, de par em par, o seu coração, disse-lhe: Sobre a minha cabeça nunca passou navalha, porque sou nazareno, isto é, consagrado a Deus desde o ventre de minha mãe; se me for rapada a cabeça, ir-se-á de mim a minha força, eu desfalecerei e serei como os outros homens.
18 Vendo ela que Sansão lhe tinha patenteado todo o seu coração, mandou dizer aos príncipes dos Filisteus: Vinde, porque, desta vez, ele me descobriu agora o seu coração. E eles foram, levando o dinheiro que lhe tinham prometido.
19 Ela fê-lo adormecer sobre os seus joelhos, e reclinar a cabeça no seu seio. Chamou um barbeiro para lhe cortar as sete tranças, e começou a dominá-lo, pois imediatamente se foi dele a força.
20 E disse: Sansão, os Filisteus estão sobre ti. Despertando ele do sono, disse em seu coração: Sairei, como antes fiz, e me desembaraçarei deles — não sabendo que o Senhor se tinha retirado dele.
21 Os Filisteus, tendo-o tomado, tiraram-lhe logo os olhos, levaram-no a Gaza, prenderam-no com uma dupla cadeia de bronze, e, encerrando-o no cárcere, o fizeram girar a mó.
22 Entretanto os seus cabelos já lhe tinham começado a crescer,
23 quando os príncipes dos Filisteus se juntaram para oferecerem um grande sacrifício ao seu deus Dagão, e para se banquetearem, dizendo: O nosso deus entregou em nossas mãos o nosso inimigo Sansão.
24 Também o povo, vendo isto, louvava o seu deus e dizia o mesmo: O nosso deus entregou em nossas mãos o nosso adversário, que devastou a nossa terra e matou muitos.
25 Quando o seu coração se alegrou, depois de terem comido bem, mandaram que fosse chamado Sansão, para que os divertisse. Tirado da cárcere, Sansão foi obrigado a dançar diante deles. Tinham-no posto entre as colunas.
26 Ele disse para o jovem que o guiava: Deixa que eu toque as colunas, em que se sustém toda a casa, e que me encoste a elas.
27 A casa estava cheia de homens e mulheres, e estavam ali todos os príncipes dos Filisteus; havia cerca de três mil pessoas de um e outro sexo, que do tecto e do pavimento estavam vendo Sansão que dançava.
28 Ele, porém, invocando o Senhor, disse: Senhor Javé, lembra-te de mim e torna-me a dar agora a minha primeira força, ó Deus meu, para me vingar dos meus inimigos e fazer pagar duma só vez a perda dos meus dois olhos.
29 (Então), agarrando as duas colunas em que a casa se sustinha, pegando numa com a mão direita e noutra com a esquerda,
30 disse: Morra eu com os Filisteus. Tão fortemente sacudiu as colunas, que a casa caiu sobre todos os príncipes, e o resto da multidão que ali estava; e foram muitos mais os que matou ao morrer, do que os que matara quando vivo.
31 Vindo seus irmãos e toda a sua parentela, tomaram o seu corpo, o sepultaram-no entre Saraa e Estaol, no sepulcro de seu pai Manué. Foi juiz de Israel durante vinte anos.
Capítulo 17 Ver capítulo
1 Naquele tempo houve um homem do monte de Efraim, chamado Micas,
2 o qual disse a sua mãe: Os mil e cem siclos de prata, que te roubaram, e pelos quais lançaste uma maldição que eu tive de ouvir..., estão em meu poder: fui eu que os roubei. Ela respondeu-lhe: Abençoado seja o meu filho pelo Senhor.
3 Entregou-os pois a sua mãe, a qual lhe tinha dito: Quero consagrar este dinheiro ao Senhor, para que meu filho o receba da minha mão, e faça com ele uma imagem de escultura e outra de fundição; e agora to dou.
4 Quando ele entregou (o dinheiro) a sua mãe, ela tomou duzentos siclos de prata e deu-os a um ourives, para fazer deles uma imagem de escultura e outra de fundição, que ficaram em casa de Micas.
