Instruções para leitura e navegação
• Utilize os botões acima para navegar entre diferentes livros e capítulos da Bíblia
• Clique nos números de capítulo para pular diretamente para aquela seção
• Utilize o ícone para copiar o texto do versículo
• Utilize o ícone para abrir o versículo em uma nova aba
• Use o botão "Ver capítulo" para acessar a visualização simplificada de capítulos individuais
• Esta página contém o livro completo e pode ser impressa ou salva para leitura offline
Capítulo 1 Ver capítulo
1 Genealogia de Jesus Cristo, filho de David, filho de Abraão.
2 Abraão gerou Isaac, Isaac gerou Jacob, Jacob gerou Judá e seus irmãos,
3 Judá gerou, de Tamar, Farés e Zara, Farés gerou Esron, Esron gerou Arâo,
4 Arão gerou Aminadab, Aminadab gerou Naasson, Naasson gerou Salmon,
5 Salmon gerou Booz de Raab, Booz gerou Obed de Rut, Obed gerou Jessé, Jessé gerou o rei David.
6 David gerou Salomão daquela que foi (mulher) de Urias.
7 Salomão gerou Roboão, Roboão gerou Abias, Abias gerou Asa,
8 Asa gerou Josafat, Josafat gerou Jorão, Jorão gerou Ozias,
9 Ozias gerou Joatão, Joatão gerou Acaz, Acaz gerou Ezequias,
10 Ezequias gerou, Manassés, Manassés gerou Amon, Amon gerou Josias,
11 Josias gerou Joaquim, Joaquim gerou Jeconias e seus Irmãos, na época da deportação para Babilônia.
12 E, depois da deportação para Babilônia, Jeconias gerou Salatíel, Salatiel gerou Zorobabel,
13 Zorobabel gerou Abiud, Abiud gerou Eliacim, Eliacim gerou Azor,
14 Azor gerou Sadoc, Sadoc gerou Aquim, Aquim gerou Eliud,
15 Eliud gerou Eleazar, Eleazar gerou Matan, Matan gerou Jacòb,
16 e Jacob gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Cristo.
17 Todas as gerações , pois, desde Abraão até David, são catorze gerações; e, desde David até à deportação para Babilônia, catorze gerações; e, desde a deportação para Babilônia até Cristo, catorze gerações.
18 A geração de Jesus Cristo foi deste modo: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, achou-se ter concebido (por obra) do Espírito Santo, antes de coabitarem.
19 José, seu esposo, sendo justo, e não a querendo difamar, resolveu repudiá-la secretamente.
20 Andando ele com isto no pensamento, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos, e lhe disse; José, filho de David, não temas receber em tua casa Maria, tua esposa, porque o que nela foi concebido é (obra) do Espírito Santo.
21 Dará à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados.
22 Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo Senhor por meio do profeta, que diz:
23 Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe porão o nome de Emanuel, que significa: Deus connosco (Is. 7, 14).
24 Ao despertar José do sono, fez como lhe tinha mandada o anjo do Senhor, e recebeu em sua casa (Maria), sua esposa,
25 E, sem que ele a tivesse conhecido, deu à luz um filho, e pos-lhe o nome de Jesus.
Capítulo 2 Ver capítulo
1 Tendo pois nascido Jesus em Belém de Judá, tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do Oriente a Jerusalém,
2 dizendo; "Onde está o rei dos judeus, que acaba de nascer? Porque nós vimos a sua estrela no oriente, e viemos adorá-lo."
3 Ao ouvir isto, o rei Herodes turbou-se, e toda (a cidade de) Jerusalém com ele.
4 E, convocando todos os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo, perguntou-lhes onde havia de nascer o Messias.
5 Eles disseram-lhe: "Em Belém de Judá, porque assim foi escrito pelo profeta:
6 E tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és a menor entre as principais (cidades) de Judá, porque de ti sairá um chefe, que apascentará Israel, meu povo (Mic. 5, 2)."
7 Então Herodes, tendo chamado secretamente os magos, inquiriu deles cuidadosamente acerca do tempo em que lhes tinha aparecido a estrela;
8 depois, enviando-os a Belém, disse; "Ide, informai-vos bem acerca do menino, e, quando o encontrardes, comunicai-mo, a fim de que também eu o vá adorar."
9 Eles, tendo ouvido as palavras do rei, partiram; e eis que a estrela que tinham visto no Oriente, ia adiante deles, até que, chegando sobre (o lugar) onde estava o menino, parou.
10 Vendo (novamente) a estrela, ficaram possuídos de grandíssima alegria.
11 Entraram na casa, viram o menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, lhe ofereceram presentes de ouro, incenso e mirra.
12 Em seguida, avisados por Deus em sonhos para não tornarem a Herodes, voltaram por outro caminho para a sua terra.
13 Tendo eles partido, eis que um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José, e lhe disse: "Levanta-te, toma o menino e sua mãe, foge para Egipto, e fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para lhe tirar a vida."
14 E ele, levantando-se de noite, tomou o menino e sua mãe, e retirou-se para o Egipto.
15 Lá esteve até à morte de Herodes, cumprindo-se deste modo o que tinha sido dito pelo Senhor por meio do profeta: Do Egipto chamei o meu filho (Os. 11, 1).
16 Então Herodes, vendo que tinha sido enganado pelos magos, irou-se em extremo, e mandou matar todos os meninos, que havia em Belém e em todos os seus arredores, da idade de dois anos para baixo, segundo a data que tinha averiguado dos magos.
17 Então se cumpriu o que estava predito pelo profeta Jeremias (Je. 31, 15);
18 Uma voz se ouviu em Ramá, pranto e grande lamentação: Raquel chorando os seus filhos, sem admitir consolação, porque já não existem.
19 Morto Herodes, o anjo do Senhor apareceu em sonhos a José no Egipto,
20 e disse-lhe: "Levanta-te, toma o menino e sua mãe, e vai para terra de Israel, porque morreram os que procuravam (tirar) a vida do menino."
21 Ele levantou-se, tomou o menino e sua mãe, e voltou para a terra de Israel.
22 Mas, ouvindo dizer que Arquelau reinava na Judeia em lugar de seu pai Herodes, temeu ir para lá; e, avisado por Deus em sonhos, retirou-se para a região da Galileia,
23 e foi habitar numa cidade chamada Nazaré, cumprindo-se deste modo o que tinha sido predito pelos profetas: Será chamado Nasareno (Is. 11, 1).
Capítulo 3 Ver capítulo
1 Naqueles dias apareceu João Baptista pregando no deserto da Judeia.
2 "Arrependei-vos, dizia, porque está próximo o reino dos céus."
3 Porque este é aquele de quem falou o profeta Isaías, quando disse (Is. 40, 3): Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.
4 Este mesmo João trazia um vestido feito de peles de camelo e um cinto de couro em volta dos rins; e o seu alimento era gafanhotos e mel silvestre.
5 Então iam ter com ele Jerusalém e toda a Judeia e toda a região do Jordão;
6 e eram baptizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados.
7 Vendo um grande número de fariseus e saduceus que vinham ao seu baptismo, disse-lhes: "Raça de viboras, quem vos ensinou a fugir à ira que vos ameaça?
8 Produzi, pois, verdadeiros frutos de penitência,
9 e não queirais dizer dentro de vós : Temos Abraão por pai! porque eu vos digo que Deus pode fazer destas pedras filhos de Abraão.
10 O machado já está posto à raiz das árvores. Toda a árvore que não dá bom fruto, será cortada e lançada no fogo.
11 Eu, na verdade, baptizo-vos com água para (vos levar à) penitência, mas o que há-de vir depois de mim é mais poderoso do que eu, e eu não sou digno de lhe levar as sandálias; ele vos baptizará no Espírito Santo e em fogo.
12 Ele tem a pá na sua mão, e limpará bem a sua eira, e recolherá o seu trigo no celeiro, mas queimará a palha num fogo inextinguível."
13 Então foi Jesus da Galileia ao Jordão e apresentou-se a João, para ser baptizado por ele.
14 Mas João opunha-se-lhe, dizendo: "Sou eu que devo ser baptizado por ti, e tu vens a mim !"
15 Jesus respondeu-lhe: "Deixa por agora, pois convém que cumpramos assim toda a justiça." Ele então concordou.
16 Logo que foi baptizado, Jesus saiu da água. E eis que se abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descer como pomba, e vir sobre ele.
17 E eis (que se ouviu) uma voz do céu, que dizia: "Este é o meu Filho amado, no qual pus as minhas complacências."
Capítulo 4 Ver capítulo
1 Então Jesus foi conduzido pelo Espírito (Santo) ao deserto, para ser tentado pelo demônio.
2 Jejuou quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome.
3 E, aproximando-se dele o tentador, disse-lhe: "Se és Filho de Deus, diz que estas pedras se convertam em pães."
4 Jesus respondeu: "Está escrito: Não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus (Dt. 8, 3)."
5 Então o demónio transportou-o à cidade santa, pô-lo sobre o pináculo do templo,
6 e disse-lhe: "Se és Filho de Deus. lança-te daqui abaixo, porque está escrito: Mandou aos seus anjos em teu favor, eles te levarão nas suas mãos, para que o teu pé não tropece em alguma pedra (Ps. 90, 11-12)."
7 Jesus disse-lhe: "Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus (Dt. 6, 16)."
8 De novo o demônio o transportou a um monte muito alto, e lhe mostrou todos os reinos do mundo e a sua magnificência,
9 e lhe disse: "Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares."
10 Então Jesus disse-lhe: "Vai-te, Satanás, porque está escrito: O Senhor teu Deus adorarás, e a ele só servirás (Dt. 6, 13)."
11 Então o demónio deixou-o; e eis que os anjos se aproximaram, e o serviram.
12 Tendo (Jesus) ouvido que João fora preso, retirou-se para a Galileia.
13 Depois, deixando Nazaré, foi habitar em Cafarnaum, situada junto do mar, nos confins de Zabulon e Neftali,
14 cumprindo-se o que tinha sido anunciado pelo profeta Isaías, quando disse (Is. 8,23, Is. 9, 1);
15 Terra de Zabulon e terra de Neftali, terra que confina com o mar, pais além do Jordão, Galileia dos gentios!
16 Este povo, que jazia nas trevas, viu uma grande luz; e uma luz levantou-se para os que jaziam na sombra da morte.
17 Desde então, começou Jesus a pregar: "Fazei penitência, porque está próximo o reino dos céus."
18 Caminhando ao longo do mar da Galileia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e, André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores.
19 "Segui-me, lhes disse, e eu vos farei pescadores de homens."
20 E eles, imediatamente, deixadas as redes, o seguiram.
21 Passando adiante, viu outros dois irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam numa barca juntamente com seu pai Zebedeu, consertando se suas redes, e chamou-os.
22 Eles, imediatamente, deixando a barca e o pai, o seguiram.
23 Jesus percorria toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, e pregando o Evangelho do reino (de Deus), e curando todas as enfermidades entre o povo.
24 A sua fama espalhou-se por toda a Síria, e trouxeram-lhe todos os que tinham algum mal, possuídos de vários achaques e dores: possessos, lunáticos, paralíticos; e curava-os.
25 Seguiram-no grandes multidões (de povo) da Galileia, da Decápole, de Jerusalém, da Judeia e de além do Jordão.
Capítulo 5 Ver capítulo
1 Vendo (Jesus) aquelas multidões, subiu a um monte, e, tendo-se sentado, aproximaram-se dele os discípulos.
2 Abrindo então a sua boca, os ensinava, dizendo:
3 "Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.
4 Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a Terra.
5 Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.
6 Bem-aventurados os que têm fome e sede da justiça, porque serão saciados.
7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
8 Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.
9 Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus.
10 Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o reino dos céus.
11 Bem-aventurados sereis, quando vos insultarem, vos perseguirem, e disserem falsamente toda a sorte de mal contra vós por causa de mim.
12 Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois (também) assim perseguiram os profetas, que existiram antes de vós.
13 Vós sois o sal da terra. Porém, se o sal perder a sua força, com que será ele salgado? Para nada mais serve senão para ser lançado fora e calcado pelos homens.
14 Vós sois a luz do mundo. Não pode esconder-se uma cidade situada sobre um monte;
15 nem se acende uma lucerna, e se põe debaixo do alqueire, mas sobre o candeeiro, a fim de que dê luz a todos os que estão em casa.
16 Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus.
17 Não julgueis que vim abolir a lei ou os profetas; não vim (para os) abolir, mas sim (para os) cumprir.
18 Porque em verdade vos digo: antes passarão o céu e a terra, que passe da lei um só jota ou um ápice, sem que tudo seja cumprido.
19 Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, mesmo dos mais pequenos, e ensinar assim aos homens, será considerado o mais pequeno no reino dos céus; mas o que os guardar e ensinar, esse será considerado grande no reino dos céus.
20 Porque eu vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e a dos fariseus, não entrareis no reino dos céus.
21 Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás (Ex. 20, 13...), e quem matar será submetido ao juízo do tribunal.
22 Pois eu digo-vos que todo aquele que se irar contra o seu irmão, será submetido ao juízo do tribunal. E o que chamar "raca" a seu irmão será condenado pelo Sinédrio. E o que lhe chamar louco, será condenado ao fogo da geena.
23 Portanto, se estás para fazer a tua oferta diante do altar, e te lembrares aí que teu irmão tem alguma coisa contra ti.
24 deixa lá a tua oferta diante do altar, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem fazer a tua oferta.
25 Acomoda-te sem demora com o teu adversário, enquanto estás em caminho com ele, para que não suceda que esse adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao seu ministro, e sejas posto em prisão.
26 Em verdade te digo: Não sairás de lá antes de ter pago o último quadrante.
27 Ouvistes que foi dito: Não cometerás adultério (Ex. 20, 14).
28 Eu, porém, digo-vos que todo o que olhar para uma mulher, cobiçando-a, já cometeu adultério com ela no seu coração.
29 Por isso, o teu olho direito é para ti causa de queda, arranca-o e lança-o para longe de ti, porque é melhor para ti que se perca um dos teus membros, do que todo o teu corpo seja lançado na geena.
30 E, se a tua mão direita é para ti causa de queda, corta-a e lança-a para longe de ti, porque é melhor para ti que se perca um dos teus membros, do que todo o teu corpo seja lançado na geena.
31 Também foi dito: Aquele que repudiar sua mulher, dê-lhe libelo de repúdio (Dt. 24, 1).
32 Eu, porém, digo-vos: todo aquele que repudiar sua mulher, a não ser por causa de fornicação, expõe-na ao adultério; e o que desposar a (mulher) repudiada, comete adultério.
33 Igualmente ouvistes que foi dito aos antigos: Não perjurarás, mas guardarás para com o Senhor os teus juramentos (Ex. 20, 7 ...) .
34 Eu, porém, digo-vos que não jureis de modo algum (sem motivo justo), nem pelo céu, porque é o trono de Deus;
35 nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande rei.
36 Nem jurarás pela tua cabeça, pois não podes fazer branco ou negro um só dos teus cabelos.
37 Seja o vosso falar: Sim. sim; não não. Tudo o que disto passa, procede do Maligno.
38 Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente (Lv. 24, 19-20).
39 Eu, porém, digo-vos que não resistais ao (que é) mau; mas, se alguém te ferir na tua face direita, apresenta-lhe também a outra;
40 e ao que quer chamar-te a juízo para te tirar a túnica, cede-Ihe também a capa.
41 Se alguém te forçar a dar mil passos, vai com ele mais dois mil.
42 Dá a quem te pede, e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes.
43 Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo (Lv. 19, 18) e aborrecerás o teu inimigo.
