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Capítulo 1 Ver capítulo
1 Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus.
2 Conforme está escrito no profeta Isaías: Eis que envio o meu anjo ante a tua presença, o qual preparará o teu caminho (Ml. 3, 1).
3 Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas (Is. 40, 3).
4 Apareceu João Batista no deserto, pregando o batismo de penitência, para remissão dos pecados.
5 E ia ter com ele toda a região da Judeia e todos os de Jerusalém, e eram baptizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados.
6 João andava vestido de pêlo de camelo, trazia uma cinta de couro em volta dos rins, alimentava-se de gafanhotos e de mel silvestre. E pregava, dizendo:
7 "Vem após de mim quem é mais forte do que eu, ao qual eu não sou digno de desatar, prostrado em terra, a correia doa sapatos.
8 Eu tenho-vos baptizado em água, ele, porém, baptizar-vos-á no Espírito Santo."
9 Ora aconteceu naqueles dias que Jesus veio de Nazaré da Galileia, e foi baptizado por João no Jordão.
10 No momento de sair da água, viu os céus abertos, e o Espírito Santo que descia sobre ele em forma de pomba;
11 e ouviu-se dos céus uma voz: "Tu és o meu Filho amado, em ti pus as minhas complacências."
12 Imediamente o Espírito o impeliu para o deserto.
13 E permaneceu no deserto quarenta dias, sendo tentado por Satanás. Vivia entre os animais selvagens, e os anjos o serviam.
14 Depois que João foi preso, foi Jesus para a Galileia, pregando o Evangelho de Deus,
15 e dizendo: "Está completo o tempo e aproxima-se o reino de Deus; fazei penitência, crede no Evangelho.
16 Passando ao longo do mar da Galileia, viu Simão e André, seu irmão, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores.
17 Jesus disse-lhes: "Segui-me, e eu vos farei pescadores de homens."
18 Imediatamente, deixadas as redes, o seguiram.
19 Tendo passado um pouco adiante dali, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam também numa barca consertando as redes.
20 Chamou-os logo. Eles, tendo deixado na barca seu pai Zebedeu com os jornaleiros, seguiram-no.
21 Depois foram a Cafarnaum; e Jesus tendo entrado no sábado na sinagoga, ensinava.
22 Os ouvintes ficavam admirados com a sua doutrina, porque os ensinava, como quem tem autoridade, e não como os escribas.
23 Na sinagoga estava um homem possesso do espírito imundo, o qual começou a vociferar:
24 "Que tens tu que ver connosco, ó Jesus Nazareno? Vieste para nos perder? Sei quem és, o Santo de Deus."
25 Mas Jesus o ameaçou, dizendo: "Cala-te, e sai desse homem!"
26 Então o espírito imundo, agitando-o violentamente, e dando um grande grito, saiu dele.
27 Ficaram todos tão admirados, que se interrogavam uns aos outros: "Que é isto? Que nova doutrina é esta? Ele manda com autoridade até aos espíritos imundos, e obedecem-lhe."
28 E divulgou-se logo a sua fama por toda a terra da Galileia.
29 Logo que saíram da sinagoga, foram a casa de Simão e de André, com Tiago e João.
30 A sogra de Simão estava de cama com febre. Falaram-lhe logo dela.
31 Jesus, aproximando-se e tomando-a pela mão, levantou-a. Imediatamente a deixou a febre, e ela pôs-se a servi-los.
32 De tarde, sendo já sol-posto, traziam-lhe todos os enfermos e possessos,
33 e toda a cidade se tinha juntado diante da porta.
34 Curou muitos que se achavam oprimidos com várias doenças, expeliu muitos demônios, e não lhes permitia dizer que o conheciam.
35 Levantando-se muito antes de amanhecer, saiu, e foi a um lugar solitário, e lá fazia oração.
36 Simão e os seus companheiros foram procurá-lo.
37 Tendo-o encontrado, disseram-lhe: "Todos te procuram."
38 Ele respondeu: "Vamos para outra parte, para as aldeias vizinhas, a fim de que eu também lá pregue, pois para isso é que vim."
39 E andava pregando nas sinagogas, por toda a Galileia, e expelia os demônios.
40 Foi ter com ele um leproso, fazendo-lhe suas súplicas, e, pondo-se de joelhos, disse-lhe: Se queres, podes limpar-me.
41 Jesus, compadecido dele, estendeu a mão e, tocando-o, disse-lhe: "Quero, sê limpo."
42 Imediatamente desapareceu dele a lepra e ficou limpo.
43 E logo o mandou retirar, dizendo-lhe com tom severo:
44 "Guarda-te de o dizer a alguém, mas vai, mostra-te ao sacerdote, e oferece pela purificação o que Moisés ordenou, para lhes servir de testemunho.
45 Ele, porém, retirando-se começou a contar e a publicar o sucedido, de sorte que Jesus já não podia entrar descobertamente numa cidade, mas ficava fora nos lugares desertos, e de todas as partes iam ter com ele.
Capítulo 2 Ver capítulo
1 Passados alguns dias, entrou Jesus outra vez em Cafarnaum,
2 e soube-se que ele estava em casa. Juntou-se muita gente, de modo que não se cabia, nem mesmo diante da porta. E ele pregava-lhes a palavra.
3 Foram ter com ele, conduzindo um paralítico, que era transportado por quatro.
4 Como não pudessem apresentar-lho por causa da multidão, descobriram o tecto pela parte debaixo da qual estava Jesus, e, tendo feito uma abertura, desceram o leito, em que jazia o paralítico.
5 Vendo Jesus a fé daqueles homens, disse ao paralítico: "Filho, são-te perdoados os teus pecados."
6 Estavam ali sentados alguns escribas, os quais iam discorrendo nos seus corações :
7 "Como fala assim este homem ? Ele blasfema. Quem pode perdoar os pecados, senão só Deus?"
8 Jesus, conhecendo logo no seu espírito que eles discorriam desta maneira dentro de si, disse-lhes: Porque pensais isso nos vossos corações ?
9 O que é menos difícil dizer ao paralítico: Os teus pecados te são perdoados; ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito, e anda?
10 Ora, para que saibais que o Filho do homem tem na terra poder de perdoar pecados...
11 eu te ordeno, disse ao paralítico: "Levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa."
12 Imediatamente ele se levantou, e, tomando o seu leito, retirou-se à vista de todos, de maneira que todos se admiraram e louvavam a Deus, dizendo: "Nunca tal vimos."
13 Foi outra vez para o lado do mar. Ia ter com ele todo o povo, e o ensinava.
14 Ao passar viu Levi, filho de Alfeu, sentado no telónio, e disse-lhe; "Segue-me." Ele, levantando-se, o seguiu.
15 Aconteceu que, estando Jesus sentado à mesa em casa dele, estavam também à mesa com Jesus e com os seus discípulos muitos publicanos e pecadores, porque havia muitos deles que também o seguiam.
16 Os escribas e fariseus, vendo que Jesus comia com os pecadores e publicanos, diziam a seus discípulos : "Porque come e bebe o vosso Mestre com os publicanos e pecadores?"
17 Ouvindo isto Jesus, disse-lhes: "Os sãos não têm necessidade de médico, mas os enfermos; eu não vim chamar os justos mas os pecadores."
18 Os discípulos de João e os fariseus jejuavam. Foram pois ter com Jesus, e disseram-lhe: "Porque jejuam os discípulos de João e os fariseus, e não jejuam os teus discípulos?"
19 Jesus respondeu-lhes: "Podem porventura jejuar os companheiros do esposo, enquanto o esposo está com eles? Todo o tempo que têm consigo o esposo, não podem jejuar.
20 Mas virão dias em que lhes será tirado o esposo, e então nesses dias jejuarão.
21 Ninguém cose um remendo de pano cru num vestido velho; doutra sorte o remendo novo leva parte do velho, e torna-se maior o rasgão.
22 Ninguém lança vinho novo em odres velhos; doutra sorte o vinho fará arrebentar os odres, e entornar-se-á o vinho, e perder-se-ão os odres; mas para vinho novo, odres novos."
23 Sucedeu que, caminhando o Senhor em dia de sábado, por entre campos de trigo, os seus discípulos, enquanto caminhavam, começaram a colher espigas.
24 Os fariseus diziam-lhe: "Como é que fazem ao sábado o que não é lícito?"
25 Ele respondeu-lhes: "Nunca lestes o que fez David, quando se encontrou em necessidade, e teve fome, ele e os que com ele estavam?
26 Como entrou na casa de Deus, sendo sumo sacerdote Abiatar, e comeu os pães da proposição, dos quais não é lícito comer, senão aos sacerdotes, e deu aos que com ele estavam?"
27 E acrescentou: "O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado.
Capítulo 3 Ver capítulo
1 Outra vez Jesus entrou na sinagoga, e encontrava-se lá um homem, que tinha uma das mãos seca.
2 Observavam-no a ver se curaria em dia de sábado, para o acusarem.
3 Jesus disse ao homem, que tinha a mão seca: "Vem aqui para o meio."
4 Depois disse-lhes: "É lícito em dia de sábado fazer bem ou mal? Salvar a vida a uma pessoa ou tirá-la?" Eles, porém, calaram-se.
5 Olhando-os em roda com indignação, contristado da cegueira de seus corações, disse ao homem: "Estende a tua mão." Ele a estendeu, e foi-lhe restabelecida a mão.
6 Mas os fariseus, retirando-se, entraram logo em conselho contra ele com os herodianos, para ver como o haviam de perder.
7 Jesus retirou-se com os seus discípulos para a banda do mar, e seguiu-o uma grande multidão de povo da Galileia, da Judeia,
8 de Jerusalém, da Idumeia, da Transjordânia e das vizinhanças de Tiro e de Sidónia, tendo ouvido as coisas que fazia, foram também em grande multidão ter com ele.
9 Mandou aos seus discípulos que lhe aprontassem uma barca, para que a multidão o não atropelasse.
10 Porque, como curava muitos, todos os que padeciam algum mal arrojavam-se sobre ele para o tocarem.
11 E os espíritos imundos, quando o viam, prostravam-se diante dele, e gritavam :
12 "Tu és o Filho de Deus." Mas ele ordenava-lhes com severidade que o não manifestassem.