5 Este reservou na casa uma edícula para Deus, fez um éfode e uns terafins, isto é, uma vestidura sacerdotal, e ídolos, e consagrou um de seus filhos, o qual lhe serviu de sacerdote.
6 Naquele tempo não havia rei em Israel, mas cada um fazia e que lhe parecia melhor.
7 Houve também outro jovem de Belém de Judá, da mesma parentela, o qual era Levita, e habitava ali.
8 Tendo saído da cidade de Belém, quis ir para onde achasse maior comodidade. Chegado ao monte Efraim, seguindo o seu caminho, foi ter à casa de Micas.
9 Este perguntou-lhe donde vinha. Ele respondeu: Sou um Levita de Belém de Judá, e vou habitar onde puder, onde vir que me faz conta.
10 Micas disse-lhe: Fica comigo, sê para mim pai e sacerdote, e dar-te-ei cada ano dez siclos de prata, duas vestes e o que te for necessário para sustento.
11 Condescendeu e ficou em casa dele, que o tratou como um de seus filhos.
12 Micas encheu a mão do levita, e teve consigo este jovem como sacerdote,
13 dizendo: Agora sei que Deus me fará bem, tendo eu um sacerdote da linhagem de Levi.
Capítulo 18 Ver capítulo
1 Naqueles dias não havia rei em Israel, e a tribo de Dan buscava uma possessão para habitar nela, porque até então não tinha recebido a sua sorte entre as outras tribos.
2 Os filhos de Dan enviaram de Saraa e de Estaol cinco homens fortíssimos da sua família, para explorarem e reconhecerem cuidadosamente o país, e disseram-lhes: Ide e examinai o país. Postos a caminho, chegaram ao monte Efraim, e entraram em casa de Micas, e nela descansaram.
3 Perto da casa de Micas, reconheceram a voz do jovem Levita e, aproximando-se dele, disseram-lhe: Quem te trouxe aqui? que fazes aqui? por que causa quiseste vir a este lugar?
4 Ele respondeu-lhes: Micas fez-me isto e isto, e assalariou-me para ser seu sacerdote.
5 Eles pediram-lhe que consultasse o Senhor, para poderem saber se a sua jornada seria feliz, se a sua empresa se efectuaria.
6 Ele respondeu-lhes: Ide em paz: o Senhor olha (benignamente) a vossa jornada e o caminho que levais.
7 Partindo pois aqueles cinco homens, foram à (cidade e em de) Lais e viram que o povo habitava nela sem nenhum temor, como era costume entre os Sidónios, seguro e tranquilo, não havendo quem lhe fizesse oposição, que era muito rico, distante de Sidónia e separado de todos os outros homens.
8 Voltando para seus irmãos em Saraa e Estaol, e, perguntando-lhes estes o que tinham feito, responderam-Ihes:
9 Levantai-vos, vamos a eles, porque nós vimos que é um país muito rico e fértil; não sejais descuidados, não vos detenhais; vamos e ocupêmo-lo, quo não vos custará trabalho algum.
10 Entraremos num povo, que vive em segurança num país muito espaçoso, e o Senhor nos dará um lugar onde não falta nada daquelas coisas que são produzidas na terra.
11 Partiram pois da família de Dan, isto é, de Saara e de Estaol, seiscentos homens, munidos com armas de guerra,
12 e, marchando, acamparam em Cariatiarim de Judá; aquele lugar desde então recebeu o nome de Campo de Dan, a ocidente de Cariatiarim.
13 Dali passaram ao monte Efraim. Tendo chegado a casa de Micas,
14 os cinco homens, que primeiro tinham sido enviados a reconhecer o país de Lais, disseram aos outros seus irmãos: Vós sabeis que nesta casa há um éfode e uns terafins, uma imagem esculpida e outra fundida; vêde o que quereis fazer.
15 Passaram um pouco adiante e, entrando na casa do jovem Levita, que estava em casa de Micas, saudaram-no com palavras de paz.
16 Entretanto os seiscentos homens, armados como estavam, ficaram à porta.
17 Os que tinham entrado na casa do jovem, procuravam tomar a escultura, o éfode, os terafins e a imagem de fundição. O sacerdote estava à porta, e os seiscentos homens valorosos estavam esperando a pouca distância.