44 Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem.
45 Deste modo sereis filhos do vosso Pai que está nos céus, o qual faz nascer o sol sobre maus e bons, e manda a chuva sobre os justos e injustos.
46 Porque, se amais (sòmente) os que vos amara, que recompensa haveis de ter? Não fazem os publicanos também o mesmo?
47 E se saudardes sòmente os vossos irmãos, que fazeis (nisso) de especial? Não fazem também assim os próprios gentios?
48 Sede pois perfeitos, como vosso Pai celestial é perfeito.
Capítulo 6 Ver capítulo
1 Guardai-vos de fazer as boas obras diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles, doutra sorte não tereis direito à recompensa do vosso Pai, que está nos céus.
2 Quando pois dás esmola, não faças tocar a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa.
3 Mas, quando dás esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita,
4 para que a tua esmola fique em segredo, e teu Pai, que vê (o que fazes) em segredo, te pagará.
5 Quando orais, não sejais como os hipócritas, que gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças, a fim de serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa.
6 Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto, e, fechada a porta, ora a teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê (o que se passa) em segredo, te dará a recompensa.
7 Nas vossas orações não useis muitas palavras como os gentios, os quais julgam que serão ouvidos à força de palavras.
8 Não os imiteis, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes que vós lho peçais.
9 Vós pois orai assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome.
10 Venha o teu reino. Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu.
11 O pão nosso de cada dia nos dá hoje.
12 Perdoa-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos aos que nos têm ofendido.
13 E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal.
14 Porque, se vós perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará.
15 Mas, se não perdoardes aos homens, tão pouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas.
16 Quando jejuais, não vos mostreis tristes como os hipócritas, que desfiguram os seus rostos para mostrar aos homens que jejuam. Na verdade vos digo que já receberam a sua recompensa.
17 Mas tu, quando jejuas, unge a tua cabeça e lava o teu rosto,
18 a fim de que não pareças aos homens que jejuas, mas a teu Pai, que está presente ao (que há de mais) secreto. e teu Pai, que vê no secreto, te dará a recompensa.
19 Não acumuleis para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e a traça (os) consomem, e onde os ladrões perfuram as paredes e roubam.
20 Entesourai para vós tesouros no céu, onde nem a ferrugem, nem a traça (os) consomem, e onde os ladrões não perfuram as paredes nem roubara.
21 Porque onde está o teu tesouro, aí está também o teu coração.
22 O olho é a lâmpada do corpo. Se o teu olho for são, todo o teu corpo terá luz.
23 Mas, se teu olho for defeituoso, todo o teu corpo estará em trevas. Se pois a luz, que há em ti, é trevas, quão espessas serão as próprias trevas!
24 Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há-de odiar um e amar o outro, ou há-de afeiçoar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e a riqueza.
25 Portanto vos digo: Não vos preocupeis (demasiadamente), nem com a vossa vida, acerca do que haveis de comer, nem com o vosso corpo, acerca do que haveis de vestir. Porventura não vaie mais a vida qué o alimento, e o corpo mais que o vestido?
26 Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem ceifam, nem fazem provisões nos celeiros, e contudo vosso Pai celeste as sustenta. Porventura não valeis vós muito mais do que elas?
27 Qual de vós, por mais que se afadigue, pode acrescentar um só côvado à duração da sua vida?
28 E porque vos inquietais com o vestido? Considerai como crescem os lírios do campo: não trabalham nem fiam.
29 Digo-vos todavia que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles.
30 Se pois Deus veste assim uma erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé !
31 Não vos aflijais pois, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Com que nos vestiremos?
32 Os gentios é que procuram com excessivo cuidado todas estas coisas. Vosso Pai sabe que tendes necessidade delas.
33 Buscai, pois, em primeiro lugar, o reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão dadas por acréscimo.
34 Não vos preocupeis, pois, demasiadamente, pelo dia de amanhã; o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado.
Capítulo 7 Ver capítulo
1 Não julgueis, para que não sejais julgados.
2 Pois, segundo o juízo com que julgardes, sereis julgados; e com a medida com que medirdes vos medirão também a vós.
3 Porque olhas tu para a aresta que está no olho de teu irmão, e não notas a trave no teu olho?
4 Como ousas dizer a teu irmão: Deixa-me tirar-te do olho uma aresta, tendo tu no teu uma trave?
5 Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então verás para tirar a aresta do olho de teu irmão.
6 Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis aos porcos as vossas pérolas, para que não suceda que eles as calquem com os seus pés, e que, voltando-se contra vós, vos dilacerem.
7 Pedi, e vos será dado; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á.
8 Porque todo o que pede, recebe o que busca, encontra, e a quem bate, abrir-se-á.
9 Qual de vós dará uma pedra a seu filho, quando este lhe pede pão?
10 Se lhe pedir um peixe, dar-lhe-á uma serpente?
11 Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar coisas boas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai celeste dará coisas boas aos que lhas pedirem !
12 Tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-o também vós a eles; esta é a lei e os profetas.
13 Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela.
14 Que estreita é a porta, e que apertado o caminho que conduz à vida, e quão poucos são os que dão com ele !
15 Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós com vestidos de ovelhas, mas por dentro são lobos rapaces.
16 Pelos seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinhos, ou figos dos abrolhos?
17 Assim toda a árvore boa dá bons frutos, e toda a árvore má dá maus frutos.
18 Não pode uma árvore boa dar maus frutos, nem uma árvore má dar bons frutos.
19 Toda a árvore, que não dá bons frutos, será cortada e lançada ao fogo.
20 Vós os conhecereis, pois, pelos seus frutos.
21 Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus, mas só o que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.
22 Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome, e em teu nome expelimos os demônios, e em teu nome fizemos muitos milagres?
23 E então eu Ihes direi bem alto: Nunca vos conheci! Apartai-vos de mim, vós que obrais a iniquidade!
24 Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras, e as observa, será semelhante ao homem prudente que edificou a sua casa sobre rocha.
25 Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos, e investiram contra aquela casa, mas ela não caiu, porque estava fundada sobre rocha.
26 Todo o que ouve estas minhas palavras e não as pratica, será semelhante ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre areia.
27 Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos, e investiram contra aquela casa, e ela caiu, e foi grande a sua ruína."
28 Quando Jesus acabou este discurso, estavam as multidões admiradas da sua doutrina,
29 porque os ensinava, como quem tinha autoridade, e não como os seus escribas.
Capítulo 8 Ver capítulo
1 Tendo Jesus descido do monte, uma grande multidão o seguiu.
2 E eis que, aproximando-se um leproso, se prostrou dizendo: "Senhor, se tu queres, podes curar-me".
3 Jesus, estendendo a mão, tocou-o, dizendo-lhe: "Quero, sê curado." E logo ficou curado da sua lepra.
4 E Jesus disse-lhe: "Vê , não o digas a ninguém, mas vai, mostra-te ao sacerdote, e faz a oferta que Moisés ordenou, em testemunho da tua cura."
5 Tendo entrado em Cafarnaum, aproximou-se dele um centurião, e fez-lhe uma súplica,
6 dizendo: "Senhor, o meu servo jaz em casa paralítico, e sofre muito."
7 Jesus disse-lhe: "Eu irei e o curarei."
8 Mas o centurião, respondeu: "Senhor, eu não sou digno que entres na minha casa; diz, porém, uma só palavra, e o meu servo será curado.
9 Pois também eu sou um homem sujeito a outro, tendo soldados às minhas ordens, e digo a um: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu servo: Faz isto, e ele o faz."
10 Jesus, ouvindo estas palavras, admirou-se, e disse para os que o seguiam : "Em verdade vos digo : Não achei fé tão grande em Israel.
11 Digo-vos, pois, que virão muitos do Oriente e do Ocidente, e se sentarão com Abraão, Isaac e Jacob no reino dos céus,
12 enquanto que os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores, onde haverá pranto e ranger de dentes."
13 Então disse Jesus ao centurião: "Vai, seja-te feito conforme creste." E naquela mesma hora ficou curado o servo.
14 Tendo chegado Jesus a casa de Pedro, viu que a sogra dele estava de cama com febre;
15 e tomou-a pela mão, e a febre a deixou, e ela levantou-se e pôs-se a servi-los.
16 Pela tarde apresentaram-se muitos possessos do demônio, e ele com a sua palavra expulsou os espíritos (maus), e curou todos os enfermos;
17 cumprindo-se deste modo o que foi anunciado pelo profeta Isaías, quando diz (Is. 53, 4): Ele mesmo tomou as nossas fraquezas, e carregou com as nossas enfermidades.
18 Vendo-se Jesus rodeado por uma grande multidão, ordenou que passassem para a outra margem do lago.
19 E, aproximando-se um escriba, disse-lhe: Mestre, eu seguir-te-ei para onde quer que fores.
20 Jesus disse-lhe: As raposas têm as (suas) covas, e as aves do céu os (seus) ninhos; porém, o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça."
21 Um outro dos seus discípulos disse-lhe: "Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar meu pai."
22 Jesus, porém, respondeu-lhe: "Segue-me, e deixa que os mortos sepultem os seus mortos."
23 Subindo para uma barca, o seguiram seus discípulos.
24 E eis que se levantou no mar uma grande tempestade, de modo que as ondas alagavam a barca, Ele, entretanto, dormia.
25 Aproximaram-se dele os discípulos, e acordaram-no, dizendo: "Senhor, salva-nos, que perecemos!"
26 Jesus, porém, disse-lhes: "Porque temeis, homens de pouca fé?" Então, levantando-se, imperou aos ventos e ao mar, e seguiu-se uma grande bonança.
27 Eles admiraram-se, dizendo: "Quem é este, a quem obedecem até os ventos e o mar?"
28 Quando Jesus chegou à outra margem do lago, à região dos Gadarenos, saíram-lhe ao encontro dois endemoninhados, que saíam dos sepulcros. Eram tão furiosos que ninguém ousava passar por aquele caminho.
29 E puseram-se a gritar, dizendo: "Que tens tu connosco. Filho de Deus? Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo?"
30 Estava não longe deles uma vara de muitos porcos, que pastavam.
31 Os demônios suplicaram a Jesus: "Se nos expulsas daqui, manda-nos para aquela vara de porcos."
32 Ele disse-lhes: "Ide" Eles, saindo, entraram nos porcos, e imediatamente toda a vara se precipitou com ímpeto no mar por um despenhadeiro; e morreram nas águas.
33 Os pastores fugiram, e, indo à cidade, contaram tudo o que se tinha passado com os possessos do demônio.
34 Então toda a cidade saiu ao encontro de Jesus, e, quando o viram, pediram-lhe que se retirasse do seu território.
Capítulo 9 Ver capítulo
1 Subindo para uma pequena barca, tornou a passar o lago, e voltou para a sua cidade.
2 Eis que lhe apresentaram um paralítico, que jazia no leito. Vendo Jesus a fé que e es tinham, disse ao paralítico: "Filho, tem confiança, são-te perdoados os teus pecados."
3 Então alguns dos escribas disseram dentro de si: "Este blasfema."
4 Tendo Jesus visto os seus pensamentos, disse: "Porque pensais mal nos vossos corações?
5 Que coisa é menos difícil dizer: São-te perdoados os teus pecados, ou dizer: Levanta-te e caminha?
6 Pois, para que saibas que o Filho do homem tem poder sobre a terra de perdoar pecados: Levanta-te, disse então ao paralítico, toma o teu leito, e vai para tua casa.
7 E ele levantou-se, e foi para sua casa."
8 Vendo isto, as multidões ficaram possuídas de temor, e glorificaram a Deus por ter dado tal poder aos homens.
9 Partindo Jesus dali, viu um homem que estava sentado no telónio, chamado Mateus, e disse-lhe: "Segue-me." E ele, levantando-se, o seguiu.
10 Acontecem que, estando (Jesus) sentado à mesa em casa deste homem, eis que, vindo muitos publicanos e pecadores, se sentaram à mesa com Jesus e com os seus discípulos.
11 Vendo isto, os fariseus diziam aos seus discípulos: Por que motivo come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores?
12 Jesus, ouvindo isto, disse: "Os sãos não têm necessidade de médico, mas sim os enfermos.
13 Ide, e aprendei o que significa: Quero misericórdia e não sacrifício (Os. 6, 6). Porque eu não vim chamar os justos, mas os pecadores."
14 Então foram ter com ele os discípulos de João e lhe disseram: "Qual é a razão por que nós os fariseus jejuamos, e os teus discípulos não jejuam?"
15 Jesus respondeu-lhes: "Porventura podem estar tristes os companheiros do esposo, enquanto o esposo está com eles? Mas virão dias em que lhes será tirado o esposo, e então eles jejuarão.
16 Ninguém deita um remendo de pano cru em vestido velho, porque este remendo levaria consigo uma parte do vestido, e ficava pior o rasgão.
17 Nem se deita vinho novo em odres velhos; doutro modo rebentam os odres, derrama-se o vinho, e perdem-se os odres. Mas deita-se vinho novo em odres novos; e assim ambas as coisas se conservam.
18 Enquanto lhes dizia estas coisas, eis que um príncipe (da sinagoga) se aproxima e se prostra diante dele, dizendo: "Senhor, morreu agora minha filha; mas vem, põe a tua mão sobre ela, e viverá."
19 Jesus, levantando-se, o seguiu com os seus discípulos.
20 Eis que uma mulher, que, havia doze anos, padecia de um fluxo de sangue, se chegou por detrás dele, e tocou a fímbria do seu vestido.
21 Dizia dentro de si: "Ainda que eu toque sòmente o seu vestido, serei curada."
22 Voltando-se Jesus e, vendo-a, disse: 'Tem confiança, filha, a tua fé te salvou." E ficou sã a mulher desde aquele momento.
23 Tendo Jesus chegado a casa do príncipe (da sinagoga) viu os tocadores de flauta e uma multidão de gente, que fazia muito barulho.
24 "Retirai-vos, disse, porque a menina não está morta, mas dorme." E eles o escarneciam.
25 Tendo-se feito sair a gente, ele entrou e, tomando a menina pela mão, ela se levantou.
26 E divulgou-se a fama (deste milagre) por toda aquela terra.
27 Partindo dali Jesus, seguiram-no , dois cegos, gritando e dizendo: "Tem piedade de nós. Filho de David !"
28 Tendo chegado a casa, aproximaram-se dele os cegos. E Jesus disse-lhes: "Credes que posso fazer isto?" Eles responderam: "Sim , Senhor."
29 Então tocou-lhes os olhos, dizendo: "Seja-vos feito segundo a vossa fé."
30 E abriram-se os seus olhos. Jesus deu-lhes ordens terminantes, dizendo: "Vede que ninguém o saiba."
31 Mas eles, retirando-se, divulgaram por toda aquela terra a sua fama.
32 Tendo-se estes retirado, apresentaram-lhe um mudo possesso do demônio.
33 Expulso o demônio, falou o mudo, e admiraram-se as multidões, dizendo: "Nunca se viu coisa assim em Israel" Os fariseus, porém, diziam: "Ele expulsa os demônios por meio do príncipe dos demônios."
35 Jesus ia percorrendo todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas, pregando o Evangelho do reino, e curando toda a doença e toda a enfermidade.
36 Vendo aquelas multidões, compadeceu-se delas, porque estavam fatigadas e abatidas, como ovelhas sem pastor.
37 Então disse a seus discípulos: " A messe é verdadeiramente grande, mas os operários são poucos.
38 Rogai pois ao Senhor da messe, que mande operários para a sua messe."
Capítulo 10 Ver capítulo
1 Tendo convocado os seus doze discípulos, deu-lhes Jesus poder de expulsar os espíritos imundos, e de curar todas as doenças e todas as enfermidades.