13 Tendo subido a um monte, chamou a si os que quis. Aproximaram-se dele,
14 e destinou doze, para que andassem com ele, e para os enviar a pregar
15 com poder de expelir os demônios.
16 Escolheu pois doze: Simão, a quem pós o nome de Pedro.
17 Tiago, filho de Zebedeu, e João, irmão de Tiago, aos quais pôs o nome de Boanerges, que quer dizer filhos do trovão,
18 André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão o Cananeu
19 e Judas Iscariotes, que o entregou.
20 Depois, foi para casa e concorreu de novo tanta gente, que nem mesmo podiam tomar alimento.
21 Quando os seus parentes ouviram isto, foram para o prender; porque diziam: "Está louco."
22 Os escribas, que tinham descido de Jerusalém, diziam : "Está possesso de Belzebu, e em virtude do príncipe dos demônios é que expele os demônios."
23 Jesus tendo-os chamado, dizia-lhes em parábolas: "Como pode Satanás expelir Satanás?
24 Se um reino está dividido contra si mesmo, um tal reino não pode subsistir.
25 E se uma casa está dividida contra si mesma, tal casa não pode ficar de pé,
26 Se pois Satanás se levantar contra si mesmo, o seu reino está dividido, e não poderá subsistir, antes está para acabar.
27 Ninguém pode entrar na casa do forte, a roubar os seus móveis, se primeiro não prende o forte. Então saqueará a sua casa.
28 Na verdade vos digo que serão perdoados aos filhos dos homens todos os pecados e as blasfêmias que proferirem;
29 porém, o que blasfemar contra o Espírito Santo, jamais terá perdão; mas será réu de eterno pecado."
30 Jesus falou assim por terem dito : "Está possesso do espírito imundo."
31 Chegaram sua mãe e seus irmãos, os quais, estando fora, o mandaram chamar.
32 Estava sentada à roda dele muita gente. Disseram-lhe: "Eis que tua mãe e teus irmãos estão lá fora e procuram-te."
33 Ele, respondeu-lhes: "Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?"
34 E, olhando para os que estavam sentados à roda de si, disse: "Eis minha mãe e meus irmãos.
35 Porque o que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã, e minha mãe."
Capítulo 4 Ver capítulo
1 Começou de novo a ensinar à beira do mar; e juntou-se à roda dele tão grande multidão que teve de subir para uma barca e sentar-se dentro dela no mar, enquanto que toda a multidão estava em terra na praia.
2 E ensinava-lhes muitas coisas por meio de parábolas. Dizia-lhes segundo o seu meio de ensinar :
3 "Ouvi: Eis saiu o semeador a semear.
4 Enquanto semeava, uma parte da semente caiu ao longo do caminho, e vieram as aves do céu, e comeram-na.
5 Outra parte caiu sobre pedregulho, onde tinha pouca terra; e nasceu logo, porque não havia profundidade de terra;
6 mas, quando saiu o sol, foi crestada pelo calor, e, como não tinha raiz, secou.
7 Outra parte caiu entre espinhos; e cresceram os espinhos, e a sufocaram, e não deu fruto.
8 Outra caiu em boa terra; e deu fruto que vingou, e cresceu, e um grão deu trinta, outro sessenta, e outro cem ."
9 E acrescentava; "Quem tem ouvidos para ouvir, ouça."
10 Quando se encontrou só, os doze, que estavam com ele, interrogaram-no sobre a parábola.
11 Disse-lhes; "A vós é concedido conhecer o mistério do reino de Deus; porém, aos que são de fora, tudo se lhes propõe em parábolas,
12 para que, olhando, não vejam, ouvindo, não entendam, de sorte que não se convertam, e lhes sejam perdoados os pecados."
13 E acrescentou: "Não entendeis esta parábola? Então como entendereis todas as outras?
14 O que o semeador semeia é a palavra.
15 Uns encontram-se ao longo do caminho onde ela é semeada; logo que a ouviram, vem Satanás tirar a palavra semeada neles.
16 Outros recebem a semente em terreno pedregoso; ouvem a palavra, logo a recebem com gosto;
17 mas não têm raízes em si, são inconstantes; depois, levantando-se a tribulação ou a perseguição por causa da palavra, sucumbem imediatamente.
18 Outros recebem a semente entre espinhos; ouvem a palavra,
19 mas as solicitudes do século, a sedução das riquezas, e os outros afetos desordenados, entrando, afogam a palavra, e ela fica infrutuosa.
20 Outros recebem a semente em boa terra; ouvem a palavra, recebem-na, e dão fruto, um a trinta, outro a sessenta, e outro a cem por um.
21 Dizia-lhes mais; "Porventura traz-se a lucerna para a meter debaixo do alqueire ou debaixo do leito? Não é para ser posta sobre o candelabro?
22 Porque não há coisa alguma escondida que não venha a ser manifesta, nem que seja feita para estar oculta, mas para vir a descoberto.
23 Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.
24 Dizia-lhes mais: "Atendei ao que ouvis. Com a medida com que medirdes, vos medirão a vós, e ainda se vos acrescentará.
25 Porque ao que tem, dar-se-lhe-á ainda mais e ao que não tem, ainda o que tem, lhe será tirado."
26 Dizia também: "O reino de Deus é como um homem que lança a semente à terra.
27 Dorme e se levanta, noite e dia, e a semente brota e cresce sem ele saber como.
28 Porque a terra por si mesma produz, primeiramente, a erva, depois a espiga, e por último o trigo grado na espiga.
29 E, quando o fruto está maduro, mete logo a fouce, porque está chegado o tempo da ceifa."
30 Dizia mais: "A que coisa compararemos nós o reino de Deus? Com que parábola o figuraremos?
31 É como um grão de mostarda que, quando se semeia na terra, é a menor de todas as sementes que há na terra;
32 mas, depois que é semeado, cresce e torna-se maior que todas as hortaliças, e cria grandes ramos, de modo que as aves do céu podem vir pousar à sua sombra (Dn. 4, 9 e Dn. 4, 18; Ez. 17, 23 e Ez. 31, 6).
33 Assim lhes propunha a palavra com muitas parábolas como estas, conforme o permitia a capacidade dos ouvintes.
34 Não lhes falava sem parábolas; porém, tudo explicava em particular a seus discípulos.
35 Naquele mesmo dia, já sobre a tarde, disse-lhes: "Passemos à outra banda."
36 Deixando a multidão, o levaram, assim como estava, na barca. Outras embarcações o seguiram.
37 Então levantou-se uma grande tormenta de vento, e as ondas lançavam-se sobre a barca, de sorte que a barca se enchia de água.
38 Jesus estava dormindo na popa, sobre um travesseiro. Acordaram-no, e disseram-lhe : "Mestre, não se te dá que pereçamos?
39 Ele levantou-se, ameaçou o vento, e disse para o mar: "Cala-te, emudece." O vento amainou, e seguiu-se uma grande bonança.
40 Depois disse-lhes : "Porque sois tão tímidos? Ainda não tendes fé?" Ficaram cheios de grande temor, e diziam uns para os outros: "Quem será este, que até o vento e o mar lhe obedecem?"
Capítulo 5 Ver capítulo
1 Chegaram à outra banda do mar, ao território dos gerasenos.
2 Ao sair Jesus da barca, foi logo ter com ele, saindo dos sepulcros, um homem possesso de um espírito imundo.
3 Tinha o seu domicílio nos sepulcros, e nem com cadeias o podia alguém ter preso.
4 Tendo sido atado por muitas vezes com grilhões e com cadeias, tinha quebrado as cadeias e despedaçado os grilhões, e ninguém o podia domar.
5 E sempre, dia e noite, andava pelos sepulcros e pelos montes, gritando e ferindo-se com pedras.
6 Vendo, porém, a Jesus de longe, correu e prostrou-se diante dele,
7 e clamou em alta voz: "Que tens tu comigo, Jesus, Filho de Deus Altíssimo? Eu te conjuro por Deus que me não atormentes."
8 Porque Jesus dizia-lhe : "Espírito imundo sai desse homem."
9 Depois perguntou-lhe: "Que nome é o teu?" Ele respondeu: "O meu nome é Legião, porque somos muitos."
10 E suplicava-lhe instantemente que o não expulsasse daquele pais.
11 Andava ali pastando ao redor do monte uma grande vara de porcos.
12 Os espíritos imundos suplicaram-lhe : "Manda-nos para os porcos, para nos metermos neles."
13 Jesus deu-lhes essa permissão. Então os espíritos imundos saíram e entraram nos porcos, e a vara, que era de cerca de dois mil, precipitou-se por um despinhadeiro no mar, onde se afogaram.
14 Os que andavam apascentando fugiram e foram espalhar a noticia pela cidade e pelos campos. E o povo foi ver o que tinha sucedido.
15 Foram ter com Jesus, e viram o que tinha sido vexado do demônio sentado, vestido e são do juízo, ele, que tinha estado possesso de uma legião inteira; e tiveram medo.
16 Os que tinham visto contaram-lhes o que tinha acontecido ao endemoninhado e aos porcos.
17 Então começaram a rogar a Jesus que se retirasse do território deles.
18 Quando Jesus subia para a barca, começou o que fora vexado do demônio a pedir-lhe que lhe permitisse acompanhá-lo.
19 Mas Jesus não o permitiu, antes lhe disse: "Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes quão grandes coisas o Senhor te fez, e como teve piedade de ti."
20 Ele retirou-se e começou a publicar pela Decápole quão grandes coisas lhe linha feito Jesus; e todos se admiravam.
21 Tendo passado Jesus novamente para a outra banda na barca, concorreu a ele muita gente, e ele estava junto do mar.
22 Chegou um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo, o qual, vendo-o, lançou-se a seus pés,
23 e suplicava-lhe com instância: "Minha filha está nas últimas; vem, impõe sobre ela a mão, para que seja salva, e viva."
24 Jesus foi com ele, e uma grande multidão o seguia e o apertava.
25 Então uma mulher, que há doze anos padecia um fluxo de sangue,
26 que tinha sofrido muito de muitos médicos, e tinha gastado tudo quanto possuía, sem ter sentido melhoras, antes cada vez se achava pior,
27 tendo ouvido falar de Jesus, foi por detrás, entre a turba, e tocou o seu vestido.