18 Os que tinham entrado, tomaram a escultura, o éfode, os ídolos e a imagem de fundição. O sacerdote disse-lhes: Que fazeis vós?
19 Eles responderam-lhe: Cala-te, põe mão sobre a tua boca, e vem connosco, para que nos sirvas de pai e de sacerdote. Qual é melhor para ti, ser sacerdote na casa dum só homem, ou numa tribo e numa família de Israel?
20 Ele, tendo ouvido isto, cedeu às suas palavras, tomou o éfode, os ídolos e a escultura, e foi com eles.
21 Indo eles no caminho, e, tendo feito ir adiante de si os meninos, o gado e tudo o que era precioso,
22 estando já longe da casa de Micas, os homens, que habitavam em casa de Micas, seguiram-nos com grande barulho,
23 e começaram a gritar atrás deles. Eles, voltando-se para trás, disseram a Micas: Que queres tu? por que gritas?
24 Ele respondeu: Vós levastes os meus deuses, que eu tinha feito para mim, o sacerdote e tudo o que tenho, e dizeis; O que é que tens?
25 E os filhos de Dan disseram-lhe: Guarda-te de nos falar mais nisto, não suceda que se lancem sobre ti homens cheios de indignação, e pereças com toda a tua casa.
26 Deste modo continuaram o caminho começado. Micas, vendo que aqueles homens eram mais fortes do que ele, voltou para sua casa.
27 Os seiscentos homens levaram o sacerdote e tudo o que acima dissemos. Chegaram a Lais, a um povo tranquilo o seguro, passaram-no ao fio da espada e puseram fogo à cidade,
28 sem que alguém os socorresse, por habitarem longe de Sidónia e por não terem sociedade nem comércio com outros homens. Esta cidade estava situada no país de Roob. Reedificando-a, povoaram-na,
29 chamando cidade de Dan, do nome de seu pai, que tinha nascido de Israel, aquela que antes se chamava Lais.
30 E erigiram para si a imagem de escultura. Jonatan, filho de Gersam, filho de Moisés, e seus filhos foram sacerdotes na tribo de Dan, até ao dia do seu cativeiro.
31 O ídolo de Micas ficou entre eles, durante todo o tempo que a casa de Deus esteve em Silo. Naqueles dias não havia rei em Israel (para pôr termo a estas desordens).
Capítulo 19 Ver capítulo
1 Houve um certo Levita, que habitava ao lado do monte de Efraim, o qual se tinha casado com uma mulher de Belém de Judá.
2 Esta mulher deixou-o, voltou para Belém, para casa de seu pai, e ficou morando com ele quatro meses.
3 Seu marido foi-a buscar, querendo reconciliar-se com ela, acariciá-la e reconduzi-la consigo, levando um criado e dois jumentos. Ela o acolheu e o introduziu em casa de seu pai. O sogro, quando soube isto e o viu, saiu a recebê-lo, alegre,
4 e abraçou-o. E o genro esteve três dias em casa do sogro, comendo, e bebendo com ele familiarmente.
5 Ao quarto dia porém, levantando-se antes de amanhecer, quis partir, mas o sogro o deteve e lhe disse: Come primeiro um pouco de pão, conforta o estômago, e depois partirás.
6 Sentaram-se ambos, comeram e beberam. O pai da moça disse ao seu genro: Peço-te que fiques aqui ainda hoje, a passar a noite alegremente.
7 Mas ele, levantando-se, começou a querer partir. Todavia o sogro, com as suas instâncias, deteve-o e fê-lo ficar consigo.
8 Chegando a manhã, o Levita preparava-se para partir. O sogro disse-lhe novamente: Peço-te que comas primeiro um pouco de alimento, para cobrar forças, e espera até à tarde. Comeram pois juntamente.
9 O jovem levantou-se para partir com sua mulher e com o criado. Mas o sogro disse-lhe outra vez: Olha que o dia está muito perto do ocaso e a noite aproxima-se; fica comigo ainda hoje, e passa um dia alegre, e amanhã partirás muito cedo a fim de ires para tua casa.