2 Os nomes dos doze Apóstolos são: O primeiro é Simão, chamado Pedro, depois André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão;
3 Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu;
4 Simão Cannaneu, e Judas Iscariotes, que foi quem o entregou.
5 A estes doze enviou Jesus, depois de lhes ter dado as instruções seguintes: "Não vades (agora) para entre os gentios, nem entreis nas cidades dos samaritanos,
6 ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel.
7 Pondo-vos a caminho, anunciai que está próximo o reino dos céus.
8 Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expeli os demônios. Dai de graça o que de graça recebestes.
9 Não queirais trazer nas vossas cinturas nem ouro, nem prata, nem dinheiro,
10 nem alforje para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bastão; porque o operário tem direito ao seu alimento.
11 Em qualquer cidade ou aldeia, em que entrardes, informai-vos de quem há nela digno de vos receber, e ficai ai até que vos retireis.
12 Ao entrardes na casa, saudai-a, dizendo: A paz seja nesta casa.
13 Se aquela casa for digna, descerá sobre ela a vossa paz; se não for digna, a vossa paz tornará para vós.
14 Se não vos receberem nem ouvirem as vossas palavras, ao sair para fora daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés.
15 Em verdade vos digo que será menos punida no dia do juízo a terra de Sodoma e de Gomorra do que aquela cidade.
16 Eis que eu vos mando como ovelhas no meio de lobos. Sede pois prudentes como serpentes, e simples como pombas.
17 Acautelai-vos dos homens, porque vos farão comparecer nos seus tribunais, e vos açoutarão nas sinagogas.
18 Sereis levados por minha causa à presença dos governadores e dos reis, como testemunho diante deles e diante dos gentios.
19 Quando vos entregarem, não cuideis como ou o que haveis de falar, porque naquela hora vos será inspirado o que haveis de dizer.
20 Porque não sereis vós que falais, mas o Espírito de vosso Pai é o que falará em vós.
21 O irmão entregará à morte o seu irmão, e o pai (entregará) o filho; os filhos se levantarão contra os pais, e lhes darão a morte.
22 Vós, por causa do meu nome, sereis odiados por todos; aquele, porém, que perseverar até ao fim, será salvo.
23 Quando vos perseguirem numa cidade, fugi para outra. Em verdade vos digo que não acabareis de percorrer as cidades de Israel sem que venha o Filho do homem.
24 Não é O discípulo mais que o mestre, nem o servo mais que o senhor.
25 Basta ao discípulo ser como o mestre, e ao servo como o senhor. Se eles chamaram Belzebu ao pai de família, quanto mais aos seus domésticos?
26 Não os temais, pois, porque nada há encoberto que se não venha a descobrir, nem oculto que se não venha a saber.
27 O que eu vos digo nas trevas, dizei-o às claras, e o que é dito ao ouvido, pregai-o sobre os telhados.
28 Não temais os que matam o corpo, e não podem matar a alma. Temei antes aquele que pode lançar na geena a alma e o corpo.
29 Porventura não se vendem dois passarinhos por um asse? E, todavia, nem um só deles cairá sobre a terra sem a permissão de vosso Pai.
30 Até os próprios cabelos da vossa cabeça estão todos contados.
31 Não temais, pois; vós valeis mais que muitos pássaros.
32 Todo aquele, portanto, que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus.
33 Porém o que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus.
34 Não julgueis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer a paz, mas a espada.
35 Porque vim separar o filho de seu pai, e a filha de sua mãe, e a nora da sua sogra.
36 E os inimigos do homem serão os seus próprios domésticos (Mic. 7, 6).
37 O que ama o pai ou a mãe mais do que a mim, não é digno de mim; e o que ama o filho ou a filha mais do que a mim, não é digno de mim.
38 O que não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim.
39 O que se prende à sua vida perdê-la-á, e o que perder a sua vida por meu amor, achá-la-á.
40 O que vos recebe, a mim recebe, e o que me recebe, recebe aquele que me enviou.
41 O que recebe um profeta; na qualidade de profeta, receberá a recompensa do profeta; o que recebe um justo na qualidade de justo, receberá a recompensa de justo.
42 E todo o que der a beber um simples copo de água fresca a um destes pequeninos, a título de ser meu discípulo, na verdade vos digo que não perderá a sua recompensa."
Capítulo 11 Ver capítulo
1 Tendo Jesus acabado de dar estas instruções aos seus doze discípulos, partiu dali para ir ensinar e pregar nas cidades deles.
2 E como João, estando no cárcere, tivesse ouvido falar das obras de Cristo, enviou dois de seus discípulos,
3 a perguntar-lhe: "És tu aquele que há-de vir, ou devemos esperar outro?"
4 Jesus respondeu-lhes: "Ide e contai a João o que ouvistes e vistes:
5 Os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, os pobres são evangelizados;
6 e bem-aventurado aquele que não encontrar em mim motivo de escândalo."
7 Tendo eles partido, começou Jesus a falar de João às turbas: "Que fostes vós ver ao deserto? Uma cana agitada pelo vento?
8 Mas que fostes ver? Um homem vestido de roupas delicadas? Mas os que vestem roupas delicadas vivem nos palácios dos reis.
9 Mas que fostes ver? Um profeta? Sim, vos digo eu, e ainda mais do que profeta.
10 Porque este é aquele de quem está escrito: Eis que eu envio o meu mensageiro adiante de ti, o qual te preparará o caminho diante de ti.
11 Na verdade vos digo que entre os nascidos das mulheres não veio ao mundo outro maior que João Baptista. Entretanto, o menor no reino dos céus é maior do que ele.
12 Desde os dias de João Baptista até agora, o reino dos céus adquire-se à força, e são os violentos que o arrebatam.
13 Todos os profetas e a lei profetizaram até João.
14 E, se vós quereis compreender, ele mesmo é o Elias que há-de vir.
15 O que tem ouvidos para ouvir, ouça.
16 A quem hei-de eu comparar esta geração? É semelhante aos rapazes que estão sentados na praça, e que gritam aos seus companheiros,
17 dizendo: Tocámos flauta, e não bailastes; entoámos endechas e não chorastes.
18 Veio João, que não comia nem bebia, e dizem : Ele tem demônio.
19 Veio o Filho do homem, que come e bebe, e dizem: Eis um glutão e um bebedor de vinho, um amigo dos publicanos e dos pecadores. Mas a sabedoria (divina) foi justificada por suas obras."
20 Então começou a exprobar às cidades em que tinham sido operados muitos dos seus milagres, o não terem feito penitência.
21 "Ai de ti, Corozain! Ai de ti, Betsaida! porque, se em Tiro e em Sidónia tivessem sido feitos os milagres que se realizaram em vós, há muito tempo que teriam feito penitência em cilísio e em cinza,
22 Por isso vos digo que haverá menor rigor para Tiro e Sidónia no dia do juízo, que para vós.
23 E tu, Cafarnaum, elevar-te-ás porventura até ao céu? Não, hás-de ser abatida até ao inferno (Is. 14,13-15). Se em Sodoma tivessem sido feitos os milagres que se fizeram em ti, ainda hoje existiria.
24 Por isso vos digo que no dia do juízo haverá menos rigor para a terra de Sodoma que para ti."
25 Então Jesus, falando novamente, disse: "Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos prudentes, e as revelaste aos pequeninos.
26 Assim é, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.
27 Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece o Filho senão o Pai; nem alguém conhece o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
28 Vinde a mim todos os que estais fatigados e carregados, e eu vos aliviarei.
29 Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para as vossas almas.
Capítulo 12 Ver capítulo
1 Naquele tempo, num dia de sábado, passava Jesus por umas searas, e seus discípulos, tendo fome, começaram a colher espigas e a comê-las.
2 Vendo isto os fariseus, disseram-lhe: "Eis que os teus discípulos fazem o que não é permitido fazer ao sábado."
3 Jesus respondeu-lhes: "Não lestes o que fez David quando teve fome, ele e os que com ele iam?
4 Como entrou na casa de Deus, e comeu os pães da proposição, os quais não era licito comer, nem a ele, nem aos que com ele iam, mas só aos sacerdotes?
5 Não lestes na lei que aos sábados os sacerdotes no templo violam o sábado e ficam sem culpa?
6 Ora eu digo-vos que aqui está alguém que é maior que o templo.
7 Se vós soubésseis o que quer dizer: Quero a misericórdia e não sacrifício (Os. 6, 6), jamais condenaríeis inocentes.
8 Porque o Filho do homem é senhor do próprio sábado."
9 Partindo dali, foi à sinagoga deles,
10 onde se encontrava um homem que tinha seca uma das mãos; e eles, para terem de que o acusar, perguntaram-lhe: "É permitido curar aos sábados?"
11 Ele respondeu-Ihes: "Que homem haverá entre vós que, tendo uma ovelha, se esta cair no dia de sábado a uma cova, não a tome, e não a tire de lá?
12 Ora quanto mais vale um homem do que uma ovelha? Logo é permitido fazer bem no dia de sábado."
13 Então disse ao homem: "Estende a tua mão." Ele estendeu-a, e ela tornou-se sã como a outra.
14 Os fariseus, saindo dali, tiveram conselho contra ele sobre o modo de o levarem à morte.
15 Jesus, sabendo isto, retirou-se daquele lugar. Muitos seguiram-no, e curou-os a todos.
16 Ordenou-lhes que não o descobrissem,
17 para que se cumprisse o que tinha sido anunciado pelo profeta Isaías (Is. 42, 1-4):
18 Eis o meu servo, que eu escolhi, o meu amado, em quem a minha alma pôs as suas complacências. Farei repousar sobre ele o meu Espirito, e ele anunciará a justiça às nações.
19 Não contenderá, nem clamará, nem ouvirá alguém a sua voz nas praças;
20 não quebrará a cana rachada, nem apagará a torcida que fumega, até que faça triunfar a justiça;
21 e as nações esperarão no seu nome.
22 Então trouxeram-lhe um endemoninhado, cego e mudo, e ele o curou, de sorte que falava e via.
23 E ficaram estupefactas todas as multidões, e diziam: "Não será este o Filho de David?"
24 Mas os fariseus, ouvindo isto, disseram: "Este não lança fora os demônios, senão por virtude de Belzebu, príncipe dos demônios."
25 Porém, Jesus, conhecendo os pensamentos deles, disse-lhes: "Todo o reino, dividido contra si mesmo, será destruído; e toda a cidade ou família, dividida contra si mesma, não subsistirá.
26 Ora, se Satanás lança fora a Satanás, está dividido contra si mesmo; como subsistirá, pois, o seu reino?
27 E se eu lanço fora os demônios por virtude de Belzebu, por virtude de quem os expelem vossos filhos? Por isso é que eles serão os vossos juízes.
28 Se eu, porém, lanço fora os demônios pela virtude do Espírito de Deus, é chegado a vós o reino de Deus.
29 Como pode alguém entrar na casa de um valente, e saquear os seus móveis, se antes não prender o valente? Só então lhe poderá saquear a casa.
30 Quem não é comigo, é contra mim; e quem não junta comigo, derperdiça.
31 Por isso vos digo: Todo o pecado e blasfêmia será perdoado aos homens, porém a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada.
32 Todo o que disser alguma palavra contra o Filho do homem, lhe será perdoado; porém o que a disser contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro.
33 Ou dizei que a árvore é boa e o seu fruto bom, ou dizei que a árvore é má e o seu fruto mau, pois que pelo fruto se conhece a árvore.
34 Raça de víboras, como podeis dizer coisas boas, vós que sois maus? Porque a boca fala da abundância do coração.
35 O homem bom tira boas coisas do seu bom tesouro, e o mau homem tirá más coisas do seu mau tesouro.
36 Ora eu digo-vos que de qualquer palavra ociosa que tiverem proferido os homens, darão conta dela no dia do juízo.
37 Porque pelas tuas palavras será justificado ou condenado."
38 Então lhe replicaram alguns dos escribas e fariseus, dizendo: "Mestre, nós desejávamos ver algum prodígio teu.
39 Ele respondeu-lhes: "Esta geração má e adúltera pede um prodígio, mas não lhe será dado outro prodígio, senão o prodígio do profeta Jonas.
40 Porque, assim como Jonas esteve no ventre da baleia três dias e três noites (Jn. 2, 1), assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra.
41 Os habitantes de Ninive se levantarão no dia do juízo contra esta geração, e a condenação, porque fizeram penitência com a pregação de Jonas. Ora aqui está quem é mais do que Jonas.
42 A rainha do meio-dia levantar-se-á no dia do juízo contra esta geração e a condenará, porque veio dos confins da terra a ouvir a sabedoria de Salomão. Ora aqui está quem é mais do que Salomão.
43 Quando o espírito imundo saiu de um homem, anda errando por lugares áridos, à busca de repouso, e não o encontra.
44 Então diz: Voltarei para minha casa, donde saí. E, quando vem, a encontra desocupada, varrida e adornada.
45 Então vai, e toma consigo outros sete espíritos piores do que ele, e, entrando, habitam ali; e o último estado daquele homem torna-se pior que o primeiro. Assim também acontecerá a esta geração perversa."
46 Estando ele ainda a falar ao povo, eis que sua mãe e seus irmãos se achavam fora, desejando falar-lhe.
47 Alguém disse-lhe: "Tua mãe e teus irmãos estão ali fora, e desejam falar-te."
48 Ele, porém, respondeu ao que falava: "Quem é minha mãe e quem são os meus irmãos?"
49 E, estendendo a mão para os seus discípulos, disse: "Eis minha mãe e meus irmãos.
50 Porque todo aquele que fizer a vontade de meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão e minha irmã e minha mãe."
Capítulo 13 Ver capítulo
1 Naquele dia, saindo Jesus de casa, sentou-se à beira do mar.
2 E juntou-se em volta dele uma grande multidão de gente, de tal sorte que foi preciso entrar numa barca e sentar-se nela ; e toda a multidão estava em pé sobre a praia.
3 E disse-lhes muitas coisas por parábolas: "Eis que um semeador saiu a semear.
4 Quando semeava, uma parte da semente caiu ao longo do caminho, e vieram as aves do céu e comeram-na.
5 Outra parte caiu em lugar pedregoso, onde não havia muita terra; e logo nasceu, porque não tinha profundidade de terra.
6 Mas, saindo o sol, queimou-se; e porque não tinha raiz, secou.
7 Outra parte caiu entre os espinhos; e cresceram os espinhos, e a sufocaram.
8 Outra parte, enfim, caiu em boa terra, e frutificou; uns grãos deram cem por um, outros sessenta, outros trinta.
9 Quem tem ouvidos para ouvir, ouça."
10 Chegando-se a ele os discípulos, disseram-lhe: "Por que razão lhes falas por meio de parábolas?"
11 Ele respondeu-lhes: "Porque a vós é concedido conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é concedido.
12 Porque ao que tem lhe será dado (ainda mais), e terá em abundância, mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado.
13 Por isso lhes falo em parábolas, porque vendo não vêem, e ouvindo não ouvem nem entendem.
14 E cumpre-se neles a profecia de Isaías (Is. 6, 9-10), que diz: Ouvireis com os ouvidos, e não entendereis; olhareis com os vossos olhos, e não vereis.