28 Porque dizia: "Se eu tocar, ainda que seja só o seu vestido, ficarei curada."
29 Imediatamente parou o fluxo de sangue, e sentiu no seu corpo estar curada do mal.
30 Jesus, conhecendo logo em si mesmo a virtude que saíra dele, voltado para a multidão, disse: "Quem tocou os meus vestidos?"
31 Os seus discípulos responderam: "Tu vês que a multidão te comprime, e perguntas: Quem me tocou?"
32 E Jesus olhava em roda para ver a que tinha feito isto.
33 Então a mulher, que sabia o que se tinha passado nela, cheia de medo, e tremendo, foi prostrar-se diante dele, e disse-lhe toda a verdade.
34 Jesus disse-lhe: "Filha, a tua fé te salvou; vai em paz, e fica curada do teu mal."
35 Ainda ele falava, quando chegaram de casa do chefe da sinagoga, dizendo: "Tua filha morreu; para que incomodar mais o Mestre?"
36 Porém, Jesus, tendo ouvido o que eles diziam, disse ao príncipe da sinagoga: "Não temas; crê sòmente."
37 E não permitiu que ninguém o acompanhasse, senão Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago.
38 Chegando a casa do príncipe da sinagoga, viu Jesus o alvoroço, os que estavam chorando e fazendo grandes prantos.
39 Tendo entrado, disse-lhes: "Por que vos perturbais e chorais? A menina não está morta, mas dorme."
40 E zombavam dele. Mas ele, tendo feito sair todos, tomou o pai e a mãe da menina, e os que o acompanhavam, e entrou onde a menina estava deitada.
41 Tomando a mão da menina, disse-Ihe : "Talitha koum, que quer dizer: Menina, eu te mando, levanta-te."
42 Imediatamente se levantou a menina, e andava; pois tinha já doze anos. Ficaram cheios de grande espanto.
43 Jesus ordenou-lhes rigorosamente que ninguém o soubesse. Depois disse que dessem de comer à menina.
Capítulo 6 Ver capítulo
1 Tendo Jesus partido dali, foi para a sua pátria; e seguiam-no os seus discípulos.
2 Chegando o sábado, começou a ensinar na sinagoga. Os seus numerosos ouvintes admiravam-se e diziam : "Donde vêm a este todas estas coisas que diz? Que sabedoria é esta que lhe foi dada? E como se operam tais maravilhas pelas suas mãos?
3 Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Não vivem aqui entre nós também suas irmãs?" E estavam perplexos a seu respeito.
4 Mas Jesus dizia-lhes: "Um profeta só deixa de ser honrado na sua pátria, entre os seus parentes e na sua própria casa."
5 E não podia fazer ali milagre algum; apenas curou alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos.
6 E admirava-se da incredulidade deles. Depois andava ensinando pelas aldeias circunvizinhas.
7 Chamou os doze, e começou a enviá-los dois a dois, dando-lhes poder sobre os espíritos imundos.
8 Ordenou-lhes que não tomassem nada para o caminho, senão sòmente um bastão; nem alforge, nem pão, nem dinheiro na cintura;
9 mas que fossem calçados de sandálias, e não levassem duas túnicas.
10 E dizía-Ihes: "E m qualquer casa onde entrardes, ficai nela até sairdes daquele lugar.
11 Onde vos não receberem, nem vos ouvirem, retirando-vos de lá, sacudi o pó dos vossos pés em testemunho contra eles."
12 Tendo partido, pregavam aos povos que fizessem penitência.
13 Expeliam muitos demônios, ungiam com óleo muitos enfermos, e curavam-nos.
14 Ora o rei Herodes ouviu falar de Jesus, cujo nome se tinha tornado célebre. Dizia-se: "João Batista ressuscitou de entre os mortos; é por isso que o poder de fazer milagres opera nele."
15 Outros, porém, diziam : "É Elias." E outros diziam : "É um profeta, como um dos antigos profetas."
16 Herodes, tendo ouvido isto, disse: "Este é aquele João, a quem eu mandei degolar, e que ressuscitou dos mortos."
17 Porque Herodes tinha mandado prender João, e teve-o em ferros no cárcere por causa de Herodíades, mulher de Filipe, seu irmão, com a qual tinha casado (ilicitamente),
18 Porque João dizia a Herodes: "Não te é lícito ter a mulher de teu irmão."
19 Herodíades tinha-lhe rancor e queria fazê-lo morrer, porém não podia,
20 porque Herodes, sabendo que João era varão justo e santo, olhava-o com respeito, protegia-o, e, quando o ouvia, ficava muito perplexo, porém ouvia-o de boa vontade.
21 Chegando um dia oportuno, Herodes, no aniversário do seu nascimento, deu um banquete aos grandes da corte, aos tribunos e aos principais da Galileia.
22 Tendo entrado na sala a filha da mesma Herodíades, dançou e agradou a Herodes e aos seus convivas. O rei disse à moça: "Pede-me o que quiseres e eu to darei."
23 E jurou-lhe: "Tudo o que me pedires, te darei, ainda que seja metade do meu reino."
24 Ela, tendo saído, disse a sua mãe" "Que hei-de eu pedir?" Ela respondeu-lhe: "A cabeça de João Batista."
25 Tornando logo a entrar apressadamente junto do rei, fez este pedido: "Quero que imediatamente me dês num prato a cabeça de João Batista."
26 O rei entristeceu-se, mas, por causa do juramento e dos convivas, não quis desgostá-la.
27 Imediatamente mandou um guarda com ordem de trazer a cabeça de João. Ele foi degolá-lo no cárcere,
28 levou a sua cabeça num prato, deu-o à moça, e a moça a deu a sua mãe.
29 Tendo ouvido isto os seus discípulos, foram, tomaram o seu corpo, e o depuseram num sepulcro.
30 Tendo os Apóstolos voltado a Jesus, contaram-Ihe tudo o que tinham feito e ensinado.
31 Ele disse-Ihes: "Vinde aparte, a um lugar solitário, e descansai um pouco." Porque eram muitos os que iam e vinham, e nem tinham tempo para comer.
32 Entrando pois numa barca, retiraram-se aparte, a um lugar solitário.
33 Porém viram-nos partir, e muitos souberam para onde iam, e concorreram lá, a pé, de todas as cidades, e chegaram primeiro que eles.
34 Ao desembarcar, viu Jesus uma grande multidão. Teve compaixão deles, porque eram como ovelhas sem pastor, e começou a ensinar-lhes muitas coisas.
35 Fazendo-se tarde, chegaram-se a eles seus discípulos, dizendo: "Este lugar é solitário e a hora é já adiantada;
36 despede-os, a fim de que vão às quintas e povoados próximos e comprem alguma coisa para comer."
37 Ele respondeu-lhes: "Dai-lhes vós de comer." Eles disseram: "Iremos pois com duzentos dinheiros comprar pão para lhes darmos de comer?"
38 Jesus perguntou-lhes: "Quantos pães tendes vós? Ide ver." Depois de terem examinado, disseram-lhe: "Temos cinco, e dois peixes."
39 Então mandou-lhes que os fizessem recostar a todos, em grupos, sobre a relva verde.
40 E recostaram-se em grupos de cem e de cinquenta.
41 Jesus, tomando os cinco pães e os dois peixes, elevando os olhos ao céu, abençoou e partiu os pães, e os deu a seus discípulos para que lhos servissem; igualmente repartiu por todos os dois peixes.
42 Todos comeram e ficaram saciados.
43 E recolheram doze cestos cheios das sobras dos pães e dos peixes.
44 Os que tinham comido dos pães eram cinco mil homens.
45 Imediatamente Jesus obrigou seus discípulos a embarcar, para chegarem primeiro que ele à outra banda do lago, a Betsaida, enquanto despedia o povo,
46 Depois que os despediu, retirou-se a um monte a fazer oração.
47 Chegada a noite, encontrava-se a barca no meio do mar, e ele só em terra.
48 Vendo-os cansados de remar, (porque o vento lhes era contrário), cerca da quarta vigília da noite foi ter com eles, andando sobre o mar; e fez menção de passar adiante.
49 Quando eles o viram caminhar sobre o mar, julgaram que era um fantasma e gritaram
50 porque todos o viram e se assustaram. Mas ele falou-lhes logo e disse: "Tende confiança, sou eu, não temais."
51 Subiu em seguida para a barca a ir ter com eles, e o vento cessou. Ficaram extremamente estupefactos,
52 pois não tinham dado conta do que se tinha passado com os pães; o seu coração estava obcecado.
53 Tendo passado à outra banda, foram ao país de Genesaré, e lá aportaram.
54 Tendo desembarcado, logo o conheceram,
55 e, correndo por todo aquele país, começaram a trazer-lhe todos os doentes em leitos, onde sabiam que ele estava.
56 Em qualquer lugar a que chegava, nas aldeias, nas cidades ou nas herdades, punham os enfermos no meio das praças, e pediam-lhe que os deixasse tocar ao menos a orla do seu vestido. E todos os que o tocavam ficavam sãos.
Capítulo 7 Ver capítulo
1 Reuniram-se em volta de Jesus os fariseus e alguns dos escribas, vindos de Jerusalém.
2 Tendo visto alguns dos seus discípulos comer o pão com as mãos impuras, isto é, por lavar,
3 (porque os fariseus e todos os Judeus, em observância da tradição dos antigos, não comem sem lavar as mãos cuidadosamente;
4 e, quando vêm da praça pública, não comem sem se purificar; e praticam muitas outras observâncias tradicionais, como lavar os copos, os jarros, os vasos de metal, e os leitos),
5 os fariseus e os escrivas interrogaram-no : "Porque não andam os teus discípulos segundo a tradição dos antigos, mas comem o pão sem lavar as mãos?"
6 Ele respondeu-lhes: "Com razão Isaías profetizou de vós, hipócritas, quando escreveu (Is. 29, 13): Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim
7 É vão o culto que me prestam, ensinando doutrinas que são preceitos humanos.
8 Pondo de lado o mandamento de Deus, observais cuidadosamente a tradição dos homens."
9 Disse-lhes mais: "Vós bem fazeis por destruir o mandamento de Deus, para manter a vossa tradição.
10 Porque Moisés disse: Honra teu pai e tua mãe. E todo o que amaldiçoar seu pai ou sua mãe, seja punido de morte (Ex. 20, 12 ; Dt. 5, 16 ; Ex. 21, 17).