10 O genro não quis aceder a estes rogos, mas partiu logo. Chegou à vista de Jebus, que por outro nome se chama Jerusalém, levando consigo dois jumentos carregados e sua mulher.
11 Quando já estavam perto de Jebus, o dia mudava-se em noite, e o criado disse ao seu amo: Vem, te peço, dirijamo-nos à cidade dos Jebuseus, e fiquemos nela.
12 O amo respondeu-lhe: Eu não entrarei numa cidade de gente estrangeira, que não é dos filhos de Israel, mas passarei até Gabaa;
13 depois que lá chegar, descansaremos nela ou ao menos na cidade de Rama.
14 Ultrapassaram, pois, Jebus, e, continuando o seu caminho, se lhes pôs o sol junto de Gabaa, que é da tribo de Benjamim.
15 Entraram nela, para ali pousarem. Tendo entrado, sentaram-se na praça da cidade, e ninguém lhes quis dar hospitalidade.
16 Nisto apareceu um homem velho, que voltava do campo e do seu trabalho ao anoitecer, o qual também era do monte de Efraim e habitava como forasteiro em Gabaa. Os homens daquela região eram filhos de Jemini (ou Benjamitas).
17 O velho, levantando os olhos, viu o Levita sentado na praça da cidade com a sua pequena bagagem e disse-lhe: Donde vens tu? e para onde vais?
18 Ele respondeu-lhe: Nós partimos de Belém de Judá e vamos para nossa casa, que é ao lado do monte de Efraim, donde tínhamos ido a Belém; agora vamos à casa de Deus, mas ninguém nos quer acolher sob o seu teto,
19 tendo nós palha e feno para sustento dos jumentos, o pão e vinho para mim e para esta tua serva, e para o criado, que está comigo; de nenhuma coisa necessitamos mais que de pousada.
20 O velho respondeu-lhe: A paz seja contigo, eu te darei tudo o que for necessário; rogo-te somente que não fiques na praça.
21 Conduziu-o a sua casa, deu de comer aos jumentos, e, depois que (os viajantes) lavaram os pés, serviu-lhes uma refeição.
22 Enquanto restauravam os seus corpos com a comida e bebida, chegaram uns homens daquela cidade, filhos de Belial (isto é, sem jugo), e, cercando a casa do velho, começaram a bater fortemente à porta, dizendo ao dono da casa: Deita cá para fora esse homem, que enfarou para tua casa, a fim de abusarmos dele.
23 O velho saiu fora, a ter com eles, e disse: Não queirais, irmãos, não queirais cometer semelhante maldade, pois eu hospedei este homem em minha casa. Não façais tal infâmia.
24 Eu tenho uma filha virgem e este homem tem a sua mulher, eu vo-Ias tirarei cá para fora, para abusardes delas e satisfazerdes a vossa paixão; somente vos peço que não cometais contra este homem tal infâmia.
25 Eles não queriam ceder às suas razões. Então aquele homem (Levita), vendo isto, trouxe-lhes sua mulher e abandonou-a aos seus ultrajes; eles, depois de terem abusado dela toda a noite, largaram-na ao amanhecer.
26 A mulher, ao amanhecer, foi à porta da casa, onde estava o seu senhor, e lá caiu por terra.
27 Chegada a manhã, levantou-se o marido e, ao abrir a porta para continuar a viagem começada, viu que sua mulher jazia (morta) diante da porta, com as mãos estendidas sobre a soleira.
28 Ele, julgando que ela estava morta, tomou-a, pô-la sobre o jumento e voltou para sua casa.
29 Logo que entrou, tomou um culeto, dividiu o cadáver de sua mulher, membro por membro, em doze partes,e enviou-as por todos os confins de Israel.
30 Quando tal viram, exclamavam: Nunca tal coisa se fez em Israel, desde o dia em que os nossos pais saíram do Egipto até hoje; pronunciai uma sentença e resolvei de comum acordo o que se deve fazer.
Capítulo 20 Ver capítulo
1 Saíram pois todos os filhos de Israel, e juntaram-se como um só homem na presença do Senhor em Masfa, desde Dan a Rersabée, e até à terra de Galaad;
2 todos os chefes do povo e todas as tribos de Israel acudiram à assembleia do povo de Deus, em número de quatrocentos mil combatentes a pé.