15 Porque o coração deste povo tornou-se insensível, os- seus ouvidos tornaram-se duros, e fecharam os olhos, para não suceder que vejam com os olhos, e ouçam com os ouvidos, e entendam com o coração, e se convertam, e eu os sare.
16 Ditosos, porém, os vossos olhos, porque vêem, e os vossos ouvidos, porque ouvem.
17 Em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes, e não o viram, ouvir o que ouvis, e não o ouviram.
18 Ouvi, pois, vós o que significa a parábola do semeador:
19 Todo aquele que ouve a palavra do reino (do Evangelho), e não lhe presta atenção, vem o espírito maligno e arrebata o que foi semeado no seu coração; este é o que recebeu a semente ao longo da estrada.
20 O que recebeu a semente no lugar pedregoso, é aquele que ouve a palavra, e logo a recebe com gosto;
21 porém, não tem em si raiz, é inconstante; e, quando lhe sobrevêm tribulação e perseguição por causa da palavra, logo sucumbe.
22 O que recebeu a semente entre espinhos, é aquele que ouve a palavra, porém os cuidados deste século e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutuosa.
23 O que recebeu a semente em boa terra, é aquele que ouve a palavra, e a compreende, esse dá fruto, e umas vezes dá cem, outras sessenta, e outras trinta por um."
24 Propôs-lhe outra parábola, dizendo: " O reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo.
25 Porém, enquanto os homens dormiam, veio o seu inimigo, e semeou cizânia no meio do trigo, e foi-se.
26 Tendo crescido a erva e dado fruto, apareceu então a cizânia.
27 Chegando os servos do pai de família, disseram-lhe: Senhor, porventura não semeaste tu boa semente no teu campo? Donde veio pois a cizânia?
28 Ele respondeu-lhes: Foi um inimigo que fez isto. Os servos disseram-lhe: Queres que vamos e a arranquemos?
29 Ele respondeu-lhes: Não. para que talvez não suceda que, arrancando a cizânia, arranqueis juntamente com ela o trigo.
30 Deixai crescer uma e outra coisa até à ceifa, e no tempo da ceifa direi aos segadores: Colhei primeiramente a cizânia, e atai-a em molhos para a queimar; o trigo, porém, recolhei-o no meu celeiro."
31 Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda, que um homem tomou e semeou no seu campo.
32 É a mais pequena,de todas as sementes, mas, depois de ter crescido, é maior que todas as hortaliças e chega a tornar- se uma árvore, de sorte que as aves do céu vêm aninhar sobre os seus ramos."
33 Disse-lhes outra parábola; "O reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher toma e mistura em três medidas de farinha, até que o todo fica fermentado."
34 Todas estas coisas disse Jesus ao povo em parábolas; e não lhes falava sem parábolas,
35 a fim de que se cumprisse o que estava anunciado pelo profeta, que diz; Abrirei em parábolas a minha boca, publicarei as coisas escondidas desde a criação (Ps. 77, 2)."
36 Então (Jesus), despedido o povo, foi para casa, e chegaram-se a ele os seus discípulos, dizendo: "Explica-nos a parábola da cizânia no campo."
37 Ele respondeu: "O que semeia a boa semente, é o Filho do homem.
38 O campo é o mundo. A boa semente são os filhos do reino. A cizânia são os filhos do (espírito) maligno.
39 O inimigo que a semeou, é o demônio. O tempo da ceifa é o fim do mundo. Os segadores são os anjos.
40 De maneira que, assim como é colhida a cizânia e queimada no fogo, assim acontecerá no fim do mundo.
41 O Filho do homem enviará os seus anjos, e tirarão do seu reino todos os escândalos e os que praticam a iniquidade,
42 e lançá-los-ão na fornalha de fogo. Ali haverá choro e ranger de dentes.
43 Então resplandecerão os justos como o sol no reino de seu Pai. O que tem ouvidos para ouvir, ouça.
44 O reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo, o qual, quando um homem o acha, esconde-o, e, pelo gosto que sente de o achar, vai, e vende tudo o que tem, e compra aquele campo.
45 O reino dos céus é também semelhante a um mercador que busca pérolas preciosas,
46 e, tendo encontrado uma de grande preço, vai, vende tudo o que tem, e a compra.
47 O reino dos céus é ainda semelhante a uma rede lançada ao mar, que colhe toda a casta de peixes.
48 Quando está cheia, os pescadores tiram-na para fora, e, sentados na praia, escolhem os bons para cestos e deitam fora os maus.
49 Será assim no fim do mundo, virão os anjos, e separarão os maus do meio dos justos,
50 e lançá-los-ão na fornalha de fogo. Ali haverá choro e ranger de dentes.
51 Compreendestes tudo isto?" Eles responderam: "Sim."
52 Ele disse-Ihes; "Por isso todo o escriba instruído nas coisas do reino dos céus é semelhante a um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas."
53 Quando Jesus acabou de dizer estas parábolas partiu dali.
54 E, indo para a sua pátria, ensinava nas suas sinagogas, de modo que se admiravam e diziam; "Donde lhe vem esta sabedoria e estes milagres?
55 Porventura não é este o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas?
56 Suas irmãs não vivem todas entre nós? Donde vem, pois, a este todas estas coisas?
57 E estavam perplexos a seu respeito." Mas Jesus disse-lhes: "Não há profeta sem prestígio senão na sua pátria e na sua casa."
58 E fez ali poucos milagres, por causa da incredulidade deles.
Capítulo 14 Ver capítulo
1 Naquele tempo, o tetrarca Herodes ouviu falar da fama de Jesus,
2 e disse aos seus cortesãos: "Este é João Baptista, que ressuscitou dos mortos, e eis porque tantos milagres se operam por meio dele."
3 Porque Herodes tinha mandado prender e ligar João, e tinha-o algemado e metido no cárcere, por causa de Herodíades, mulher de seu irmão Filipe.
4 Porque João dizia-lhe: "Não te é licito tê-la por mulher."
5 E, querendo matá-lo, teve medo do povo, porque este o considerava como um profeta.
6 Mas, no dia natalício de Herodes, a filha de Herodíades bailou no meio dos convivas, e agradou a Herodes.
7 Por isso ele prometeu-lhe com juramento dar-lhe tudo o que lhe pedisse.
8 E ela, instigada por sua mãe: "Dá-me, disse, aqui num prato a cabeça de João Baptista."
9 O rei entristeceu-se, mas, por causa do juramento e dos comensais, mandou dar-lha.
10 E mandou degolar João no cárcere.
11 Foi trazida a sua cabeça num prato, e dada à moça, e ela levou-a a sua mãe.
12 Chegando os seus discípulos, levaram o corpo, e sepultaram-no; depois foram dar a notícia, a Jesus.
13 Tendo Jesus ouvido isto, retirou-se dali numa barca a um lugar solitário afastado; mas, tendo sabido isto as turbas, seguiram-no a pé das cidades (vizinhas).
14 Ao sair da barca, viu Jesus uma grande multidão, e teve compaixão dela, e curou os seus enfermos.
15 Ao cair da tarde, aproximaram-se dele os discípulos, dizendo: "Este lugar é deserto, e a hora é já adiantada: deixa ir essa gente, para que, indo às aldeias, compre de comer."
16 Mas Jesus disse-lhes: "Não têm necessidade de ir; dai-lhes vós de comer."
17 Responderam-lhe: "Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes.
18 Ele disse-lhes: "Trazei-mos cá ."
19 Em seguida, tendo mandado à multidão que se sentasse sobre a erva, tomou os cinco pães e os dois peixes, levantou os olhos ao céu, abençoou, e, partindo os pães, deu-os aos discípulos, e os discípulos às turbas.
20 Comeram todos, e saciaram-se; e levantaram doze cestos cheios dos bocados que sobejaram.
21 Ora o número dos que tinham comido era de cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças.
22 Imediatamente Jesus obrigou os seus discípulos a subir para a barca, e a passarem antes dele à outra margem do lago, enquanto despedia as turbas.
23 Despedidas as turbas, subiu só a um monte para orar. Quando chegou a noite, achava-se ali só.
24 Entretanto a barca no meio do mar era batida pelas ondas, porque o vento era contrário.
25 Ora na quarta vigília da noite, foi Jesus ter com eles, andando sobre o mar.
26 Os discípulos, quando o viram andar sobre o mar, turbaram-se e disseram: "É um fantasma." E, com medo, começaram a gritar.
27 Mas Jesus falou-lhes imediatamente, dizendo: "Tende confiança; sou eu, não temais."
28 Pedro, tomando a palavra, disse; "Senhor, se és tu, manda-me ir até onde estás por sobre as águas."
29 Ele disse: "Vem" Descendo Pedro da barca, caminhava sobre a água para ir a Jesus.
30 Vendo, porém, que o vento era forte, temeu, e, começando a submergir-se, gritou, dizendo: "Senhor salva-me!"
31 Imediatamente Jesus, estendendo a mão, o tomou e lhe disse; "Homem de pouca fé, porque duvidaste?"
32 Depois que subiram para a barca, o vento cessou.
33 Os que estavam na barca prostraram-se diante dele, dizendo: "Verdadeiramente tu és o Filho de Deus."
34 Tendo atravessado o lago, foram para a terra de Genesar.
35 Tendo-o reconhecido o povo daquele lugar, mandaram prevenir toda aquela região, e lhe apresentaram todos os doentes.
36 Estes rogavam-lhe que os deixasse tocar sequer a orla do seu vestido. E todos os que o tocaram, ficaram sãos.
Capítulo 15 Ver capítulo
1 Então aproximaram-se dele uns escribas e fariseus de Jerusalém, dizendo:
2 "Porque violam os teus discípulos a tradição dos antigos? Pois não lavam as mãos quando comem pão."
3 Ele respondeu-lhes: "E vós também porque transgredia o mandamento de Deus por causa da vossa tradição? Porque Deus disse:
4 Honra teu pai e tua mãe (Ex. 20, 12; Dt. 5, 16), e: O que amaldiçoar seu pai ou sua mãe, seja punido de morte (Ex. 21, 17).
5 Porém, vós dizeis: Qualquer que disser a seu pai ou a sua mãe: É oferta a Deus qualquer coisa minha que te possa ser útil,
6 não está mais obrigado a honrar seu pai ou sua mãe; e, assim, por causa da vossa tradição, tornastes nulo o mandamento de Deus.
7 Hipócritas, bem profetizou de vós Isaías, dizendo (Is. 29, 13):
8 Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.
9 Em vão me prestam culto; as doutrinas que ensinam são preceitos humanos."
10 Depois, chamando a si as turbas, disse-Ihes: "Ouvi e entendei.
11 Não é aquilo que entra pela boca, que mancha o homem, mas aquilo que sai da boca, isso é que torna imundo o homem."
12 Então, aproximando-se dele os seus discípulos, disseram-lhe: "Sabes que os fariseus, ouvindo estas palavras, se escandalizaram?"
13 Jesus respondeu: "Toda a planta que meu Pai celestial não plantou, será arrancada pela raiz.
14 Deixai-os; são cegos, e guias de cegos; e, se um cego guia outro cego, ambos caem na fossa."
15 Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: "Explica-nos essa parábola."
16 Jesus respondeu: "Também vós tendes tão pouca compreensão?
17 Não compreendeis que tudo o que entra pela boca passa ao ventre, e se lança depois num lugar escuso?
18 Mas as coisas que saem da boca, vêm do coração, e estas são as que mancham o homem;
19 porque do coração saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as fornicações, os furtos, os falsos testemunhos, as palavras injuriosas.
20 Estas coisas são as que mancham o homem. O comer, porém, com as mãos por lavar não mancha o homem."
21 Partindo dali, retirou-se Jesus para a região de Tiro e de Sidónia.
22 E eis que uma Cananeia, que tinha saído daqueles arredores, gritou: "Senhor, Filho de David, tem piedade de mim! Minha filha está miseravelmente atormentada do demônio."
23 Ele, porém, não lhe respondeu palavra. Aproximando-se seus discípulos, pediram-lhe: "Despede-; porque vem gritando atrás de nós."
24 Ele respondeu: "Eu não fui enviado senão às ovelhas desgarradas da casa de Israel."
25 Ela, porém, veio, prostrou-se diante dele, dizendo: "Senhor, valei-me."
26 Ele respondeu: "Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cães."
27 Ela replicou: "Assim é. Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos."
28 Então Jesus disse-lhe: "Ó mulher, grande é a tua fé! Seja-te feito como queres." E, desde aquela hora, ficou sã a sua filha.
29 Tendo Jesus saído dali, dirigiu-se para o mar da Galileia; e, subindo a um monte, sentou-se aí.
30 E concorreu a ele uma grande multidão de povo, que trazia consigo coxos, cegos, mudos, estropiados e muitos outros. Lançaram-nos a seus pés, e ele os curou;
31 de sorte que as turbas se admiravam, vendo falar os mudos, andar os coxos, ver os cegos; e davam glória ao Deus de Israel.
32 Jesus, chamando os seus discípulos, disse: "Tenho piedade deste povo, porque há jã três dias que não se afastam de mim, e não têm que comer. Não quero despedi-los em jejum, para que não desfaleçam no caminho."
33 Os discípulos disseram-lhe: "Onde poderemos encontrar neste deserto pães bastantes para matar a fome a tão grande multidão?"
34 Jesus disse-lhes: "Quantos pães tendes vós?" Eles responderam: "Sete e uns poucos de peixinhos."
35 Ordenou então ao povo que se sentasse sobre a terra.
36 E, tomando os sete pães e os peixes, deu graças, partiu-os, deu-os aos seus discípulos, e os discípulos os deram ao povo.
37 Comeram todos, e saciaram-se. E dos bocados que sobejaram levantaram sete cestos cheios.
38 Os que tinham comido eram quatro mil homens, sem contar mulheres e crianças.
39 Em seguida, despedindo o povo, entrou Jesus numa barca, e foi para o território de Magadan.
Capítulo 16 Ver capítulo
1 Foram ter com ele os fariseus e os saduceus, e, para o tentarem, pediram-lhe que lhes mostrasse algum prodígio do céu.
2 Ele, porém, respondeu-lhes: "Vós, quando vai chegando a noite, dizeis: Haverá tempo sereno, porque o céu está vermelho.
3 E de manhã: Hoje haverá tempestade, porque o céu mostra um avermelhado sombrio.
4 Sabeis, pois, distinguir o aspecto do céu e não podeis conhecer os sinais dos tempos? Esta geração perversa e adúltera pede um prodígio, mas não lhe será dado outro prodígio, senão o prodígio do profeta Jonas." E, deixando-os, retirou-se.
5 Os seus discípulos, tendo passado à outra margem do lago, tinham-se esquecido de levar pão.
6 Jesus disse-lhes: "Atenção ! Guardai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus."
7 Mas eles discorriam entre si, dizendo: "'É que não trouxemos pão."
8 Conhecendo Jesus isto, disse: "Homens de pouca fé, porque estais considerando convosco, pelo motivo de não terdes pão?
9 Ainda não compreendeis! Não vos lembrais dos cinco pães para os cinco mil homens, e quantos cestos recolhestes?
10 Nem dos sete pães para quatro mil homens, e quantos cestos recolhestes?
11 Porque não compreendeis que não foi a respeito do pão que eu vos disse: Guardai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus?
12 Então compreenderam que não havia dito que se guardassem do fermento dos pães, mas da doutrina dos fariseus e dos saduceus."
13 Tendo chegado à região de Cesareia de Filipe, Jesus interrogou os seus discípulos, dizendo: "Que dizem os homens que é o Filho do homem?"