11 Porém vós dizeis; Se alguém disser a seu pai ou a sua mãe: É oferta a Deus qualquer coisa minha que te possa ser útil;
12 e não lhe deixais fazer nada em favor de seu pai ou de sua mãe,
13 anulando assim a palavra de Deus por uma tradição, que tendes transmitido de uns aos outros. E fazeis muitas coisas semelhantes a esta."
14 Convocando novamente o povo, dizia-lhe : "Ouvi-me todos, e entendei.
15 Não há coisa fora do homem que, entrando nele, o possa manchar, mas as que saem do homem, essas são as que tornam o homem impuro.
16 Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça."
17 Tendo entrado em casa, deixada a multidão, os seus discípulos interrogaram-no sobre esta parábola.
18 Ele respondeu-lhes: "Também vós sois ignorantes? Não compreendeis que tudo o que, de fora, entra no homem, não o pode contaminar,
19 porque não entra no seu coração, mas vai ter ao ventre, e lança-se num lugar escuso ?" Com isto declarava puros todos os alimentos.
20 E acrescentava: "O que sai do homem, é que contamina o homem.
21 Porque do interior, do coração do homem é que procedem os maus pensamentos, os furtos, as fornicações, os homicídios,
22 os adultérios, as avarezas, as perversidades, as fraudes, as libertinagens, a inveja, a maledicência, a soberba, a loucura.
23 Todos estes males procedem de dentro, e contaminam o homem."
24 Partindo dali, foi Jesus para o território de Tiro e de Sidónia. Tendo entrado numa casa, não queria que ninguém o soubesse, mas não pôde ocultar-se.
25 Porque uma mulher, cuja filha estava possessa do espirito imundo, logo que ouviu falar dele, foi lançar-se a seus pés.
26 Era uma mulher gentia, siro-fenícia de nação. Suplicava-lhe que expelisse o demônio de sua filha.
27 Jesus disse-lhe: "Deixa que primeiro sejam fartos os filhos, porque não é bem tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cães."
28 Mas ela respondeu-lhe : "Assim é, Senhor, mas também os cachorrinhos comem, debaixo da mesa, das migalhas que caem dos meninos."
29 Ele disse-lhe : "Por esta palavra que disseste, vai, o demônio saiu de tua filha."
30 Tendo voltado para sua casa, encontrou a menina deitada sobre o leito, tendo o demônio saindo dela.
31 Jesus, deixando o território de Tiro, foi novamente por Sidónia ao mar da Galileia, atravessando o território da Decápole.
32 Trouxeram-lhe um surdo-mudo, e suplicavam-lhe que lhe impusesse a mão.
33 Então Jesus, tomando-o aparte dentre a multidão, meteu-lhe os dedos nos ouvidos, e tocou com saliva a sua língua.
34 Depois, levantando os olhos ao céu, deu um suspiro, e disse-lhe: "Ephphata", que quer dizer "abre-te".
35 Imediatamente se lhe abriram os ouvidos, se lhe soltou a prisão da língua, e falava claramente.
36 Ordenou-lhes que a ninguém o dissessem. Porém, quanto mais lho proibia, mais o publicavam.
37 E admiravam-se, sobremaneira, dizendo: "Tudo tem feito bem! Faz ouvir os surdos, e falar os mudos!
Capítulo 8 Ver capítulo
1 Naqueles dias, havendo novamente grande multidão, e, não tendo que comer, chamados os discípulos, disse-lhes:
2 "Tenho compaixão deste povo, porque há já três dias que não se afastam de mim, e não têm que comer.
3 Se os despedir em jejum para suas casas, desfalecerão no caminho e alguns deles vieram de longe."
4 Os discípulos responderam-lhe: "Como poderá alguém saciá-los de pão aqui num deserto?"
5 Jesus perguntou-lhes: "Quantos pães tendes?" Responderam: "Sete."
6 Então ordenou ao povo que se recostasse sobre a terra. Depois, tomando os sete pães, deu graças, partiu-os e deu a seus discípulos, para que os distribuíssem ; e eles os distribuíram pelo povo.
7 Tinham também uns poucos de peixinhos. Ele os abençoou, e mandou que fossem distribuídos.
8 Comeram, ficaram saciados, e, dos pedaços que sobejaram, levantaram sete cestos.
9 Ora os que comeram eram cerca de quatro mil. Em seguida Jesus despediu-os.
10 Entrando logo na barca com seus discipulos, passou ao território de Dalmanuta.
11 Apareceram os fariseus, e começaram a disputar com ele, pedindo-lhe, para o tentarem, um sinal do céu.
12 Porém Jesus, arrancando do coração um suspiro, disse: "Porque pede esta geração um sinal? Em verdade vos digo que a esta geração não será dado sinal algum."
13 Depois, deixando-os, entrou novamente na barca, e passou à outra banda.
14 Ora os discípulos esqueceram-se de tomar pães; e não tinham consigo na barca, senão um único.
15 Jesus advertia-os, dizendo: "Evitai com cuidado o fermento dos fariseus, e o fermento de Herodes."
16 E eles discorriam entre si : "É que nós não temos pão."
17 Conhecendo isto Jesus, disse-lhes: "Porque estais vós a discutir que não tendes pão? Ainda não refletiste nem entendestes? Ainda tendes o vosso coração obcecado ?
18 Tendo olhos, não vedes, e tendo ouvidos, não ouvis? Já não vos recordais?
19 Quando dividi cinco pães por cinco mil homens, quantos cestos levantastes cheios de pedaços?" Eles responderam: "Doze."
20 "E quando dividi sete pães entre quatro mil, quantos cestos levantastes de pedaços?" Responderam : "Sete."
21 E dizia-lhes: "Como é que não entendeis ainda?"
22 Chegaram a Betsaida. Trouxeram-lhe um cego, e suplicavam-lhe que o tocasse.
23 Tomando o cego pela mão, conduziu-o fora da aldeia, pós-lhe saliva sobre os olhos, e, impondo-lhe as suas mãos, perguntou-lhe: "Vês alguma coisa?"
24 Ele, levantando os olhos, disse : "Vejo os homens que me parecem árvores que andam."
25 Depois Jesus impôs-lhe novamente as mãos sobre os olhos, e começou a ver claramente; ficou curado e distinguia tudo, nitidamente, de longe.
26 Então Jesus mandou-o para casa, dizendo: "Não entres na aldeia."
27 Saiu Jesus com os seus discipulos pelas aldeias de Cesareia de Filipe. Pelo caminho, interrogou os seus discípulos: "Quem dizem os homens que eu sou?"
28 Eles responderam-lhe: "Uns dizem que João Batista, outros que Elias, e outros que algum dos profetas."
29 Então perguntou-lhes: "E vós quem dizeis que eu sou? Pedro respondeu: "Tu és o Messias."
30 Então Jesus ordenou-lhes severamente que a ninguém dissessem isto dele.
31 E começou a declarar-lhes que era necessário que o Filho do homem padecesse muito, que fosse rejeitado pelos anciães, pelos príncipes dos sacerdotes, e pelos escribas, que fosse morto, e que ressuscitasse depois de três dias.
32 E falava destas coisas claramente. Pedro, tomando-o de parte, começou a repreendê-lo.
33 Mas Jesus, voltando-se e olhando para seus discípulos, repreendeu Pedro, dizendo : "Retira-te daqui Satanás, que não tens gosto pelas coisas de Deus, mas sim pelas dos homens."
34 Depois, chamando a si o povo com seus discípulos, disse-lhes: "Se alguém me quer seguir, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me.
35 Porque o que quiser salvar a sua vida, a perderá; mas o que perder a sua vida por amor de mim e do Evangelho, a salvará.
36 Pois que aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?
37 Ou que dará o homem em troco da sua alma?
38 No meio desta geração adúltera e pecadora, quem se envergonhar de mim e das minhas palavras, também o Filho do homem se envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos."
Capítulo 9 Ver capítulo
1 E dizia-lhes: "Em verdade vos digo que, dos que aqui se encontram, alguns não morrerão sem terem visto antes o reino de Deus vir com poder."
2 Seis dias depois, tomou Jesus consigo Pedro, Tiago e João, e conduziu-os sós, aparte, a um alto monte, e transfigurou-se diante deles.
3 Os seus vestidos tornaram-se resplandecentes, em extremo brancos, como nenhum lavandeiro sobre a terra os poderia tornar tão brancos.
4 Depois apareceu-lhes Elias com Moisés, que estavam falando com Jesus.
5 Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: "Mestre, é bom que estejamos aqui: façamos três tendas, uma para ti, outra para Moisés, outra para Elias."
6 Porque não sabia o que dizia, pois estavam atônitos de medo.
7 E formou-se uma nuvem que os cobriu com a sua sombra, e saiu uma voz da nuvem, que dizia: "Este é o meu Filho caríssimo, ouvi-o."
8 Olhando logo em roda, não viram mais ninguém com eles senão Jesus.
9 Ao descerem do monte, ordenou-lhes que a ninguém contassem o que tinham visto, senão quando o Filho do homem tivesse ressuscitado dos mortos.
10 Observaram esta ordem, investigando entre si o que queria dizer: "Quando tiver ressuscitado dos mortos."
11 Interrogaram-no, dizendo: "Porque dizem os escribas que Elias deve vir primeiro?"
12 Jesus respondeu-lhes: "Elias efetivamente há-de vir primeiro e pôr tudo em ordem. Como está escrito acerca do Filho do homem, que terá de sofrer muito e ser desprezado?
13 Mas digo-vos que Elias já veio, e fizeram dele quanto quiseram, como está escrito dele."
14 Chegando junto dos seus discípulos, viu uma grande multidão em volta deles, e os escribas disputando com eles.
15 E logo toda aquela multidão surpreendida ao ver Jesus, correu para o saudar.
16 Perguntou-lhes: "Que estais disputando entre vós?"
17 Um de entre a multidão respondeu-lhe: "Mestre, eu trouxe-te meu filho que está possesso de um espirito mudo,
18 o qual, onde quer que se apodere dele, o lança por terra, e o menino espuma, range com os dentes, e fica entorpecido. Roguei a teus discípulos que o expelissem, e não puderam."
19 Jesus respondeu-lhes: "Ó geração incrédula! Até quando hei-de estar convosco? Até quando vos hei-de suportar? Trazei-mo cá."
20 Levaram-lho. Tendo visto Jesus, imediatamente o espírito o agitou com violência, e, caído por terra, revolvia-se espumando.