3 Os filhos de Benjamim não ignoraram que os filhos de Israel tinham subido a Masfa. O Levita, marido da mulher (que fora) morta, foi interrogado de que modo tinha sido cometido tão grande crime.
4 Respondeu: Eu cheguei a Gabaa de Benjamim, com minha mulher, para ali passar a noite.
5 Os homens daquela cidade cercaram de noite a casa, onde eu estava, querendo matar-me; ultrajaram minha mulher com um incrível furor de lascívia; por último ela morreu.
6 Eu, tomando-a, a dividi em pedaços, que enviei repartidos a todos os confins da vossa possessão, porque nunca se cometeu tão grande maldade, nem crime tão abominável em Israel.
7 Vós todos, ó filhos de Israel, estais aqui presentes; resolvei o que deveis fazer.
8 Todo o povo, estando em pé, respondeu, como com a voz dum só homem: Não voltaremos às nossas tendas, ninguém entrará em sua casa.
9 De comum acordo faremos isto contra Gabaa;
10 escolham-se dentre todas as tribos de Israel dez homens por cada cento, cem por cada mil, e mil por cada dez mil, para que levem víveres ao exército, e possamos combater contra Gabaa de Benjamim, dando-lhe pelo crime a recompensa que merece.
11 Assim se coligou contra esta cidade todo o Israel, como (se fora) um só homem, com o mesmo espírito e a mesma resolução.
12 Mandaram mensageiros a toda a tribo de Benjamim, para que lhe dissessem: Por que se cometeu entre vós tão detestável maldade?
13 Entregai-nos os homens de Gabaa, que cometeram esta atrocidade, para que morram e, assim, se tire o mal de Israel. Porém os Benjamitas não quiseram dar ouvidos à embaixada de seus irmãos, os filhos de Israel,
14 mas juntaram-se em Gabaa de todas as cidades pertencentes à sua tribo, para lhes darem auxílio, e combaterem contra todo o povo de Israel.
15 E acharam-se da tribo de Benjamim vinte e cinco mil aptos para trazer espada, afora os habitantes de Gabaa,
16 que eram setecentos homens fortíssimos, que combatiam tanto com a esquerda como com a direita; e eram tão destros em atirar pedras com a funda, que poderiam acertar num cabelo, sem errar o alvo.
17 Dos homens de Israel, afora os filhos de Benjamim, contaram-se quatrocentos mil homens de armas, prontos para combater.
18 (Os filhos de Israel), levantando-se, foram à casa de Deus, isto é, a Silo, e consultaram o Senhor: Quem há-de ser no nosso exército o general da batalha contra os filhos de Benjamim? O Senhor respondeu-lhes: (Da tribo de) Judá seja o vosso general.
19 Logo os filhos de Israel, marchando ao amanhecer, acamparam junto de Gabaa.
20 Avançando a combater contra Benjamim, começaram a situar a cidade.
21 Então os filhos de Benjamim, tendo saído de Gabaa, mataram naquele dia vinte e dois mil homens dos filhos de Israel.
22 Os filhos de Israel, confiando nas suas forças e no seu número, puseram-se novamente em batalha no mesmo lugar, onde primeiro tinham combatido.
23 Antes, porém, subiram e foram chorar até a noite diante do Senhor, e consultaram-no, dizendo: Devemos continuar ainda a pelejar contra os filhos de Benjamin, nossos irmãos, ou não? O Senhor respondeu-lhes: Ide contra eles.
24 Ao outro dia, tendo marchado os filhos de Israel para combater contra os filhos de Benjamim,
25 os filhos de Benjamim saíram com ímpeto das portas de Gabaa ao seu encontro, e fizeram neles tão grande mortandade, que derrubaram dezoito mil guerreiros.
26 Pelo que todos os filhos de Israel foram à casa de Deus e, sentados, choravam diante do Senhor; jejuaram aquele dia, até à tarde, ofereceram-lhe holocaustos e vitimas pacíficas,
27 e consultaram-no. Naquele tempo a arca da aliança de Deus estava lá,
28 e Finéas, filho de Eleázaro, filho de Aarão, presidia à casa (de Deus). Consultaram pois o Senhor: Devemos ainda sair a combater contra os filhos de Benjamim, nossos irmãos, ou desistir? O Senhor disse-lhes: Saí, porque amanhã eu os entregarei nas vossas mãos.