14 Eles responderam: "Uns dizem que é João Baptista, outros que é Elias, outros que é Jeremias ou algum dos profetas."
15 Jesus disse-lhes: "E vós quem dizeis que eu sou?"
16 Respondendo Simão Pedro, disse: "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo."
17 Respondendo Jesus, disse-lhe: "Bem-aventurado és, Simão Bar-Jona, porque não foi a carne e o sangue que te revelaram, mas meu Pai que está nos céus.
18 E eu digo-te que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
19 Eu te darei as chaves do reino dos céus: tudo o que ligares sobre a terra, será ligado também nos céus, e tudo o que desatares sobre a terra, será desatado também nos céus."
20 Depois ordenou a seus discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o Messias.
21 Desde então começou Jesus a manifestar a seus discípulos que devia ir a Jerusalém, padecer muitas coisas dos anciãos, dos príncipes dos sacerdotes e dos escribas, ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia.
22 Tomando-o Pedro aparte, começou a increpá-lo, dizendo: "Deus tal não permita. Senhor; não te sucederá isto."
23 Ele, voltando-se para Pedro, disse-lhe: "Retira-te de mim. Satanás! Tu serves-me de escândalo, porque não tens a sabedoria das coisas de Deus, mas dos homens."
24 Então Jesus disse aos seus discípulos: "Se alguém quer vir após de mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.
25 Porque o que quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e o que perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á.
26 Pois, que aproveitará a um homem ganhar todo o mundo, se vier a perder a sua alma? Ou que dará um homem em troca da sua alma?
27 Porque o Filho do homem há-de vir na glória de seu Pai com os seus anjos, e então dará a cada um segundo as suas obras.
28 Em verdade vos digo que entre aqueles que estão aqui presentes, há alguns que não morrerão, antes que vejam vir o Filho do homem com o seu reino."
Capítulo 17 Ver capítulo
1 Seis dias depois, tomou Jesus consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e levou-os aparte a um alto monte,
2 e transfigurou-se diante deles. O seu rosto ficou refulgente como o sol, e as suas vestiduras tornaram-se luminosas de brancas que estavam.
3 Eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele.
4 Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: "Senhor, bom é nós estarmos aqui; se queres, farei aqui três tabernáculos, um para ti, um para Moisés, e um para Elias."
5 Estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem resplandecente os envolveu; e saiu da nuvem uma voz que dizia: 'Este é o meu Filho dilecto em quem pus toda a minha complacência; ouvi-o."
6 Ouvindo isto, os discípulos caíram de bruços, e tiveram grande medo.
7 Porém, Jesus, aproximou-se deles, tocou-os e disse-Ihes: "Levantai-vos, não temais."
8 Eles, então, levantando os olhos, não viram ninguém, excepto só Jesus.
9 Quando desciam do monte, Jesus fez-lhes a seguinte proibição: "Não digais a ninguém o que vistes, até que o Filho do homem ressuscite dos mortos."
10 Os discípulos perguntaram-lhe: "Porque dizem, pois, os escribas que Elias deve vir primeiro?"
11 Ele respondeu-lhes: "Elias certamente há-de vir (antes da minha segunda vinda), e restabelecerá todas as coisas.
12 Digo-vos, porém, que Elias já veio, e não o reconheceram, antes fizeram dele o que quiseram. Assim também o Filho do homem há-de padecer às suas mãos. "
13 Então os discípulos compreenderam que lhes tinha falado de João Baptista.
14 Tendo ido para junto do povo, aproximou-se dele um homem que se lançou de joelhos diante dele,
15 dizendo: "Senhor, tem piedade de meu filho, porque é lunático e sofre muito; pois muitas vezes cai no fogo, e muitas na água.
16 Apresentei-o a teus discípulos, e não o puderam curar."
17 Jesus respondeu: "Ó geração incrédula e perversa, até quando hei-de estar convosco? Até quando vos hei-de suportar? Trazei-mo cá."
18 Jesus ameaçou o demônio, e este saiu do jovem, o qual, desde aquele momento, ficou curado.
19 Então os discípulos aproximaram-se de Jesus, em particular, e disseram-lhe: "Porque não pudemos nós lançá-lo fora?
20 Jesus disse-lhes: Por causa da vossa falta de fé. Porque na verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará, e nada vos será impossível.
21 Esta casta (de demônios) não se lança fora, senão mediante a oração e o jejum,"
22 Enquanto andavam pela Galileia, Jesus disse-Ihes: "O Filho do homem será entregue às mãos dos homens,
23 eles lhe darão a morte, e ressuscitará ao terceiro dia." E eles entristeceram-se em extremo.
24 Quando entraram em Cafarnaum, chegaram-se a Pedro os que recebiam o didracma (para o templo), e disseram-lhe: "Vosso Mestre não paga o didracma?"
25 Ele respondeu-lhes: "Sim." Quando Pedro entrou em casa, Jesus o preveniu, dizendo: "Que te parece, Simão? De quem recebem os reis da terra o tributo ou o censo? De seus filhos, ou dos estranhos?"
26 Ele respondeu: "Dos estranhos." Disse-lhe Jesus: "Logo estão isentos os filhos.
27 Todavia, para que os não escandalizemos, vai ao mar e lança o anzol, e o primeiro peixe que subir, toma-o, e, abrindo-lhe a boca, acharás dentro um stater. Toma-o, e dá-lho por mim e por ti.
Capítulo 18 Ver capítulo
1 Naquela mesma ocasião aproximaram-se de Jesus os discípulos, dizendo: "Quem é o maior no reino dos céus?
2 Jesus, chamando um menino, pô-lo no meio deles,
3 e disse: "Na verdade vos digo que, se vos não converterdes e vos não tornardes como meninos, não entrareis" no reino dos céus.
4 Aquele, pois, que se fizer pequeno, como este menino, esse será o maior no reino dos céus.
5 E o que receber em meu nome um menino como este, é a mim que recebe.
6 Porém, o que escandalizar um destes pequeninos, que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço a mó de um moinho, e que o lançassem ao fundo do mar.
7 Ai do mundo por causa dos escândalos! Eles são inevitáveis, mas ai daquele homem por quem vem o escândalo!
8 Por isso, se a tua mão ou o teu pé te escandaliza, corta-o e lança-o fora de ti; melhor te é entrar na vida com um pé ou mão a menos, do que, tendo duas mãos e dois pés, ser lançado no fogo eterno.
9 E, se o teu olho te escandaliza, arranca-o e lança-o fora de ti; melhor te é entrar na vida com um só olho, do que, tendo dois, ser lançado no fogo da geena.
10 Vede, não desprezeis um só destes pequeninos, pois vos declaro que os seus anjos nos céus vêem incessantemente a face de meu Pai, que está nos céus.
11 Porque o filho do homem veio salvar o que tinha perecido.
12 Que vos parece? Se alguém tiver cem ovelhas, e uma delas se desgarrar, porventura não deixa as outras noventa e nove no monte, e vai em busca daquela que se desgarrou?
13 E, se acontecer encontrá-la, digo-vos em verdade que se alegra mais por esta, do que pelas noventa e nove que não se desgarraram.
14 Assim, não é a vontade de vosso Pai que está nos céus, que pereça um só destes pequeninos.
15 Se teu irmão pecar contra ti, vai, corrige-o entre ti e ele só. Se te ouvir, ganhaste o teu irmão.
16 Se, porém, te não ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que pela palavra de duas ou três testemunhas se decida toda a questão.
17 Se os não ouvir, dize-o à Igreja. Se não ouvir a Igreja, considera-o como um gentio e um publicano.
18 Em verdade vos digo: Tudo o que ligardes sobre a terra, será ligado no céu; e tudo o que desatardes sobre a terra, será desatado no céu.
19 Ainda vos digo que, se dois de vós se unirem entre si sobre a terra a pedir qualquer coisa, esta Ihes será concedida por meu Pai, que está nos céus.
20 Porque onde se acham dois ou três congregados em meu nome, aí estou eu no nome deles."
21 Então, aproximando-se dele Pedro, disse: "Senhor, até quantas vezes poderá pecar meu irmão contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes?"
22 Jesus respondeu-lhe: "Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete.
23 Por isso o reino dos céus é comparado a um rei que quis fazer as contas com os seus servos.
24 Tendo começado a fazer as contas, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos.
25 Como não tivesse com que pagar, mandou o seu senhor que fosse vendido ele, sua mulher, seus filhos e tudo o que tinha, e se saldasse a dívida.
26 Porém o servo, lançando-se-lhe aos pés, lhe suplicou. Tem paciência comigo, eu te pagarei tudo.
27 E o senhor, compadecido daquele servo, deixou-o ir livre, e perdoou-lhe a dívida.
28 Mas este servo, tendo saído, encontrou um dos seus companheiros, que lhe devia cem dinheiros, e, lançando-lhe a mão, o sufocava dizendo: Paga o que me deves.
29 O companheiro, lançando-se-lhe aos pés, lhe suplicou: Tem paciência comigo, eu te pagarei.
30 Porém ele recusou e foi mandá-lo meter na prisão, até pagar a dívida.
31 Os outros servos seus companheiros, vendo isto, ficaram muito contristados, e foram referir ao seu senhor tudo o que tinha acontecido.
32 Então o senhor chamou-o, e disse-lhe: Servo mau, eu perdoei-te a dívida toda, porque me suplicaste.
33 Não devias tu logo compadecer-te também do teu companheiro, como eu me compadeci de ti?
34 E o seu senhor, irado, entregou-o aos algozes, até que pagasse toda a dívida.
35 Assim também vos fará meu Pai celestial, se cada um não perdoar do íntimo do seu coração a seu irmão."
Capítulo 19 Ver capítulo
1 Tendo Jesus acabado estes discursos, partiu da Galileia e foi para o território da Judeia, além do Jordão.
2 Uma grande multidão o seguia, e curou os seus doentes.
3 Foram ter com ele os fariseus para o tentar, e disseram-lhe: "É lícito a um homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?"
4 Ele respondeu-lhes: "Não lestes que no principio, o Criador fez o homem e a mulher, e disse:
5 Por isso deixará o homem pai e mãe, e juntar-se-á com sua mulher, e os dois serão uma só carne (Gn. 2, 24).
6 Por isso não mais são dois, mas uma só carne. Portanto não separe o homem o que Deus juntou."
7 "Porque mandou, pois, Moisés, replicaram eles, dar (o homem, a sua mulher) libelo de repúdio, e separar-se (dela) ?"
8 Respondeu-lhes : "Porque Moisés, por causa da dureza do vosso coração, permitiu-vos repudiar vossas mulheres; mas no principio não foi assim.
9 Eu, pois, digo-vos que todo aquele que repudiar sua mulher, a não ser por causa de fornicação, e casar com outra, comete adultério; e o que se casar com uma repudiada, comete adultério."
10 Disseram-lhe os discípulos: Se tal é a condição do homem a respeito de sua mulher, não convém casar.
11 Ele respondeu-lhes: "Nem todos compreendem esta palavra, mas sòmente aqueles a quem foi concedido.
12 Porque há eunucos que nasceram assim do ventre de sua mãe; há eunucos a quem os homens fizeram tais; e há eunucos que a si mesmos se fizeram eunucos por amor do reino dos céus. Quem pode compreender isto, compreenda."
13 Então lhe foram apresentados vários meninos para que lhes impusesse as mãos e orasse por eles. Mas os discípulos increpavam-nos.
14 Jesus, porém, disse-lhes: "Deixai os meninos, e não os impeçais de vir a mim, porque deles é o reino dos céus."
15 E, tendo-lhes imposto as mãos, partiu dali.
16 Aproximando-se dele um jovem, disse-lhe: "Mestre, que hei-de eu fazer de bom para alcançar a vida eterna?"
17 Jesus respondeu-lhe: "Porque me interrogas acerca do que é bom? Um só é bom, Deus. Porém, se queres entrar na vida (eterna) guarda os mandamentos."
18 "Quais?", perguntou ele. Jesus disse: "Não matarás, não cometerás adultério, não roubarás, não dirás falso testemunho.
19 Honra teu pai e tua mãe, e ama o teu próximo como a ti mesmo (Ex. 20, 12-16; Lv. 19, 18; Dt. 5, 16-20)."
20 Disse-lhe o jovem: "Tenho observado tudo isso desde a minha infância. Que me falta ainda?"
21 Jesus disse-lhe: "Se queres ser perfeito, vai, vende o que tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; depois vem e segue-me."
22 O jovem, porém, tendo ouvido esta palavra, retirou-se triste, porque tinha muitos bens.
23 Jesus disse a seus discípulos: "Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos céus.
24 Digo-vos mais: É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, que entrar um rico no reino dos céus."
25 Os discípulos, ouvidas estas palavras, ficaram muito admirados, dizendo: "Quem poderá pois salvar-se?
26 Porém, Jesus, olhando para eles, disse-lhes: "Aos homens isto é impossível, mas a Deus tudo é possível."
27 Então Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: "Eis que abandonámos tudo e te seguimos; que haverá então para nós?"
28 Jesus disse-lhes: "Em verdade vos digo que, no dia da regeneração, quando o Filho do homem estiver sentado no trono da sua glória, vós, que me seguistes, também estareis sentados sobre doze tronos, e julgareis as doze tribos de Israel.
29 E todo o que deixar a casa, ou os irmãos ou irmãs, ou o pai ou a mãe, ou os filhos, ou os campos, por causa do meu nome, receberá o cêntuplo, e possuirá a vida eterna.
30 Muitos primeiros serão os últimos, e muitos últimos serão os primeiros.
Capítulo 20 Ver capítulo
1 O reino dos céus é semelhante a um pai de família que, ao romper da manhã, saiu a contratar operários para sua vinha.
2 Tendo justado com os operários um dinheiro por dia, mandou-os para a sua vinha.
3 Tendo saído cerca da terceira hora, viu outros, que estavam na praça ociosos,
4 e disse-lhes: Ide vós também, para a minha vinha, e dar-vos-ei o que for justo.
5 Eles foram. Saiu outra vez cerca da hora sexta e da nona, e fez o mesmo.
6 Cerca da undécima, saiu, e encontrou outros que estavam sem fazer nada, e disse-Ihes: Porque estais aqui todo o dia sem trabalhar?
7 Eles responderam: Porque ninguém nos assalariou. Ele disse-lhes: Ide vós também para a minha vinha.
8 No fim da tarde o senhor da vinha disse ao seu mordomo: Chama os operários e paga-lhes o salário, começando pelos últimos até aos primeiros.
9 Tendo chegado os que tinham ido à hora undécima, recebeu cada um seu dinheiro.
10 Chegando também os primeiros, julgaram que haviam de receber mais; porém, também eles receberam um dinheiro cada um.
11 Mas, ao receberem, murmuravam contra o pai de família,
12 dizendo: Estes últimos trabalharam somente uma hora, e os igualaste connosco, que suportamos o peso do dia e do calor.
13 Porém, ele, respondendo a um deles, disse: Amigo, eu não te faço injustiça. Não ajustaste tu comigo um dinheiro?
14 Toma o que é teu, e vai-te. Eu quero dar também a este último tanto como a ti.
15 Ou não me é lícito fazer dos meus bens o que quero? Porventura vês com maus olhos que eu sou bom?
16 Assim os últimos são os primeiros, e os primeiros serão os últimos, porque são muitos os chamados, e poucos os escolhidos."
17 Subindo Jesus a Jerusalém, tomou de parte os doze discípulos, e disse-lhes pelo caminho:
18 "Eis que subimos para Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes e aos escribas, e o condenarão à morte,
19 e o entregarão aos gentios para ser escarnecido, açoutado e crucificado, e ao terceiro dia ressuscitará."