21 Jesus perguntou ao pai dele: "Há quanto tempo lhe sucede isto?" Ele respondeu: "Desde a infância.
22 O demônio tem-no lançado muitas vezes no fogo e na água, para o matar; porém tu, se podes alguma coisa, vale-nos, tem compaixão de nós."
23 Jesus disse-lhe: "Se podes... tudo é possível ao que crê."
24 Imediatamente o pai do menino exclamou; "Eu creio! Auxilia a minha falta de fé."
25 Jesus, vendo aumentar a multidão, ameaçou o espírito imundo, dizendo-lhe : "Espírito mudo e surdo, eu te mando; sai desse menino, e não tornes a entrar nele!"
26 Então, dando gritos e agitando-o com violência, saiu dele, e o menino ficou como morto, de sorte que muitos diziam: "Está morto."
27 Porém Jesus, tomando-o pela mão, levantou-o, e ele ergueu-se.
28 Depois que entrou em casa, seus discípulos perguntaram-lhe particularmente: "Porque o não pudemos nós expelir?"
29 Respondeu-lhes: "Esta casta de demônios não se pode expelir, senão mediante a oração e o jejum."
30 Tendo partido dali, atravessaram a Galileia; e Jesus não queria que se soubesse.
31 Ia instruindo os seus discípulos, e dizia-lhes: "O Filho do homem vai ser entregue às mãos dos homens, e lhe darão a morte, e ressuscitará ao terceiro dia, depois da sua morte."
32 Mas eles não compreendiam estas palavras, e temiam interrogá-lo.
33 Nisto chegaram a Cafarnaum. Quando estavam em casa, Jesus perguntou-lhes: "De que vínheis vós discutindo pelo caminho?
34 Eles, porém, calaram-se, porque no caminho tinham discutido entre si qual deles era o maior.
35 Então, sentando-se, chamou os doze, e disse-lhes: "Se alguém quer ser o primeiro, será o último de todos e o servo de todos."
36 Em seguida, tomando um menino, pô-lo no meio deles, e, depois de o abraçar, disse-lhes:
37 "Todo o que receber um destes meninos em meu nome, a mim recebe, e todo o que me receber a mim, não me recebe a mim, mas aquele que me enviou."
38 João disse-lhe: "Mestre, vimos um, que não anda connosco, expelir os demônios em teu nome, e nós lho proibimos, porque não nos segue."
39 Jesus, porém, respondeu : "Não lho proibais, porque não há ninguém que faça um milagre em meu nome e que possa logo dizer mal de mim.
40 Porque quem não é contra nós, está connosco.
41 Quem vos der um copo de água, por que sois de Cristo, em verdade vos digo que não perderá a sua recompensa.
42 Quem escandalizar um destes pequeninos que, creem em mim, melhor lhe fora que lhe atassem à roda do pescoço a mó que um asno faz girar, e que o lançassem ao mar.
43 Se a tua mão é para ti ocasião de queda, corta-a; melhor te é entrar na vida eterna manco, do que, tendo duas mãos, ir para a geena, para o fogo inextinguível,
44 onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga (Is. 66, 24).
45 Se o teu pé é para ti ocasião de queda, corta-o; melhor te é entrar na vida eterna coxo, do que, tendo dois pés, ser lançado na geena,
46 onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga (Is. 66, 24).
47 Se o teu olho é para ti ocasião de queda, lança-o fora; melhor te é entrar no reino de Deus sem um olho, do que, lendo dois, ser lançado na geena,
48 onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga (Is. 66, 24).
49 Todo o homem será salgado pelo fogo.
50 O sal é uma coisa boa, porém, se se tornar insípido, com que haveis de lhe dar o sabor? Tende sal em vós, e tende paz uns com os outros."
Capítulo 10 Ver capítulo
1 Saindo dali, foi Jesus para o território da Judeia, e alem do Jordão. Novamente as multidões se juntaram em volta dele, e de novo as ensinava, segundo o seu costume,
2 Aproximando-se os fariseus, perguntavam-lhe para o tentarem: "É lícito ao marido repudiar sua mulher?"
3 Ele respondeu-lhes: "Que vos mandou Moisés?"
4 Eles responderam: "Moisés permitiu escrever libelo de divórcio, e separar-se dela (Dt. 24, 1)."
5 Jesus disse-lhes: "Por causa da dureza de vosso coração é que ele vos deu essa lei.
6 Porém, no princípio da criação. Deus fê-los homem e mulher.
7 Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se juntará a sua mulher;
8 e os dois serão uma só carne (Gn. 2, 24). Assim não mais são dois, mas uma só carne.
9 Portanto não separe o homem o que Deus juntou."
10 Em casa os seus discípulos interrogaram-no novamente sobre o mesmo assunto.
11 Ele disse-lhes: "Qualquer que repudiar sua mulher e se casar com outra, comete adultério contra a primeira;
12 e se a mulher repudiar seu marido e se casar com outro, comete adultério."
13 Apresentavam-lhe uns meninos para que os tocasse, mas os discípulos ameaçavam os que lhos apresentavam.
14 Vendo isto Jesus, ficou muito desgostoso, e disse-lhes: "Deixai vir a mim os meninos, não os embaraceis, porque destes tais é o reino de Deus.
15 Em verdade vos digo: "Todo o que não receber o reino de Deus como um menino, não entrará nele."
16 Depois, abraçou-os, e, impondo-lhes as mãos, os abençoava.
17 Tendo saído para se pôr a caminho, veio um homem correndo, e, ajoelhando-se diante dele, perguntou-lhe : "Bom Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?"
18 Jesus disse-lhe: "Porque, me chamas bom? Ninguém é bom senão Deus.
19 Tu conheces os mandamentos: Não mates, não cometas adultério, não furtes, não digas falso testemunho, não cometas fraudes, honra teu pai e tua mãe (Ex. 20, 13-16); Dt. 5, 17-20)."
20 Eie respondeu: "Mestre, todas estas coisas tenho observado desde a minha mocidade."
21 Jesus, pondo nele os olhos, mostrou-lhe afeto, e disse-lhe: "Uma coisa te falta; vai, vende quanto tens, dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; depois vem e segue-me."
22 Mas ele, entristecido por esta palavra, retirou-se desgostoso, porque tinha muitos bens.
23 Jesus, olhando em roda, disse a seus discípulos: "Quanto é difícil que entrem no reino de Deus os que têm riquezas!"
24 Os discípulos assombravam-se das suas palavras. Mas Jesus de novo lhes disse: "Meus filhos, quanto é difícil entrarem no reino de Deus os que confiam nas riquezas!
25 Mais fácil é passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que um rico entrar no reino de Deus."
26 Eles, de cada vez mais admirados, diziam uns para os outros: "Quem pode logo salvar-se?"
27 Jesus, olhando para eles, disse: "Para os homens isto é impossível, mas não para Deus, porque a Deus tudo é possível."
28 Pedro começou a dizer-lhe: "Eis que deixámos tudo, e te seguimos."
29 Jesus respondeu : "Na verdade vos digo : Ninguém há que tenha deixado a casa, os irmãos, as irmãs, o pai, a mãe, os filhos, ou as terras, por causa de mim e do Evangelho,
30 que não receba o cêntuplo, mesmo nesta vida, em casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e terras, mesmo no meio das perseguições, e no século futuro a vida eterna.
31 Porém muitos dos primeiros serão os últimos, e os últimos serão os primeiros."
32 Iam em viagem para subir a Jerusalém; Jesus ia adiante deles. E iam perturbados, e seguiam-no com medo. Tomando novamente de parte os doze, começou a dizer-lhes o que tinha de lhe acontecer:
33 "Eis que subimos a Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes, e aos escribas; eles o condenarão à morte, e o entregarão aos gentios;
34 o escarnecerão, lhe cuspirão, o açoutarão, e lhe tirarão a vida. Mas, ao terceiro dia, ressuscitará.
35 Então aproximaram-se dele Tiago e João, filhos de Zebedeu, dizendo : "Mestre, queremos que nos concedas o que te vamos pedir."
36 Ele disse-lhes: "Que quereis vós que eu vos conceda?"
37 Eles responderam: "Concede-nos que, na tua glória, um de nós se sente à tua direita e outro à tua esquerda."
38 Mas Jesus disse-lhes: "Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu vou beber, ou ser batizados no batismo em que eu vou ser batizado?"
39 Eles disseram-lhe : "Podemos." Jesus disse-lhes: "Efetivamente haveis de beber o cálice que eu vou beber, e haveis de ser batizados no batismo em que eu vou ser batizado;
40 mas, quanto a estardes sentados à minha direita ou à minha esquerda, não pertence a mim o conceder-vo-lo, mas é para aqueles, para quem está preparado."
41 Ouvindo isto os dez, começaram a indignar-se contra Tiago e João.
42 Mas Jesus, chamando-os, disse-Ihes: "Vós sabeis que aqueles que são reconhecidos como chefes das nações as dominam, e que os seus príncipes têm poder sobre elas.
43 Porém entre vós não deve ser assim, mas o que quiser ser o maior, será o vosso servo,
44 e o que entre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos.
45 Porque também o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida para redenção de muitos."
46 Chegaram a Jericó. Ao sair de Jericó, ele, os seus discípulos e grande multidão, Bartimeu, mendigo cego, filho de Timeu, estava sentado junto ao caminho.
47 Quando ouviu dizer que era Jesus Nazareno, começou a gritar, e a dizer: "Jesus, Filho de David, tem piedade de mim!"
48 Muitos ameaçavam-no para que se calasse. Mas ele cada vez gritava mais forte: "Filho de David, tem piedade de mim!"
49 Jesus, parando, disse: "Chamai-o." Chamaram o cego, dizendo-lhe: "Tem confiança, levanta-te, ele chama-te."
50 Ele deitando fora de si a capa, levantou-se de um salto, e foi ter com Jesus.
51 Tomando Jesus a palavra, disse-lhe: "Que queres que eu te faça?" O cego respondeu: 'Rabbanni faz que eu recupere a vista."