29 Os filhos de Israel puseram emboscadas à roda da cidade de Gabaa,
30 e, terceira vez, como da primeira e segunda, fizeram avançar o seu exército contra Benjamim.
31 Os filhos de Benjamim sairam também ousadamente da cidade e perseguiram por longo espaço os seus inimigos que (propositadamente) fugiam ; desta sorte feriram alguns deles, como no primeiro e segundo dia, e mataram e deixaram estendidos por terra uns trinta homens que fugiam por duas estradas, uma das quais ia a Betel, e outra a Gabaa.
32 Os filhos de Benjamim julgavam derrotá-los como de costume. Todavia eles, fingindo com arte a fuga, tiveram em mira afastá-los da cidade e levá-los com simulada fuga às sobreditas estradas.
33 Então, saindo todos os filhos de Israel dos seus postos, ordenaram-se em batalha no lugar chamado Baaltamar. Também os que estavam emboscados ao redor da cidade, começaram a deixar-se ver, pouco a pouco,
34 e a avançar pela parte ocidental da cidade. Além disto, outros dez mil homens (escolhidos) de todo o Israel provocavam os moradores da cidade para o combate. Tornou-se rude a batalha contra os filhos de Benjamim, porque eles não entenderam que de toda a parte lhes estava iminente a morte.
35 O Senhor destruiu-os à vista dos filhos de Israel, os quais naquele dia mataram deles vinte e cinco mil e cem homens, todos guerreiros e homens de armas.
36 Os filhos de Benjamim, vendo que eram inferiores, começaram a fugir. Os filhos de Israel, observando isto, deram-lhe lugar para fugir, a fim de que fossem cair nas emboscadas que tinham posto junto da cidade.
37 Saindo então de repente (os filhos de Israel) dos seus esconderijos e tendo matado os que fugiam, entraram na cidade e passaram-na ao fio da Espada.
38 Ora os filhos de Israel tinham dado por sinal aos que tinham posto nas emboscadas, que, quando tomassem a cidade acendessem fogo, para que, elevando-se ao alto o fumo, isso servisse de aviso de estar tomada a cidade.
39 Ao ver o fumo, os filhos de Israel simularam a fuga. Os filhos de Benjamim, julgando que os de Israel fugiam, foram-nos perseguindo com mais instância, depois de lhes terem morto trinta homens do seu exército.
40 Entretanto ia subindo da cidade como uma coluna de fumo; os Benjamitas, olhando para trás, viram que a cidade estava tomada e que as chamas subiam para o alto.
41 Os Israelitas, que antes simulavam fugir, voltando o rosto, resistiam com mais força. Os filhos de Benjamim, vendo isto, puseram-se em fuga
42 e começaram a seguir o caminho do deserto, perseguidos, ainda até lá, pelos inimigos. Além disso, os que tinham incendiado a cidade sairam-lhes ao encontro.
43 Deste modo sucedeu serem destroçados por uma e outra parte pelos inimigos, ficando esmagados até à parte oriental da cidade de Gabaa.
44 Os mortos, naquele lugar, foram dezoito mil homens, todos guerreiros valentíssimos.
45 Vendo isto os que tinham ficado de Benjamim, fugiram para o deserto e encaminharam-se para o rochedo chamado Remon. Também nesta fuga, errando por um e outro lugar, tomando diversas direcções, foram mortos (pelos filhos de Israel) cinco mil homens. Passando eles mais adiante, (os filhos de Israel) perseguiram-nos e mataram ainda mais dois mil.
46 Assim aconteceu que todos os que ficaram mortos da tribo de Benjamim em diversos lugares, foram vinte e cinco mil homens combatentes, destríssimos para a guerra.
47 De toda a gente de Benjamim ficaram seiscentos homens, que puderam escapar e fugir para o deserto; aí detiveram-se durante quatro meses, no rochedo de Remon.