20 Então aproximou-se dele a mãe dos filhos de Zebedeu com seus filhos, prostrando-se, para lhe fazer um pedido.
21 Ele disse-lhe: "Que queres?" Ela respondeu: "Ordena que estes meus dois filhos se sentem no teu reino, um à tua direita e outro à tua esquerda."
22 Jesus disse: "Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu hei-de beber?" Eles responderam-lhe: "Podemos."
23 Disse-lhes: "Efectivamente habeis de beber o meu cálice, mas, quanto a estardes sentados à minha direita ou à esquerda, não pertence a mim conceder-vo-lo; será para aqueles, para quem está reservado por meu Pai."
24 Os outros dez, ouvindo isto, indignaram-se contra os dois irmãos.
25 Mas Jesus chamou-os e disse-Ihes: "Vós sabeis que os príncipes das nações as subjugam e que os grandes as governam com autoridade.
26 Não será assim entre vós, mas todo o que quiser ser entre vós o maior, seja vosso servo,
27 e o que quiser ser entre vós o primeiro, seja vosso escravo.
28 Assim como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para redenção de muitos."
29 Saindo ele de Jericó, seguiu-o muita gente.
30 Eis que dois cegos, que estavam sentados junto à estrada, ouviram dizer que Jesus passava, e puseram-se a gritar: "Senhor, Filho de David, tem piedade de nós!
31 O povo repreendia-os para que se calassem. Eles, porém, cada vez gritavam mais: "Senhor, Filho de David, tem piedade de nós!"
32 Jesus parou, chamou-os e disse: "Que quereis que eu vos faça?"
33 "Senhor, responderam eles, queremos que se abram os nossos olhos!"
34 Jesus, compadecido, tocou-lhes os olhos, e no mesmo instante recuperaram a vista e o seguiram.
Capítulo 21 Ver capítulo
1 Aproximando-se de Jerusalém, e, chegando a Betfagé, junto do monte das Oliveiras, enviou Jesus dois dos discípulos,
2 dizendo-lhes: "Ide à aldeia que está defronte de vós, e logo encontrareis presa uma jumenta e o seu jumentinho com ela. Desprendei-a, e trazei-ma.
3 Se alguém vos disser alguma coisa, dizei que o Senhor precisa deles, e logo os deixará trazer."
4 Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que tinha sido anunciado pelo profeta (Zc. 9, 9):
5 Dizei à filha de Sião: Eis que o teu rei vem a ti manso, montado sobre uma jumenta, e sobre um jumentinho, filho da que leva o jugo.
6 Indo os discípulos, fizeram como Jesus lhes ordenara.
7 Trouxeram a jumenta e o jumentinho, puseram sobre eles os seus vestidos, e fizeram-no montar em cima.
8 O povo, em grande número, estendia no caminho os seus mantos; outros cortavam ramos de árvores, e juncavam com eles a estrada.
9 E as multidões que o precediam, e as que iam atrás, gritavam, dizendo: "Hosana ao Filho de David! Bendito o que vem em nome do Senhor ! Hosana no mais alto dos céus ! "
10 Quando entrou em Jerusalém, alvoroçou-se toda a cidade. Dizia-se: "Quem é este?"
11 E a multidão respondia: "Este é Jesus, o profeta de Nazaré e da Galileia."
12 Jesus entrou no templo de Deus, expulsou todos os que lá vendiam e compravam; e derrubou as mesas dos banqueiros e as cadeiras dos que vendiam pombas.
13 e disse-lhes : "Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração (Is. 56, 7): mas vós fizeste dela covil de ladrões (Je. 7, 11)."
14 Aproximaram-se dele no templo cegos e coxos, e os curou.
15 Quando os príncipes dos sacerdotes e os escribas viram as maravilhas operadas por ele, e os meninos gritando no templo, e dizendo: Hosana ao Filho de David! indignaram-se.
16 e disseram-lhe: "Ouves o que estes dizem?" E Jesus respondeu: "Sim. Nunca lestes: Da boca das crianças e meninos de peito fizestes sair um perfeito louvor ? (Ps. 8, 3)."
17 Tendo-os deixado, retirou-se para fora da cidade, para Betânia; e lá passou a noite.
18 Pela manhã, quando voltava para a cidade, teve fome.
19 Vendo uma figueira junto do caminho, aproximou-se dela, e não encontrou nela senão folhas, e disse-lhe: "Nunca mais nasça fruto de ti." E, imediatamente, a figueira secou.
20 Vendo isto os discípulos, admiraram-se e disseram: "Como secou a figueira imediatamente?"
21 Jesus respondeu: "Na verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, não só fareis o que foi feito a esta figueira, mas ainda se disserdes a este monte: Sai daí, e lança-te no mar, assim se fará
22 E tudo o que pedirdes com fé na oração o recebereis."
23 Tendo ido ao templo, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo aproximaram-se dele, quando estava ensinando, e disseram-lhe: "Com que autoridade fazes estas coisas? E quem te deu tal direito ? "
24 Jesus respondeu-lhes: "Também eu vos farei uma pergunta: Se me responderdes, eu vos direi com que direito faço estas coisas.
25 Donde era o baptismo de João? Do céu ou dos homens?" Mas eles reflectiam consigo:
26 Se lhe dissermos que é do céu, ele dirá: Porque não crestes, pois, nele? Se lhe dissermos que é dos homens, tememos o povo. Porque todos tinham João como um profeta.
27 Portanto, responderam a Jesus: "Não sabemos." Ele disse-lhes também: "Pois nem eu vos digo com que direito faço estas coisas."
28 "Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Aproximando-se do primeiro, disse-lhe: Filho, vai trabalhar hoje na minha vinha.
29 Ele respondeu: Não quero. Mas depois, tocado de arrependimento, foi.
30 Dirigindo-se em seguida ao outro, falou-lhe do mesmo modo. E, ele, respondeu: Eu vou, senhor, mas não foi.
31 Qual dos dois fez a vontade ao pai?" Eles responderam: "O primeiro." Jesus disse-lhes: "Na verdade vos digo que os publicanos e meretrizes vos levarão a dianteira para o reino de Deus.
32 Porque veio a vós João no caminho da justiça, e não crestes nele; e os publicanos e as meretrizes creram nele. E vós, vendo isto, nem assim fizestes penitência depois, para crerdes nele.
33 Ouvi outra parábola: Havia um pai de família, que plantou uma vinha, e a cercou com uma sebe, e cavou nela um lagar, e edificou uma torre (Is. 6, 1-2); depois, arrendou-a a uns vinhateiros, e ausentou-se daquela região.
34 Estando próxima a estação dos frutos, enviou os seus servos aos vinhateiros, para receberem os frutos da sua vinha.
35 Mas os vinhateiros, agarrando os servos, feriram um, mataram outro, e a outro apedrejaram.
36 Enviou novamente outros servos em maior número do que os primeiros, e fizeram-lhes o mesmo.
37 Por último enviou-lhes seu filho, dizendo: Hão-de ter respeito a meu filho.
38 Porém, os vinhateiros, vendo o filho, disseram entre si: Este é o herdeiro; vamos, matemo-lo, e teremos a sua herança.
39 E, lançando-lhe as mãos, puseram-no fora da vinha, e mataram-no.
40 Quando, pois, vier o senhor da vinha, que fará ele àqueles vinhateiros?"
41 Responderam-lhe: "Matará sem piedade esses malvados, e arrendará a sua vinha a outros vinhateiros, que lhe paguem o fruto a seu tempo."
42 Jesus disse-lhes: "Nunca lestes nas Escrituras (Ps. 117, 22-23): A pedra que fora rejeitada pelos que edificavam, tornou-se pedra angular; pelo Senhor foi feito isto, e é coisa maravilhosa aos nossos olhos?
43 Por isso vos digo que vos será tirado o reino de Deus, e será dado a um povo que produza os frutos dele.
44 O que cair sobre esta pedra far-se-á em pedaços, e aquele sobre quem ela cair ficará esmagado."
45 Tendo os príncipes dos sacerdotes e os fariseus ouvido as suas parábolas, conheceram que falava deles.
46 Procuravam prendê-lo, mas tiveram medo do povo, porque este o tinha como um profeta.
Capítulo 22 Ver capítulo
1 Jesus, tomando a palavra, tornou-lhes a falar em parábolas, dizendo:
2 "O reino dos céus é semelhante a um rei, que preparou o banquete de todas para seu filho.
3 Mandou os seus servos chamar os convidados para as bodas, e não quiseram ir.
4 Enviou de novo outros servos, dizendo; Dizei aos convidados: Eis que preparei o meu banquete, os meus touros e animais cevados já estão mortos, e tudo pronto; vinde às núpcias.
5 Mas eles desprezaram convite e foram-se, um para a sua casa de campo, e outro para o seu negócio.
6 Outros lançaram mão dos servos que ele enviara, ultrajaram-nos e mataram-nos.
7 O rei, tendo ouvido isto, irou-se, e, mandando os seus exércitos, exterminou aqueles homicidas, e pôs fogo à sua cidade.
8 Então disse aos servos: As bodas com efeito estão preparadas, mas os convidados não eram dignos.
9 Ide, pois, às encruzilhadas, e a quantos encontrardes convidai-os para as núpcias.
10 Tendo saído os seus servos pelos caminhos, reuniram todos os que encontraram, maus e bons; e ficou cheia de convidados a sala das bodas.
11 Entrou depois o rei para ver os que estavam à mesa, e viu lá um homem que não estava vestido com veste nupcial.
12 E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui, não tendo a veste nupcial? Ele, porém, emudeceu.
13 Eutão o rei disse aos seus servos: Atai-o de pés e mãos, e lançai-o nas trevas exteriores; aí haverá pranto e ranger de dentes.
14 Porque são muitos os chamados, e poucos os escolhidos."
15 Então, retirando-se os fariseus, consultaram entre si como o surpreenderiam no que falasse.
16 Enviaram-lhe seus discípulos juntamente com os herodianos, os quais disseram: "Mestre, nós sabemos que és verdadeiro, e que ensinas o caminho de Deus segundo a verdade, sem atender a ninguém, porque não fazes acepção de pessoas.
17 Diz-nos, pois, o teu parecer: É lícito dar o tributo a César ou não? "
18 Jesus, conhecendo a sua malícia, disse: "Porque me tentais, hipócritas?
19 "Mostrai-me a moeda do tributo." Eles lhe apresentaram um dinheiro.
20 E Jesus disse-lhes: "De quem é esta imagem e inscrição?"
21 Responderam: "De César." Então disse-lhes: "Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus."
22 Tendo ouvido isto, admiraram-se e, deixando-o, retiraram-se.
23 Naquele dia foram ter com ele os saduceus, que negam a ressurreição, e interrogaram-no,
24 dizendo: "Mestre, Moisés disse: Se morrer algum homem sem ter filhos, seu irmão case-se com sua mulher, e dê descendência a seu irmão (Dt. 25, 5-6).
25 Ora entre nós havia sete irmãos. O primeiro, depois de casado, morreu, e, não tendo descendência, deixou sua mulher a seu irmão.
26 O mesmo sucedeu ao segundo e ao terceiro, até ao sétimo.
27 Depois de todos, morreu também a mulher.
28 Na ressurreição, de qual dos sete será a mulher, porque todos foram casados com ela?"
29 Jesus, respondeu-lhes: "Errais, não compreendendo as Escrituras, nem o poder de Deus.
30 Porque na ressurreição, nem os homens terão mulheres, nem as mulheres maridos, mas serão como os anjos de Deus no céu.
31 Acerca da ressurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos disse:
32 Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, e o Deus de Jacob, (Ex. 3, 6). Ora ele não é Deus dos mortos, mas dos vivos."
33 As turbas, ouvindo isto, admiravam-se da sua doutrina.
34 Os fariseus, tendo sabido que Jesus reduzira ao silêncio os saduceus, reuniram-se.
35 Um deles, doutor da lei, tentando-o, perguntou-lhe:
36 "Mestre, qual é o maior mandamento da lei?"
37 Jesus disse-lhe: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu espirito (Dt. 6, 4-5).
38 Este é o maior e o primeiro mandamento.
39 O segundo é semelhante a este: Amarás o teu próximo como a ti mesmo (Lv. 19, 18).
40 Destes dois mandamentos depende toda a lei e os profetas."
41 Estando juntos os fariseus, Jesus interrogou-os:
42 "Que vos parece do Cristo? De quem é ele filho?" Responderam-lhe: "De David."
43 Jesus disse-lhes: "Como, pois, lhe chama David, inspirado pelo Espírito, Senhor, dizendo:
44 Disse o Senhor ao meu Senhor: Senta-te à minha mão direita, até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés ? (Ps. 109, 1).
45 Se, pois, David o chama Senhor, como é ele seu filho ? "
46 Ninguém podia responder-lhe uma só palavra. E daquele dia em diante não houve mais quem ousasse interrogá-lo.
Capítulo 23 Ver capítulo
1 Então Jesus falou às turbas e aos seus discípulos,
2 dizendo: "Sobre a cadeira de Moisés sentaram-se os escribas e os fariseus.
3 Observai, pois, e fazei tudo o que eles vos disserem, mas não imiteis as suas acções, porque dizem e não fazem.
4 Atam cargas pesadas e impossíveis de levar, e as põem sobre os ombros dos outros homens, mas nem com um dedo as querem mover.
5 Fazem todas as suas obras para serem vistos pelos homens. Trazem mais largas filatérias, e mais compridas as franjas dos vestidos.
6 Gostam de ter nos banquetes os primeiros lugares, nas sinagogas as primeiras cadeiras,
7 as saudações na praça, e serem chamados rabi pelos homens.
8 Mas vós não vos façais chamar rabi, porque um só é o vosso Mestre, e vós sois todos irmãos.
9 A ninguém chameis pai sobre a terra, porque um só é vosso Pai, o que está nos céus.
10 Nem façais que vos chamem mestres, porque um só é vosso Mestre, o Cristo.
11 O que entre vós for o maior, será vosso servo.
12 Aquele que se exaltar será humilhado, e o que se humilhar será exaltado.
13 Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que fechais o reino dos céus aos homens, pois nem vós entrais, nem deixais que entrem os que estão para entrar.
14 Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que devorais as casas das viúvas, a pretexto de longas orações! Por isto sereis julgados mais severamente.
15 Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que rodeais o mar e a terra para fazerdes um prosélito e, depois de o terdes feito, o tornais filho da geena duas vezes pior do que vós.
16 Ai de vós, condutores cegos, que dizeis: Se alguém jurar pelo templo, isso não é nada, mas o que jurar pelo ouro do templo, fica obrigado!
17 Estultos e cegos! Qual é mais, o ouro ou o templo, que santifica o ouro?
18 E dizeis: Se alguém jurar pelo altar, isso não é nada, mas quem jurar pela oferenda, que está sobre ele, fica obrigado.
19 Cegos! Qual é mais, a oferta ou o altar, que santifica a oferta?
20 Aquele, pois, que jura pelo altar, jura por ele e por tudo que está sobre ele,
21 e o que jura pelo templo, jura por ele e por Aquele que habita nele,
22 e o que jura pelo céu, jura pelo trono de Deus, e por Aquele que está sentado sobre ele.
23 Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que pagais a dízima da hortelã e do endro e do cominho, e desprezais os pontos mais graves da lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade! São estas coisas que era preciso praticar, sem omitir as outras.
24 Condutores cegos, que filtrais um mosquito e engulis um camelo!
25 Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que limpais o que está por fora do copo e do prato, e por dentro estais cheios de rapina e de imundície.