52 Então Jesus disse-lhe: "Vai, a tua fé te salvou." No mesmo instante recuperou a vista, e o seguia pelo caminho.
Capítulo 11 Ver capítulo
1 Quando se iam aproximando de Jerusalém, nas proximidades de Betfagé e de Betânia, perto do monte das Oliveiras, enviou dois dos seus discípulos,
2 e disse-lhes: "Ide à aldeia, que está defronte de vós. Logo que entrardes nela, encontrareis preso um jumentinho, em que ainda não montou homem algum; soltai-o e trazei-o.
3 Se alguém vos disser: Porque fazeis isso? Dizei-lhe: O Senhor tem necessidade dele; e logo o deixará trazer."
4 Indo eles, encontraram o jumentinho preso fora da porta numa encruzilhada; e desprenderam-no.
5 Alguns dos que estavam ali disseram-lhes: "Que fazeis, desprendendo o jumentinho?"
6 Eles responderam-lhes como Jesus lhes tinha mandado, e deixaram-lho levar.
7 Levaram o jumentinho a Jesus, puseram sobre ele os seus mantos, e Jesus montou em cima.
8 Muitos estenderam os seus mantos pelo caminho, outros cortavam ramos das árvores nos campos e juncavam com eles a estrada.
9 Os que iam adiante, e os que seguiam atrás, clamavam, dizendo: "Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor!
10 Bendito o reino que vem do nosso pai David! Hosana no mais alto dos céus!"
11 Entrou em Jerusalém no templo, e. tendo observado tudo, como fosse já tarde, foi para Betânia com os doze.
12 Ao outro dia, depois que saíram de Betânia, teve fome.
13 Vendo ao longe uma figueira que tinha folhas, foi lá ver se encontrava nela algum fruto. Aproximando-se, nada encontrou senão folhas, porque não era tempo de figos.
14 Então disse à figueira: "Nunca jamais coma alguém fruto de ti." Ouviram-no os seus discípulos.
15 Chegaram a Jerusalém. Tendo entrado no templo, começou a lançar fora os que vendiam e compravam no templo, e derribou as mesas dos banqueiros e as cadeiras dos que vendiam pombas.
16 E não consentia que alguém transportasse qualquer objeto pelo templo;
17 e os ensinava, dizendo: "Porventura não está escrito: A minha casa será chamada casa de oração para todas as gentes? (Is. 56, 7). Mas vós fizestes dela um covil de ladrões (Je. 7, 11)."
18 Ouvindo isto os príncipes dos sacerdotes e os escribas, procuravam o modo de o perder; porque o temiam, visto todo o povo admirar a sua doutrina.
19 Quando se fez tarde, saíram da cidade.
20 No outro dia pela manhã, ao passarem, viram a figueira seca até às raízes.
21 Então Pedro, recordando-se, disse-lhe: "Olha, Mestre, como se secou a figueira que amaldiçoaste."
22 Jesus, respondendo, disse-lhes: "Tende fé em Deus.
23 Em verdade vos digo que todo o que disser a este monte: Tira-te daí, e lança-te no mar, e não hesitar no seu coração, mas tiver fé de que tudo o que disser seja feito, lhe será feito.
24 Por isso vos digo: Tudo o que pedirdes na oração, crede que o haveis de conseguir, e que o obtereis.
25 Quando estiverdes orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai-lhe, para que também vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe os vossos pecados.
26 Porque, se vós não perdoardes, também o vosso Pai, que está nos céus, vos não perdoará os vossos pecados."
27 Voltaram a Jerusalém. E, andando Jesus pelo templo, aproximaram-se dele os príncipes dos sacerdotes, os escribas e os anciães,
28 e disseram-lhe: "Com que autoridade fazes tu estas coisas? E quem te deu o direito de as fazer ?"
29 Jesus disse-lhes: "Eu também vos farei uma pergunta; respondei-me a ela primeiro, e eu vos direi depois com que autoridade faço estas coisas.
30 O batismo de João era do céu ou dos homens ? Respondei-me."
31 Mas eles discorriam entre si: Se respondermos que era do céu, ele dirá: Por que razão logo não crestes nele?
32 Responderemos que era dos homens?... Temiam o povo, porque todos tinham a João por um verdadeiro profeta.
33 Então responderam a Jesus : "Não sabemos." E Jesus disse-lhes: "Pois nem eu tão pouco vos direi com que autoridade faço estas coisas."
Capítulo 12 Ver capítulo
1 E começou a falar-lhes por parábolas : "Um homem plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar, edificou uma torre (Is. 5, 1-2), e arrendou-a a uns vinhateiros, e ausentou-se daquele país.
2 Chegado o tempo, enviou aos vinhateiros um servo para receber deles a sua parte dos frutos da vinha.
3 Mas eles, apanhando-o, bateram-lhe, e remeteram-no com as mãos vazias.
4 Enviou-lhes de novo outro servo, e também a este o feriram na cabeça, e o carregaram de afrontas.
5 Enviou de novo outro, e mataram-no. Assim fizeram a muitos outros, dos quais bateram nuns, e mataram outros.
6 Tendo ainda um filho querido, também lho enviou por último, dizendo: Terão respeito a meu filho.
7 Porém aqueles vinhateiros disseram uns para os outros: Este é o herdeiro, vinde, matemo-lo, e será nossa a herança.
8 Pegaram nele, mataram-no, e lançaram-no fora da vinha.
9 Que fará pois o senhor da vinha? Virá, exterminará os vinhateiros, e dará a vinha a outros.
10 Vós nunca leste este lugar da Escritura: A pedra que fora rejeitada pelos que edificavam, tornou-se cabeça do ângulo.
11 Pelo Senhor foi feito isto, e é coisa maravilhosa aos nossos olhos (Ps. 117, 22-23)."
12 Procuravam apoderar-se dele, mas temeram o povo. Tinham compreendido bem que dissera esta parábola contra eles. E, deixando-o, retiraram-se.
13 Enviaram-lhe alguns dos fariseus e dos herodianos, para que o apanhassem em alguma palavra.
14 Chegando eles, disseram-lhe: "Mestre, sabemos que és verdadeiro, que não atendes a respeitos humanos; porque não consideras o exterior dos homens, mas ensinas o caminho de Deus, segundo a verdade: É lícito pagar o tributo a César, ou não? Devemos pagar ou não?"
15 Jesus, conhecendo a sua perfídia, disse-lhes: "Porque me tentais? Trazei-me um dinheiro para o ver."
16 Eles lho trouxeram. Então disse-lhes: "De quem é esta imagem e inscrição?" Responderam-lhe: "De César."
17 Então Jesus disse-lhes: "Dai, pois, o que é de César a César, e o que é de Deus a Deus." E admiravam-no.
18 Foram ter com ele os saduceus, que negam a ressurreição, e interrogaram-no, dizendo:
19 "Mestre, Moisés deixou-nos escrito que, se morrer o irmão de algum e deixar a mulher sem filhos, seu irmão tome a mulher dele e dê descendência a seu irmão (Dt. 25, 5-6).
20 Ora havia sete irmãos. O primeiro tomou mulher, e morreu sem deixar filhos.
21 O segundo tomou-a, e morreu também sem deixar filhos. Da mesma sorte o terceiro.
22 Nenhum dos sete deixou filhos. Depois deles todos, morreu também a mulher.
23 Na ressurreição, pois, quando tornarem a viver, de qual deles será a mulher? Porque os sete a tiveram por mulher."
24 Jesus respondeu-lhes: "Não estais vós em erro, porque não compreendeis as Escrituras, nem o poder de Deus?
25 Quando ressuscitarem de entre os mortos, nem os homens tomarão mulheres, nem as mulheres homens, mas todos serão como os anjos no céu.
26 Relativamente à ressurreição dos mortos, não tendes lido no livro de Moisés, como Deus lhe falou sobre a sarça, dizendo: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacob? (Ex. 3, 6).
27 Ele não é Deus dos mortos, mas dos vivos. Logo vós estais num grande erro."
28 Então aproximou-se um dos escribas, que os tinha ouvido discutir. Vendo que Jesus lhes tinha respondido bem, perguntou-lhe: "Qual é o primeiro de todos os mandamentos?"
29 Jesus respondeu-lhe: "O primeiro de todos os mandamentos é este: Ouve, Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor.
30 Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento, e com todas as tuas forças (Dt. 6, 4-5).
31 O segundo é este: Amarás o teu próximo como a ti mesmo (Lv. 19, 18). Não há outro mandamento maior do que estes."
32 Então o escriba disse-lhe: "Mestre, disseste bem e com verdade que Deus é um só, e que não há outro fora dele;
33 e que o amá-lo com todo o coração, com todo o entendimento, com toda a alma, e com todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, vale mais que todos os holocaustos e sacrifícios."
34 Vendo Jesus que tinha respondido sabiamente, disse-lhe: "Não estás longe do reino de Deus." Desde então, ninguém mais ousava interrogá-lo.
35 Continuando a ensinar no templo, Jesus tomou a palavra e disse: "Como dizem os escribas que o Cristo é filho de David?
36 O mesmo David, inspirado pelo Espírito Santo, diz (Ps. 109, 1): Disse o Senhor ao meu Senhor: Senta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés.
37 O mesmo David portanto lhe chama Senhor, como é ele pois seu filho? A grande multidão o ouvia com gosto.
38 Dizia-lhes ainda nos seus ensinamentos: "Guardai-vos dos escribas, que gostam de andar com roupas largas, de serem saudados nas praças,
39 e de ocuparem as primeiras cadeiras nas sinagogas, e os primeiros lugares nos banquetes,
40 que devoram as casas das viúvas, sob o pretexto de longas orações. Serão julgados com maior rigor."
41 Estando Jesus sentado defronte do gazofilácio, observava como o povo deitava ali dinheiro. Muitos ricos deitavam em abundância.
42 Tendo chegado uma pobre viúva, lançou duas pequenas moedas, que valem um quarto de um asse.
43 Chamando os seus discípulos, disse-lhes: "Na verdade vos digo que esta pobre viúva deu mais que todos os outros que lançaram no gazofilácio,
44 porque todos os outros deitaram do que lhes sobejava, ela porém deitou do seu necessário tudo o que possuía, tudo o que tinha para viver."
Capítulo 13 Ver capítulo
1 Quando saía do templo, disse-lhe um dos seus discípulos: "Olha, Mestre, que pedras e que construções!"
2 Jesus disse-lhe: "Vês estes grandes edifícios? Não ficará pedra sobre pedra, que não seja derribada."
3 Estando sentado sobre o monte das Oliveiras, defronte do templo, interrogaram-no aparte Pedro, Tiago, João e André:
4 "Diz-nos quando sucederão estas coisas, e que sinal haverá, quando tudo isto estiver para se cumprir?"