48 Os filhos de Israel, tendo voltado, passaram ao fio da espada tudo o que restava na cidade, desde os homens até aos animais, a tudo o que encontraram. Todas as cidades e aldeias de Benjamim foram consumidas pelas chamas vorazes.
Capítulo 21 Ver capítulo
1 Os filhos de Israel tinham jurado em Masfa, dizendo: Nenhum de nós dará a sua filha por mulher aos filhos de Benjamim.
2 Foram todos à casa de Deus, em Silo, e, sentados na sua presença até à tarde, levantaram a vós, dizendo:
3 Senhor Deus de Israel, por que aconteceu ao teu povo esta desgraça de ser hoje cortada de nós uma das tribos?
4 Ao outro dia, tendo-se levantado de madrugada, erigiram um altar, ofereceram nele holocaustos e vítimas pacíficas, e disseram:
5 Quem de entre todas as tribos de Israel não marchou com o exército do Senhor? Com efeito, estando em Masfa, tinham-se obrigado com um solene juramento a matar os que faltassem.
6 Os filhos de Israel, arrependidos do que tinha acontecido a Benjamim, seu irmão, começaram a dizer: Foi cortada de Israel uma tribo;
7 donde hão-de tomar mulheres (os poucos que restam), se jurámos todos que lhes não daríamos as nossas filhas.
8 Por isso disseram: Quem é de todas as tribos de Israel, que não compareceu diante do Senhor em Masfa? E verificou-se que os habitantes de Jabes-Galaad não tinham estado naquele exército.
9 Fez-se o recenseamento do povo e não se achou ninguém de Jabes-Galaad.
10 Mandaram pois dez mil homens fortíssimos e ordenaram-lhes: Ide e passai ao fio da espada os habitantes de Jabes-Galaad, tanto as suas mulheres como os seus meninos.
11 Eis o que devereis observar: Matai todos os varões e todas as mulheres não virgens, mas reservai virgens.
12 E encontraram-se em Jabes-Galaad quatrocentas virgens, que não tinham conhecido varão, e conduziram-nas ao campo de Silo, na terra de Canaan.
13 Mandaram mensageiros aos filhos de Benjamim , que estavam no rochedo de Remon, e ofereceram-lhes a paz.
14 Então os filhos de Benjamim vieram, e foram-lhes dadas por mulheres as filhas de Jabes-Qalaad, mas não eram bastantes.
15 E todo o Israel teve muita pena, e arrependeu-se da destruição duma das tribos de Israel.
16 Os anciãos disseram: Que faremos dos outros, que não receberam mulheres, pois todas as mulheres da tribo de Benjamim pereceram?
17 Fique em Benjamim a herança dos que escaparam, para que não pereça uma das tribos de Israel.
18 Nós não podemos dar-lhes as nossas filhas, porque estamos ligados com o juramento e com as imprecações que fizemos, dizendo: Maldito o que der sua filha por mulher aos Benjamitas.
19 E disseram: Eis que se avizinha a solenidade anual do Senhor em Silo, que está situado ao setentrião da cidade de Betel, ao oriente do caminho que vai do Betel a Siquem, e ao meio-dia da cidade de Lebona.
20 Depois deram esta ordem aos filhos de Benjamim: Ide e escondei-vos nas vinhas.
21 Quando virdes as filhas de Silo sair, segundo o costume, para dançar em coro, saí de repente das vinhas, e cada um tome uma para mulher, e parti para a terra de Benjamim.
22 Quando vierem seus pais e irmãos, e começarem a queixar-se de vós, nós lhes diremos: Tende compaixão deles, pois na guerra não tomámos uma mulher para cada um. Na verdade não fostes vós que lhas destes, senão teríeis incorrido em culpa:
23 Os filhos de Benjamim fizeram como lhes tinha sido mandado; segundo o seu número, cada um tomou para sua mulher uma, de entre as donzelas que dançavam. (Depois) retiraram-se para as suas possessões, edificando as cidades e habitando nelas.
24 Os filhos de Israel também voltaram para as suas toadas, segundo as suas tribos e famílias.
25 Naquele tempo não havia rei em Israel; mas cada um fazia o que lhe parecia justo.