26 Fariseu cego, purifica primeiro o que está dentro do copo e do prato, para que também o que está fora fique limpo.
27 Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que sois semelhantes aos sepulcros branqueados, que por fora parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda a sorte de podridão!
28 Assim também vós por fora pareceis justos aos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e iniquidade.
29 Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que edificais os sepulcros dos profetas, e adornais os monumentos dos justos,
30 e dizeis: Se nós tivéssemos vivido nos dias de nossos pais, não teríamos sido seus cúmplices no sangue dos profetas!
31 Assim dais testemunho contra vós mesmos de que sois filhos daqueles que mataram os profetas.
32 Acabai pois de encher a medida de vossos pais.
33 Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação ao inferno?
34 Por isso, eis que eu vos envio profetas, sábios e escribas; matareis e crucificareis uns, e açoutareis outros nas vossas sinagogas, e os perseguireis de cidade em cidade,
35 para que caia sobre vós todo o sangue justo que se tem derramado sobre a terra, desde o sangue do justo Abel até ao sangue de Zacarias, filho de Baraquias, a quem matastes entre o templo e o altar.
36 Em verdade vos digo que tudo isto virá sobre esta geração.
37 Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados, quantas vezes eu quis juntar teus filhos, como a galinha recolhe debaixo das asas os seus pintos, e tu não quiseste!
38 Eis que será deixada deserta a vossa casa (Je. 22, 5).
39 Porque eu vos digo: Desde agora não me tomareis a ver, até que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor (Ps. 117, 26)."
Capítulo 24 Ver capítulo
1 Tendo saído Jesus do templo, ia-se retirando; e aproximaram-se dele os seus discípulos, para lhe fazerem notar as construções.
2 Mas ele, respondendo, disse-lhes: "Vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada."
3 Estando sentado sobre o monte das Oliveiras, aproximaram- se dele seus discípulos, aparte, e perguntaram: "Diz-nos quando sucederá isto, e qual será o sinal da tua vinda e do fim do mundo?"
4 Jesus respondeu-lhes: "Vede que ninguém vos engane.
5 Porque virão muitos em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo, e seduzirão muitos.
6 Ouvireis falar de guerras e de rumores de guerras. Olhai, não vos turbeis, porque importa que estas coisas aconteçam, mas não é ainda o fim.
7 Levantar-se-á nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, pestilências e terremotos em diversos lugares.
8 Todas estas coisas são o princípio das dores.
9 Então sereis sujeitos aos tormentos e vos matarão, e sereis odiados por todas as gentes por causa do meu nome.
10 Muitos então sucumbirão, uns aos outros se entregarão e se odiarão.
11 Levantar-se-ão muitos falsos profetas, e seduzirão muitos.
12 Multiplicando-se a iniquidade, se resfriará a caridade de muitos.
13 Mas o que se perseverar até ao fim, esse será salvo.
14 Será pregado este Evangelho do reino por todo o mundo, em testemunho a todas as gentes. Então chegará o fim.
15 Quando, pois, virdes a abominação da desolação, que foi predita pelo profeta Daniel (Dn. 9, 27; Dn. 11, 31; Dn. 12, 11), posta no lugar santo — leitor atende bem ,—
16 então os habitantes da Judeia, fujam para os montes,
17 o que se acha sobre o telhado, não desça para tomar coisa alguma de sua casa,
18 e o que está no campo, não volte atrás para tomar o seu manto.
19 Ai das (mulheres) grávidas e das que tiverem crianças de peito naqueles dias!
20 Rogai para que não seja a vossa fuga no inverno, ou em dia de sábado,
21 porque então será grande a tribulação, como nunca foi, desde o principio do mundo até agora, nem jamais será.
22 E, se não se abreviassem aqueles dias, não se salvaria pessoa alguma; porém, serão abreviados aqueles dias em atenção aos escolhidos.
23 Então, se alguém vos disser: Eis aqui está o Cristo, ou ei-lo acolá, não deis crédito,
24 porque se levantarão falsos cristos, e falsos profetas, e farão grandes milagres e prodígios, de tal modo que (se fosse possível) até os escolhidos seriam enganados.
26 Se pois vos disserem: Eis que ele está no deserto, não saiais; ei-lo no lugar mais retirado da casa, não deis crédito.
27 Porque, assim como o relâmpago sai do Oriente e se mostra até ao Ocidente, assim será a vinda do Filho do homem.
28 Onde estiver um cadáver aí se ajuntarão as águias.
29 Logo depois da tribulação daqueles dias, escurecer-se-á o sol, a lua não dará a sua luz, as estrelas cairão do céu, e as potestades dos céus serão abaladas.
30 Então aparecerá o sinal do Filho do homem no céu, todas as tribos da terra chorarão, e verão o Filho do homem vir sobre as nuvens do céu com grande poder e majestade.
31 Mandará os seus anjos com poderosas trombetas, e juntarão os seus escolhidos dos quatro ventos, de uma extremidade dos céus até à outra.
32 Compreendei isto por uma comparação tirada da figueira: Quando os seus ramos estão tenros e as folhas brotam, sabeis que está perto o estio;
33 assim também quando virdes ludo isto, sabei que (o Filho do homem) está perto, está às portas.
34 Na verdade vos digo que não passará esta geração, sem que se cumpram todas estas coisas.
35 O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão.
36 Quanto àquele dia e àquela hora, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas só o Pai.
37 Assim como foi nos dias de Noé, assim será também a (segunda) vinda do Filho do homem.
38 Nos dias que precederam o dilúvio (os homens) estavam comendo e bebendo, casando-se e casando seus filhos, até ao dia em que Noé entrou na arca,
39 e não souberam nada até que veio o dilúvio, e se levou a todos. Assim será também na vinda do Filho do homem.
40 Então, de dois que estiverem num campo, um será tomado e o outro será deixado.
41 De duas mulheres que estiverem moendo com a mó, uma será tomada e a outra será deixada.
42 Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora virá o vosso Senhor.
43 Sabei que, se o pai de família soubesse a que hora havia de vir o ladrão, vigiaria, sem dúvida, e não deixaria minar a sua casa.
44 Por isso estai vós também preparados, porque o Filho do homem virá na hora em que menos o pensardes.
45 Quem é, pois, o servo fiel e prudente, a quem o senhor constituiu sobre a sua família para lhe distribuir de comer a seu tempo?
46 Bem-aventurado aquele servo, a quem o seu senhor, quando vier, achar procedendo assim.
47 Na verdade vos digo que lhe confiará o governo de todos os seus bens.
48 Mas, se aquele servo mau disser no seu coração: O meu senhor tarda em vir,
49 e começar a bater nos seus companheiros, a comer e beber com os ébrios,
50 virá o senhor daquele servo no dia em que o não espera, na hora que não sabe,
51 e o cortará em dois e porá a sua parte entre os hipócritas; ali haverá pranto e ranger de dentes.
Capítulo 25 Ver capítulo
1 Então será semelhante o reino dos céus a dez virgens, que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo.
2 Cinco delas eram loucas, e cinco prudentes.
3 As cinco loucas, tomando as lâmpadas, não levaram azeite consigo;
4 as prudentes, porém, levaram azeite nos seus vasos juntamente com as lâmpadas.
5 Tardando o esposo, começaram a toscanejar todas, e adormeceram.
6 À meia-noite, ouviu-se um clamor: Eis que vem o esposo. Saí ao seu encontro.
7 Então levantaram-se todas aquelas virgens, e prepararam as suas lâmpadas.
8 As loucas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lámpadas apagam-se.
9 As prudentes responderam: Para que não suceda faltar-nos ele a nós e a vós, ide antes aos que o vendem, e comprai para vós.
10 Mas, enquanto elas foram comprá-lo, chegou o esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele a celebrar as bodas, e foi fechada a porta.
11 Mais tarde, chegaram também as outras virgens, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos!
12 Ele, porém, respondeu: Na verdade vos digo que não vos conheço.
13 Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora.
14 Será também como um homem que, estando para empreender uma viagem, chamou os seus servos, e lhes entregou os seus bens.
15 Deu a um cinco talentos, a outro dois, a outro um, a cada um, segundo a sua capacidade, e partiu.
16 Logo em seguida, o que tinha recebido cinco talentos foi, negociou com eles, e ganhou outros cinco.
17 Da mesma sorte o que tinha recebido dois, ganhou outros dois.
18 Mas o que tinha recebido um só, foi fazer uma cova na terra, e nela escondeu o dinheiro do seu senhor.
19 Muito tempo depois, voltou o senhor daqueles servos, e chamou-os a contas.
20 Aproximando-se o que tinha recebido cinco talentos, apresentou-lhe outros cinco, dizendo: Senhor, tu entregaste-me cinco talentos, eis outros cinco que lucrei.
21 Sou senhor disse-Ihe: Está bem, servo bom e fiel, já que foste fiel em poucas coisas, dar-te-ei a intendência de muitas; entra no gozo de teu senhor.
22 Apresentou-se também o que tinha recebido dois talentos, e disse: Senhor, entregaste-me dois talentos, eis que lucrei outros dois.
23 Seu senhor disse-lhe: Está bem, servo bom e fiel, já que foste fiel em poucas coisas, dar-te-ei a intendência de muitas; entra no gozo de teu senhor.
24 Apresentando-se também o que tinha recebido um só talento, disse: Senhor, sei que és um homem austero, que colhes onde não semeaste, e recolhes onde não espalhaste.
25 Tive receio e fui esconder o teu talento na terra; eis o que é teu.
26 Então, o seu senhor disse-lhe: Servo mau e preguiçoso, sabias que eu colho onde não semeei, e que recolho onde não espalhei.
27 Devias pois dar o meu dinheiro aos banqueiros, e, à minha volta, eu teria recebido certamente com juro o que era meu.
28 Tirai-lhe pois o talento, e dai-o ao que tem dez talentos.
29 Porque ao que tem, der-se-lhe-á, e terá em abundância; mas ao que não tem, tirar-se-lhe-á até o que julga ter.
30 E a esse servo inútil lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes.
31 Quando, pois, vier o Filho do homem na sua majestade, e todos os anjos com ele, então se sentará sobre o trono de sua majestade.
32 Todas as nações serão congregadas diante dele, e separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos.
33 E porá as ovelhas à sua direita, e os cabritos à esquerda.
34 Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí o reino que vos está preparado desde a criação do mundo,
35 porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era peregrino, e recolhestes-me;
36 nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; estava na prisão, e fostes visitar-me,
37 Então, os justos, lhe responderão: Senhor, quando é que nós te vimos faminto, e te demos de comer; sequioso, e te demos de beber?
38 Quando te vimos peregrino, e te recolhemos; nu, e te vestimos?
39 Ou quando té vimos enfermo, ou na prisão, e fomos visitar-te?
40 O Rei, respondendo, lhes dirá: Na verdade vos digo que todas as vezes que vós fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes.
41 Em seguida, dirá aos que estiverem à esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, que foi preparado para o demônio e para os seus anjos;
42 porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber;
43 era peregrino, e não me recolhestes; estava nu, e não me vestistes; enfermo e na prisão, e não me visitastes.
44 Então, eles, também responderão: Senhor, quando é que nós te vimos faminto ou sequioso, ou peregrino, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te assistimos?
45 E lhes responderá: Na verdade vos digo : Todas as vezes que o não fizestes a um destes mais pequeninos, a mim o não fizestes.
46 E esses irão para o suplício eterno; e os justos para a vida eterna."
Capítulo 26 Ver capítulo
1 Aconteceu que, tendo Jesus acabado todos estes discursos, disse aos seus discípulos:
2 "Vós sabeis que daqui a dois dias será celebrada a Páscoa, e o Filho do homem será entregue para ser crucificado."
3 Então se reuniram os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo no palácio do sumo pontífice, que se chamava Caifás,
4 e tiveram conselho acerca dos meios de prenderem a Jesus por astúcia, e de o matarem.
5 Mas eles diziam: Não (se faça isto) no dia da festa, não suceda levantar-se algum tumulto entre o povo.
6 Estando Jesus em Belânia, em casa de Simão o leproso,
7 aproximou-se dele uma mulher com um vaso de alabastro, cheio de um bálsamo precioso, e o derramou sobre a cabeça dele, estando à mesa.
8 Vendo isto, os discípulos indignaram-se, dizendo: "Para que foi este desperdício?
9 Porque este bálsamo podia vender-se por bom preço, e dar-se aos pobres."
10 Jesus, sabendo isto, disse-lhes: "Porque molestais esta mulher? Ela fez-me verdadeiramente uma boa obra.
11 Porque vós tereis sempre convosco pobres; mas a mim nem sempre me tereis.
12 Derramando ela este bálsamo sobre o meu corpo, fê-lo como para me sepultar.
13 Em verdade vos digo que em toda a parte onde for pregado este Evangelho — em todo o mundo—, publicar-se-á também para sua memória o que ela fez."
14 Então um dos doze, que se chamava Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes,
15 e disse-lhes: "Que me quereis vós dar, e eu vo-lo entregarei?" Justaram trinta moedas de prata.
16 Desde então buscava oportunidade para o entregar.
17 No primeiro dia dos ázimos aproximaram-se de Jesus os discípulos, dizendo: "Onde queres que te preparemos o que é preciso para comer a Páscoa?"
18 Jesus disse: "Ide à cidade, a casa de um tal, e dizei-Ihe: O Mestre manda dizer: O meu tempo está próximo, quero celebrar a Páscoa em tua casa com meus discípulos."
19 Os discípulos fizeram como Jesus tinha ordenado, e prepararam a Páscoa.
20 Chegada a tarde, pôs-se Jesus à mesa com os doze.
21 Enquanto comiam, disse-lhes: "Em verdade vos digo que um de vós me há-de entregar."
22 Eles, muito tristes, cada um começou a dizer: "Porventura sou eu, Senhor?"
23 Ele respondeu; "O que mete comigo a mão no prato esse me entregará.
24 O Filho do homem vai certamente, como está escrito dele, mas ai daquele homem, por quem será entregue o Filho do homem! Melhor fora a tal homem que não tivesse nascido."
25 Judas, o traidor, tomou a palavra e disse: "Sou eu, porventura, Mestre?" Jesus respondeu-lhe; "Tu o disseste."
26 Enquanto comiam, Jesus tomou pão e o benzeu, e o partiu, e deu-o a seus discípulos, dizendo: "Tomai e comei, isto é o meu corpo."
27 Depois, tomando um cálice, deu graças, e deu-lho, dizendo: "Bebei dele todos.
28 Porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, que será derramado por muitos para remissão dos pecados.
29 Digo-vos: desta hora em diante não beberei mais deste fruto da videira até aquele dia, em que o beberei novo convosco no reino de meu Pai."
30 Depois do canto dos salmos, saíram para o monte das Oliveiras.
31 Então Jesus disse-lhes: "A todos vós serei esta noite uma ocasião de escândalo porque está escrito (Zc. 13, 7): Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho se dispersarão.
32 Porém, depois que eu ressuscitar, irei diante de vós para a Galielia."
33 Pedro respondeu-lhe: "Ainda que todos se escandalizem a teu respeito, eu nunca me escandalizarei."
34 Jesus disse-lhe: "Em verdade te digo que esta noite, antes que o galo cante, me negarás três vezes."
35 Pedro disse-lhe: "Ainda que eu tenha de morrer contigo, não te negarei." Do mesmo modo falaram todos os discípulos.
36 Então foi Jesus com eles a um lugar chamado Getsemani, e disse-lhes: "Sentai-vos aqui, enquanto eu vou acolá orar."
37 E, tendo tomado consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e angustiar-se.
38 Disse-lhes então: "A minha alma está numa tristeza mortal; ficai aqui e vigiai comigo."
39 Adiantando-se um pouco, prostrou-se com o rosto em terra, e fez esta oração: "Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice! Todavia não se faça como eu quero, mas sim como tu queres."