5 Então Jesus começou a dizer-lhes : "Vede que ninguém vos engane.
6 Muitos virão em meu nome, dizendo; Sou eu; e enganarão muitos.
7 Quando ouvirdes falar de guerras e de rumores de guerras, não temais; porque importa que estas coisas aconteçam; mas não será ainda o fim.
8 Levantar-se-á nação contra nação, reino contra reino. Haverá terremotos em diversas partes, e fomes. Estas coisas serão o princípio das dores.
9 Tomai, porém, cuidado convosco. Hão-de-vos entregar nos tribunais, sereis açoutados nas sinagogas, sereis, por minha causa, levados diante dos governadores e dos reis, para dar testemunho de mim perante eles.
10 Mas, antes, deve o Evangelho ser pregado a todas as nações.
11 Quando, pois, vos levarem para vos entregar, não premediteis no que haveis de dizer, mas dizei o que vos for inspirado nessa hora; porque não sois vós que falais, mas o Espírito Santo.
12 Então o irmão entregará à morte o seu irmão, o pai o filho; os filhos levantar-se-ão contra os pais e lhes darão a morte.
13 Sereis odiados de todos por causa do meu nome. Mas o que perseverar até ao fim, esse será salvo.
14 Quando, pois, virdes a abominação da desolação posta onde não devia estar - leitor, atende bem! - então os que estiverem na Judeia fujam para os montes,
15 o que estiver sobre o telhado, não desça nem entre para levar coisa alguma de sua casa;
16 e o que se encontrar no campo, não volte atrás a buscar o seu manto.
17 Ai das mulheres grávidas, e das que tiverem crianças de peito naqueles dias!
18 Rogai, pois, que não suceda isto no inverno.
19 Porque, naqueles dias, haverá tribulações, quais não houve desde o principio do mundo, que Deus criou, até agora, nem mais haverá.
20 E se o Senhor não abreviasse aqueles dias, nenhuma pessoa se salvaria; mas ele os abreviou, em atenção aos eleitos que escolheu.
21 Então, se alguém vos disser: Eis aqui está o Cristo, ei-lo acolá, não deis crédito.
22 Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas, e farão milagres e prodígios para enganarem, se fosse possível, até os mesmos escolhidos.
23 Estai, pois, de sobreaviso, eis que eu vos predisse tudo.
24 Naqueles dias, depois daquela tribulação, o sol escurecerá, a lua não dará o seu resplendor,
25 as estrelas cairão do céu, e serão abaladas as potestades que estão nos céus.
26 Então verão o Filho do homem vir sobre as nuvens, com grande poder e glória.
27 E enviará logo os seus anjos, e juntará os seus escolhidos dos quatro ventos, desde a extremidade da terra até à extremidade do céu.
28 Ouvi uma comparação tirada da figueira: Quando os seus ramos estão já tenros e as folhas brotam, sabeis que está perto o estio;
29 assim também quando virdes acontecer estas coisas, sabei que (a vinda do Filho do homem para o juízo final) está perto, às portas.
30 Na verdade vos digo que não passará esta geração, sem que se cumpram todas estas coisas.
31 O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão.
32 A respeito, porém, desse dia ou dessa hora, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas só o Pai.
33 Estai de sobreaviso, vigiai, porque não sabeis quando será o momento.
34 Será como um homem que, empreendendo uma viagem, deixou a sua casa, deu autoridade, aos seus servos, indicando a cada um a sua tarefa, e ordenou ao porteiro que estivesse vigilante.
35 Vigiai, pois, visto que não sabeis quando virá o senhor da casa, se de tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã,
Capítulo 14 Ver capítulo
1 Dali a dois dias era a Páscoa e os ázimos; os príncipes dos sacerdotes e os escribas andavam buscando modo de o prender por traição, para o matar.
2 Porém, diziam: "Não convém que isto se faça no dia da festa, para que se não levante nenhum motim entre o povo."
3 Estando Jesus em Betânia, em casa de Simão o leproso, enquanto estava à mesa, veio uma mulher trazendo um vaso de alabastro cheio de um bálsamo feito de verdadeiro nardo de um grande valor, e, quebrado o vaso, derramou-lho sobre a cabeça.
4 Alguns dos que estavam presentes indignaram-se, e diziam entre si: "Para que foi este desperdício de bálsamo?
5 Pois podia vender-se por mais de trezentos dinheiros, e dá-los aos pobres. E irritavam-se contra ela.
6 Mas Jesus disse: "Deixai-a. Porque a molestais ? Ela fez-me uma boa obra,
7 porque vós tereis sempre convosco pobres, e, quando quiserdes, podeis fazer-lhes bem; porém, a mim, não me tendes sempre.
8 Ela fez o que podia: embalsamou com antecipação o meu corpo para a sepultura.
9 Em verdade vos digo: Onde quer que for pregado este Evangelho por todo o mundo, será também contado, para sua memória, o que ela fez."
10 Então Judas Iscariotes, um dos doze, foi ter com os príncipes dos sacerdotes, para lhes entregar Jesus.
11 Eles, ouvindo-o, alegraram-se e prometeram dar-lhe dinheiro. E ele procurava ocasião oportuna para o entregar.
12 No primeiro dia dos ázimos, quando imolavam a Páscoa, os discípulos lhe disseram: "Onde queres que vamos preparar-te a refeição da Páscoa?"
13 Então ele enviou dois dos seus discípulos, e disse-lhes: "Ide à cidade, e encontrareis um homem levando uma bilha de água; ide atrás dele,
14 e, onde entrar, dizei ao dono da casa: o Mestre diz: Onde está a minha sala em que eu hei-de comer a Páscoa com os meus discípulos?
15 E ele vos mostrará uma sala superior, grande, mobilada e posta em ordem. Preparai-me lá o que é preciso."
16 Os discípulos partiram, chegaram à cidade, encontraram tudo como ele lhes tinha dito, e prepararam a Páscoa.
17 Chegada a tarde, foi Jesus com os doze.
18 Quando estavam à mesa e comiam, disse Jesus: "Em verdade vos digo que um de vós, que come comigo, me há-de entregar.
19 Então começaram a entristecer-se, e a dizer-lhe cada um de per si: Sou porventura eu?
20 Ele disse-lhes: É um dos doze que se serve comigo no mesmo prato.
21 O Filho do homem vai, segundo está escrito dele, mas, ai daquele homem por quem for entregue o Filho do homem! Melhor fora a esse homem não ter nascido."
22 Enquanto comiam, Jesus tomou pão e, depois de o benzer, partiu-o, deu-lho e disse: "Tomai, isto é o meu corpo."
23 Em seguida, tendo tomado o cálice, dando graças, deu-lho, e todos beberam dele.
24 E disse-lhes : "Isto é o meu sangue, o sangue da Aliança, que será derramado por muitos.
25 Em verdade vos digo que não beberei mais desse fruto da vide, até àquele dia em que o beberei novo no reino de Deus."
26 Cantados os salmos, foram para o monte das Oliveiras,
27 Então, Jesus, disse-lhes: "Todos vos escandalizareis, pois está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas se dispersarão (Zc. 3, 7).
28 Mas, depois que eu ressuscitar, preceder-vos-ei na Galileia."
29 Pedro, porém, disse-lhe: "Ainda que todos se escandalizem a teu respeito, eu não."
30 Jesus disse-lhe: "Em verdade te digo que hoje, nesta mesma noite, antes que o galo cante a segunda vez, me negarás três vezes."
31 Porém, ele, insistia ainda mais: "Ainda que me seja preciso morrer contigo, não te negarei." E todos diziam o mesmo.
32 Chegando a uma herdade, chamada Getsemani, Jesus disse a seus discípulos: "Sentai-vos aqui enquanto vou orar."
33 Levou consigo Pedro, Tiago e João; e começou a sentir pavor e angústia.
34 E disse-lhes: "A minha alma está numa tristeza mortal; ficai aqui, e vigiai."
35 Tendo-se adiantado um pouco, prostrou-se por terra, e pedia que, se era possível, se afastasse dele aquela hora.
36 Dizia: "Abba, Pai, todas as coisas te são possíveis; afasta de mim este cálice; porém, não se faça o que eu quero, mas o que tu queres."
37 Depois voltou, e encontrou-os dormindo, e disse a Pedro: "Simão, dormes? Não pudeste vigiar uma hora?
38 Vigiai e orai, para que não entreis em tentação. O espirito na verdade está pronto, mas a carne é fraca."
39 Tendo-se retirado novamente, pôs-se a orar, repetindo as mesmas palavras.
40 Voltando, encontrou-os outra vez a dormir, porque tinham os olhos pesados. Não sabiam que responder-lhe.
41 Voltou terceira vez, e disse-lhes: "Dormi agora e descansai. Basta, é chegada a hora; eis que o Filho do homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores.
42 Levantai-vos, vamos; eis que se aproxima o que me há-de entregar."
43 Ainda falava, quando chega Judas Iscariotes, um dos doze, e com ele muita gente armada de espadas e varapaus, enviada pelos príncipes dos sacerdotes, pelos escribas e pelos anciães.
44 O traidor tinha-lhes dado uma senha, dizendo: "Aquele a quem eu oscular, é esse; prendei-o, e levai-o com cuidado."
45 Logo que chegou, aproximando-se imediatamente de Jesus, disse-lhe: "Mestre!" e osculou-o.
46 Então eles lançaram-lhe as mãos, e prenderam-no.
47 Um dos circunstantes, tirando da espada, feriu um servo do sumo sacerdote, e cortou-lhe uma orelha.
48 Jesus, tomando a palavra, disse-lhes: "Como se eu fosse um ladrão, viestes com espadas e varapaus a prender-me?
49 Todos os dias estava entre vós ensinando no templo, e não me prendestes. Mas isto acontece para que se cumpram as Escrituras."
50 Então os seus discípulos, abandonando-o, fugiram todos.
51 Um jovem seguia Jesus coberto sòmente com um lençol, e prenderam-no.
52 Mas ele, largando o lençol, escapou-se-lhes nu.
53 Levaram Jesus ao sumo sacerdote, e juntaram-se todos os príncipes dos sacerdotes, os anciães e os escribas,
54 Pedro foi-o seguindo de longe, até dentro do pátio do sumo sacerdote. Estava sentado ao fogo com os criados, e aquecia-se.
55 Os príncipes dos sacerdotes e todo o conselho buscavam algum testemunho contra Jesus, para o fazerem morrer, e não o encontravam,
56 Porque muitos depunham falsamente contra ele, mas não concordavam os seus depoimentos.
57 Levantando-se uns certos, depunham falsamente contra ele, dizendo:
58 "Nós ouvimos-lhe dizer: Destruirei este templo, feito pela mão do homem, e em três dias edificarei outro, que não será feito pela mão do homem."
59 Porém nem este seu testemunho era concorde.
60 Então, levantando-se no meio da assembleia o sumo sacerdote, interrogou Jesus, dizendo: "Não respondes nada? O que é que estes depõem contra ti?"
61 Ele, porém, estava em silêncio, e nada respondeu. Interrogou-o de novo o sumo sacerdote, e disse-lhe: "És tu o Cristo, o Filho de Deus bendito?"
62 Jesus respondeu: "Eu o sou, e vereis o Filho do homem sentado á direita do poder de Deus, e vir sobre as nuvens do céu (Ps. 109, 1 ; Dn. 7, 13)."
63 Então o sumo sacerdote, rasgando os seus vestidos, disse: "Que necessidade temos de mais testemunhas?
64 Ouvistes a blasfêmia. Que vos parece?" E todos o condenaram como réu de morte.
65 Então começaram alguns a cuspir-lhe, a velar-lhe o rosto, e a dar-lhe punhadas, dizendo-lhe: "Profetiza!" Os criados receberam-no a bofetadas.
66 Entretanto, estando Pedro em baixo no átrio, chegou uma das criadas do sumo sacerdote.
67 Vendo Pedro, que se aquecia, encarando nele, disse: "Tu também estavas com Jesus Nazareno."
68 Mas ele negou: "Não sei, nem compreendo o que dizes." E saiu fora para a entrada do pátio, e o galo cantou.
69 Tendo-o visto a criada, começou novamente a dizer aos que estavam presentes: "Este é daqueles."
70 Mas ele o negou de novo. Pouco depois, os que ali estavam diziam de novo a Pedro: "Verdadeiramente tu és um deles, porque és galileu."
71 Ele começou a fazer imprecações e a jurar: "Não conheço esse homem de quem falais."
72 Imediatamente cantou o galo segunda vez. Pedro recordou-se da palavra que Jesus tinha dito: "Antes que o galo cante duas vezes, me negarás três vezes." E começou a chorar.
Capítulo 15 Ver capítulo
1 Logo pela manhã, tiveram conselho os príncipes dos sacerdotes com os anciães, os escribas e com todo o Sinédrio. Manietando Jesus, o levaram e entregaram a Pilatos.
2 Pilatos perguntou-lhe: "Tu és o Rei dos Judeus?" Ele respondeu-lhes: "Tu o dizes."
3 Os príncipes dos sacerdotes acusavam-no de muitas coisas.
4 Pilatos interrogou-o novamente: "Não respondes coisa alguma? Vê de quantas coisas te acusam."
5 Mas Jesus não respondeu mais nada, de sorte que Pilatos estava admirado.
6 Ora ele costumava no dia da festa (de Páscoa) soltar-lhes um dos presos, qualquer que eles pedissem.
7 Havia um chamado Barrabás, que estava preso com outros sediciosos, o qual, num motim, tinha cometido um homicídio.
8 Juntando-se o povo, começou a pedir o (indulto) que sempre lhes concedia.
9 Pilatos respondeu-lhes: "Quereis que vos solte o Rei dos Judeus?"
10 Porque sabia que os príncipes dos sacerdotes o tinham entregado por inveja.
11 Porém, os príncipes dos sacerdotes, incitaram o povo a que pedisse antes a liberdade de Barrabás.
12 Pilatos, falando outra vez, disse-lhes: "Que quereis pois que eu faça ao Rei dos Judeus?"
13 Eles tornaram a gritar: "Crucifica-o!"
14 Pilatos, porém, dizia-lhes: "Que mal fez ele?" Mas eles cada vez gritavam mais: "Crucifica-o!"
15 Então Pilatos, querendo satisfazer o povo, soltou-lhes Barrabás. Depois de fazer açoutar Jesus, entregou-o para ser crucificado.
16 Os soldados conduziram-no ao interior do átrio, isto é, ao Pretório, e ali juntaram toda a coorte.
17 Revestiram-no de púrpura e cingiram-lhe a cabeça com uma coroa entretecida de espinhos.
18 E começaram a saudá-lo: "Salve, Rei dos Judeus!"
19 E davam-lhe na cabeça com uma cana, cuspiam-lhe no rosto, e, pondo-se de joelhos, faziam-lhe reverências.
20 Depois de o terem escarnecido, despojaram-no da púrpura, vestiram-lhe os seus vestidos, e levaram-no para o crucificar.
21 Obrigarem um certo homem que a a passar, Simão de Cirene, que vinha do campo, pai de Alexandre e de Rufo, a levar a cruz.
22 Conduziram-no ao lugar do Gólgota, que quer dizer lugar do Crânio.
23 Davam-lhe a beber vinho misturado com mirra, mas ele não o tomou.
24 Tendo-o crucificado, dividiram os seus vestidos, lançando sortes sobre eles, para ver a parte que cada um levaria.
25 Era a hora tércia quando o crucificaram.
26 A causa da sua condenação estava escrita nesta inscrição: O REI DOS JUDEUS.
27 Com ele crucificaram dois ladrões, um à sua direita, e outro à esquerda.
28 Cumpriu-se a Escritura, que diz: Foi contado entre os maus (Is. 53, 12).
29 Os que iam passando blasfemavam, abanando as suas cabeças, e dizendo: "Ah! tu, que destróis o templo de Deus, e o reedificas em três dias,
30 salva-te a ti mesmo, descendo da cruz."
31 Do mesmo modo, escarnecendo-o também os príncipes dos sacerdotes e os escribas, diziam entre si: "Salvou os outros, e não se pode salvar a si mesmo.
32 O Cristo, o Rei de Israel desça agora da cruz, para que vejamos e acreditemos." Também os que tinham sido crucificados com ele o insultavam.
33 Chegada a hora sexta, cobriu-se toda a terra de trevas até à hora nona.
34 E, à hora nona, exclamou Jesus em alta voz: "Eloí, Eloí, lamma sabachtani?" que quer dizer: "Deus meu. Deus meu, porque me desamparaste?"
35 Ouvindo isto, alguns dos circunstantes diziam: "Eis que chama por Elias."
36 Correndo um, e ensopando uma esponja em vinagre, e atando-a numa cana, dava-lhe de beber, dizendo: "Deixai, vejamos se Elias vem tirá-lo."
37 Mas Jesus, dando um grande brado, expirou.
38 O véu do templo rasgou-se em duas partes, de alto a baixo.
39 O centurião, que estava defronte, vendo que Jesus expirava dando este brado, disse: "Verdadeiramente este homem era Filho de Deus."
40 Encontravam-se também ali algumas mulheres vindo de longe, entre as quais estava Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago menor e de José, e Salomé,
41 as quais já o seguiam e serviam quando ele estava na Galileia, e muitas outras, que, juntamente com ele, tinham subido a Jerusalém.
42 Quando era já tarde - pois era a Preparação, isto é, a vigília de sábado - ,
43 foi José de Arimateia, membro ilustre do Sinédrio, que também esperava o reino de Deus, apresentou-se corajosamente a Pilatos, e pediu-lhe o corpo de Jesus.
44 Pilatos admirou-se de que estivesse já morto; mandando chamar o centurião, perguntou-lhe se estava já morto.
45 Informado pelo centurião, deu o corpo a José.
46 José, tendo comprado um lençol, e tirando-o da cruz, envolveu-o no lençol, depositou-o num sepulcro, que estava aberto na rocha, e rolou uma pedra para diante da boca do sepulcro.
47 Entretanto Maria Madalena e Maria, mãe de José, estavam observando onde era depositado.
Capítulo 16 Ver capítulo
1 Passado o dia de sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram aromas para irem embalsamar Jesus.
2 Partindo no primeiro dia da semana, de manhã cedo, chegaram ao sepulcro, quando o sol já era nascido.
3 Diziam entre si: "Quem nos hã-de revolver a pedra da boca do sepulcro?
4 Mas, olhando, viram revolvida a pedra, que era muito grande.
5 Entrando no sepulcro, viram um jovem sentado do lado direito, vestido de uma túnica branca, e ficaram assustadas.
6 Ele disse-lhes: "Não temais. Buscais a Jesus Nazareno, o crucificado? Ressuscitou, não está aqui. Eis o lugar onde o depositaram.
7 Mas ide, dizei a seus discípulos, e especialmente a Pedro, que ele vai adiante de vós para a Galileia; lá o vereis, como ele vos disse."
8 Elas, saindo do sepulcro, fugiram, porque as tinha assaltado o temor e estavam fora de si. Não disseram nada a ninguém, tal era o medo que tinham.
9 Jesus tendo ressuscitado de manhã, no primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios.
10 Ela foi noticiá-lo aos que tinham andado com ele, os quais estavam aflitos e chorosos.
11 Tendo eles ouvido dizer que Jesus estava vivo, e que fora visto por ela, não acreditaram.
12 Depois disto, mostrou-se sob outra forma a dois deles, enquanto iam para a aldeia;
13 os quais foram anunciar aos outros, que nem a estes deram crédito.
14 Finalmente apareceu aos onze, quando estavam à mesa, e censurou-lhes a sua incredulidade e dureza de coração, por não terem dado crédito aos que o viram ressuscitado.
15 Disse-lhes: "Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda a criatura.
16 O que crer e for batizado, será salvo; o que, porém, não crer, será condenado.
17 Eis os milagres que acompanharão os que crerem: Expulsarão os demônios em meu nome, falarão novas línguas,
18 manusearão as serpentes, e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará mal; imporão as mãos sobre os enfermos, e serão curados."
19 O Senhor, depois que assim lhes falou, elevou-se ao céu, e foi sentar-se à direita de Deus.
20 Eles, tendo partido, pregaram por toda a parte, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os milagres que a acompanhavam.