40 Depois foi ter com seus discípulos, encontrou-os dormindo, e disse a Pedro: "Visto isso não pudeste vigiar uma hora comigo?
41 Vigiai e orai, para que não entreis em tentação. O espírito na verdade está pronto, mas a carne é fraca."
42 Retirou-se de novo pela segunda vez e orou assim: "Meu Pai, se este cálice não pode passar sem que eu o beba, faça-se a tua vontade."
43 Foi novamente, e encontrou-os dormindo, porque os seus olhos estavam pesados (por causa do sono).
44 Deixando-os, foi de novo, e orou terceira vez, dizendo as mesmas palavras.
45 Depois foi ter novamente com os seus discípulos, e disse-lhes: "Dormi agora e descansai, eis que chegou a hora, em que o Filho do homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores.
46 Levantai-vos, vamos. Eis que se aproxima o que me há-de entregar."
47 Estando ele ainda a falar, eis que chega Judas, um dos doze, e com ele uma grande multidão com espadas e varapaus, enviada pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos do povo.
48 O traidor tinha-lhes dado este sinal: "Aquele a quem eu der um ósculo, é esse; prendrei-o."
49 Aproximando-se logo de Jesus, disse: "Salve Mestre." E deu-lhe um ósculo.
50 Jesus disse-lhe: "Amigo, a que vieste !" Então avançaram, lançaram mão de Jesus, e prenderam-no.
51 E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, desembainhou a sua espada, e, ferindo um servo do sumo pontífice, lhe cortou uma orelha.
52 Jesus disse-Ihe: "Mete a tua espada no seu lugar, porque todos os que tomarem espada (por autoridade própria), morrerão à espada.
53 Julgas porventura que eu não posso rogar a meu Pai, e que ele me não porá aqui logo mais de doze legiões de anjos?
54 Como, pois, se cumprirão as Escrituras segundo as quais assim deve suceder?"
55 Depois, Jesus disse à multidão: "Vós viestes armados de espadas e de varapaus para me prender, como se faz a um salteador. Todos os dias estava eu sentado entre vós ensinando no templo, e não me prendestes.
56 Mas tudo isto aconteceu para que se cumprissem as Escrituras dos profetas." Então todos os discípulos o abandonaram e fugiram.
57 Os que tinham prendido Jesus Ievaram-no a casa de Caifás, sumo sacerdote, onde se tinham reunido os escribas e os anciãos.
58 Pedro seguia-o de longe, até ao átrio do príncipe dos sacerdotes. E, tendo entrado, sentou-se com os servos para ver o fim de tudo isto.
59 Entretanto os príncipes dos sacerdotes e todo o conselho procuravam algum falso testemunho contra Jesus, a fim de o entregarem à morte,
60 e não o encontravam, posto que se tivessem apresentado muitas testemunhas falsas. Por último, chegaram duas testemunhas,
61 que declararam: "Este homem disse: Posso destruir o templo de Deus e reedificá-lo em três dias."
62 Levantando-se, o príncipe dos sacerdotes disse-lhe: "Nada respondes ao que estes depõem contra ti?"
63 Jesus, porém, estava calado. E o sumo sacerdote disse-lhe: "Eu te conjuro por Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus."
64 Jesus respondeu-lhe: "Tu o disseste. Digo-vos mais que vereis depois o Filho do homem sentado à direita do poder de Deus, e vir sobre as nuvens do céu."
65 Então o sumo sacerdote rasgou os seus vestidos, dizendo: "Blasfemou; que necessidade temos de mais testemunhas? Eis acabais de ouvir a blasfêmia.
66 Que vos parece?" Eles responderam: "É réu de morte."
67 Então cuspiram-lhe no rosto, e feriram-no a punhadas. Outros deram-lhe bofetadas,
68 dizendo: "Profetiza, Cristo! Diz-nos quem é que te feriu."
69 Entretanto Pedro estava sentado fora no átrio. Aproximou-se dele uma criada, dizendo : "Tu também estavas com Jesus, o Galileu."
70 Mas ele negou diante de todos, dizendo: "Não sei o que dizes."
71 Saindo ele à porta, viu-o outra criada, e disse para os que ali se encontravam: "Este também andava com Jesus Nazareno."
72 Novamente ele negou com juramento, dizendo: "Não conheço tal homem."
73 Pouco depois aproximaram-se de Pedro os que ali estavam, e disseram: "Tu certamente és também dos tais, porque até o teu modo de falar te dá a conhecer."
74 Então começou a fazer imprecações e a jurar que não conhecia tal homem. Imediatamente o galo cantou.
75 Pedro lembrou-se da palavra que lhe tinha dito Jesus: "Antes de cantar o galo, três vezes me negarás." E, tendo saído para fora, chorou amargamente.
Capítulo 27 Ver capítulo
1 Logo de manhã, todos os príncipes dos sacerdotes e anciãos do povo tiveram conselho contra Jesus, para o entregarem à morte.
2 Em seguida, manietado, o levaram e entregaram ao governador Pôncio Pilatos.
3 Então Judas, que o tinha entregado, vendo que Jesus fora condenado, tocado de remorsos, tornou a levar as trinta moedas de prata aos príncipes dos sacerdotes, e aos anciãos,
4 dizendo: "Pequei, entregando o sangue inocente." Mas eles disseram: "Que nos importa? Isso é contigo."
5 Então, tendo atirado as moedas de prata para o templo, retirou-se e foi pendurar-se de um laço.
6 Os príncipes dos sacerdotes, tomando as moedas de prata, disseram : "Não é licito deitá-las na arca das esmolas, porque são preço de sangue."
7 E, tendo consultado entre si, compraram com elas o campo do Oleiro, para sepultura dos estrangeiros.
8 Por esta razão aquele campo foi chamado campo de sangue, até ao dia de hoje.
9 Então se cumpriu o que foi predito por Jeremias, profeta: Tomaram as trinta moedas de prata, custo daquele cujo preço foi avaliado pelos filhos de Israel,
10 e deram-nas pelo campo do Oleiro, como o Senhor me ordenou.
11 Jesus foi apresentado diante do governador, que o interrogou, dizendo: "Tu és o Rei dos Judeus?" Jesus respondeu-lhe: "Tu o dizes."
12 Mas, sendo acusado pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu.
13 Então Pilatos disse-lhe: "Não ouves de quantas coisas te acusam?"
14 E não lhe respondeu a palavra alguma, de modo que o governador ficou em extremo admirado.
15 O governador tinha costume, por ocasião da festa da Páscoa, soltar aquele preso que o povo quisesse.
16 Naquela ocasião tinha ele um preso afamado, que se chamava Barrabás.
17 Estando eles reunidos, perguntou-lhes Pilatos: "Qual quereis vós que eu vos solte? Barrabás ou Jesus, que se chama o Cristo?"
18 Porque sabia que o tinham entregado por inveja.
19 Enquanto ele estava sentado no tribunal, sua mulher mandou-lhe dizer: "Nada haja entre ti e esse justo, porque fui hoje muito atormentada em sonhos por causa dele."
20 Mas os príncipes dos sacerdotes e os anciãos persuadiram o povo que pedisse Barrabás e que fizesse morrer Jesus.
21 O governador, tomando a palavra, disse-lhes: Qual dos dois quereis que eu vos solte?" Eles responderam: "Barrabás."
22 Pilatos disse-lhes: "Que hei-de então fazer de Jesus, que se chama Cristo?"
23 Disseram todos: "Seja crucificado." O governador disse-lhes; "Mas que mal fez ele?" Eles, porém, gritavam mais alto: "Seja crucificado!"
24 Pilatos, vendo que nada conseguia, mas que cada vez era maior o tumulto, tomando água, lavou as mãos diante do povo, dizendo: "Eu sou inocente do sangue deste justo; a vós pertence toda a responsabilidade."
25 Todo o povo respondeu: "O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos."
26 Então soltou-lhes Barrabás. Quanto a Jesus, depois de o ter mandado flagelar, entregou-lho para ser crucificado.
27 Então os soldados do governador, conduzindo Jesus ao Pretório, juntaram em volta dele toda a coorte.
28 Depois de o terem despido, lançaram sobre ele um manto carmezim.
29 Em seguida, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha sobre a cabeça, e na mão direita uma cana. E, dobrando o joelho diante dele, o escarneciam, dizendo: "Salve, ó rei dos Judeus."
30 Cuspindo-lhe, tomavam a cana e batiam-lhe com ela na cabeça.
31 Depois que o escarneceram, tiraram-lhe o manto, revestiram-no com os seus vestidos, e levaram-no para o crucificarem.
32 Ao sair, encontraram um homem de Cirene, chamado Simão, ao qual obrigaram a levar a cruz de Jesus.
33 Tendo chegado ao lugar, chamado Gólgota, isto é, lugar do Crânio,
34 deram-lhe a beber vinho misturado com fel. Tendo-o provado, não quis beber.
35 Depois que o crucificaram, repartiram entre si os seus vestidos, lançando sortes, cumprindo-se deste modo o que tinha sido anunciado pelo profeta: Repartiram entre si os meus vestidos, sobre a minha túnica lançaram sortes (Ps. 21, 19).
37 Puseram por cima da sua cabeça uma inscrição indicando a causa da sua morte: Este é Jesus, o Rei dos Judeus.
38 Ao mesmo tempo foram crucificados com ele dois ladrões: um à direita, outro à esquerda.
39 Os que iam passando ultrajavam-no, movendo as suas cabeças,
40 e dizendo: "Ó tu, que destróis o templo e o reedificas em três dias, salva-te a ti mesmo: Se és Filho de Deus, desce da cruz."
41 Da mesma sorte, insultando-o também os príncipes dos sacerdotes com os escribas e os anciãos, diziam:
42 "Ele salvou outros, a si mesmo não se pode salvar. Se é rei de Israel, desça agora da cruz, e creremos nele.
43 Confiou em Deus: Se Deus o ama, que o livre agora; porque ele disse: Eu sou Filho de Deus."
44 Do mesmo modo o insultavam os ladrões que estavam crucificados com ele.
45 Desde a hora sexta até à hora nona, houve trevas sobre toda a terra.
46 Perto da hora nona, exclamou Jesus com voz forte: "Eli, Eli, lema sabachtani?" isto é: Deus meu, Deus meu, porque me abandonaste?
47 Alguns dos que ali estavam ao ouvir isto, diziam: "Ele chama por Elias."
48 Imediatamente, correndo um deles, tendo tomado uma esponja, ensopou-a em vinagre, pô-la sobre uma cana, e lhe dava de beber.
49 Porém, os outros diziam: "Deixa; vejamos se vem Elias livrá-lo."
50 Jesus, tornando a dar um alto grito, expirou.
51 E eis que o véu do templo se rasgou em duas parles de alto a baixo, a terra tremeu, as rochas fenderam-se,
52 abriram-se as sepulturas, e muitos corpos de santos, que tinham adormecido, ressuscitaram,
53 e saindo das sepulturas depois da ressurreição de Jesus, foram a cidade santa, e apareceram a muitos.
54 O centurião e os que com ele estavam de guarda a Jesus, vendo o terremoto e as coisas que aconteciam, tiveram grande medo, e diziam: "Na verdade este era Filho de Deus."
55 Achavam-se também ali muitas mulheres que olhavam de longe, as quais tinham seguido Jesus desde a Galileia, subministrando-lhe o necessário.
56 Entre elas estava Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu.
57 Pela tarde, veio um homem rico de Arimateia, chamado José, que também era discípulo de Jesus.
58 Foi ter com Pilatos, e pediu-lhe o corpo de Jesus. Pilatos mandou então que lhe fosse dado o corpo.
59 José, tomando o corpo, envolveu-o num lençol branco,
60 e depositou-o no seu sepulcro novo, o qual tinha mandado abrir numa rocha. Depois rolou uma grande pedra para diante da boca do sepulcro, e retirou-se.
61 Maria Madalena e a outra Maria estavam lá, sentadas defronte do supulcro.
62 No outro dia, que é o seguinte à Preparação, os príncipes dos sacerdotes e os fariseus foram juntos ter com Pilatos,
63 e disseram-lhe: "Senhor, estamos recordados que aquele impostor, quando ainda vivia, disse: Ressuscitarei depois de três dias.
64 Ordena, pois, que seja guardado o sepulcro até ao terceiro dia, a fim de que não venham os seus discípulos, o furtem, e digam ao povo: Ressuscitou dos mortos. Desta sorte, o último embuste seria pior do que o primeiro."
65 Pilatos respondeu-lhes: "Tendes uma guarda, ide, guardai-o como entenderdes.
66 Foram, e tomaram bem conta do sepulcro, selando a pedra e pondo lá uma guarda.
Capítulo 28 Ver capítulo
1 Passado o sábado, ao amanhecer o primeiro dia da semana, foi Maria Madalena e a outra Maria visitar o sepulcro.
2 Eis que se deu um grande terremoto. Porque um anjo do Senhor desceu do céu, e, aproximando-se, revolveu a pedra do sepulcro, e sentou-se sobre ela.
3 O seu aspecto era como um relâmpago, e o seu vestido como a neve.
4 Com o temor que tiveram dele, aterraram-se os guardas, e ficaram como mortos.
5 Mas o anjo, tomando a palavra, disse às mulheres: "Vós não temais, porque sei que procurais a Jesus, que foi crucificado.
6 Ele já aqui não está, ressuscitou como tinha dito. Vinde e vede o lugar, onde o Senhor esteve depositado.
7 Ide já dizer aos seus discípulos que ele ressuscitou; e eis que vai adiante de vós para a Galileia; lá o vereis. Eis que eu vo-lo disse antes."
8 Saíram logo do sepulcro com medo e grande gáudio, e foram correndo dar a nova aos discípulos.
9 E eis que Jesus lhes saiu ao encontro e lhes disse: 'Eu vos saúdo." Elas aproximaram-se, abraçaram os seus pés e prostraram-se diante dele.
10 Então Jesus disse-lhes: "Não temais; ide, avisai meus irmãos, para que vão à Galileia; lá me verão."
11 Enquanto elas iam a caminho, foram à cidade alguns dos guardas, e noticiaram aos príncipes dos sacerdotes tudo o que tinha sucedido.
12 Tendo-se eles congregado com os anciãos, depois de tomarem conselho, deram uma grande soma de dinheiro aos soldados,
13 dizendo-lhes: "Dizei: Os seus discípulos vieram de noite, e, enquanto nós estávamos dormindo, o roubaram.
14 Se chegar isto aos ouvidos do governador, nós o aplacaremos e estareis seguros. "
15 Eles, recebido o dinheiro, fizeram como lhes tinha sido ensinado. E esta voz divulgou-se entre os Judeus e dura até ao dia de hoje.
16 Os onze discípulos partiram para a Galileia, para o monte que Jesus lhes tinha indicado.
17 Quando o viram, adoraram-no eles que a princípio tinham duvidado.
18 Jesus, aproximando-se, falou-lhes assim: "Foi-me dado todo o poder no céu e na terra.
19 Ide, pois, ensinai todas as gentes, baptizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo,
20 ensinando-as a observar todas as coisas que vos mandei. Eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo.