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Capítulo 1 Ver capítulo
1 Palavras do Eclesiaste, filho de Davide, rei de Jerusalém.
2 Vaidade de vaidades, diz o Eclesiaste, vaidade de vaidade, tudo é vaidade!
3 Que proveito tira o homem de todo o trabalho com que se afadiga debaixo do sol?
4 Uma geração passa, outra geração lhe sucede, mas a terra permanece sempre estável.
5 O sol nasce e põe-se, corre ao seu lugar, donde volta a nascer.
6 O vento dirige o seu giro para o meio-dia, depois declina para o norte; corre, visitando tudo em roda, e volta a começar (depois) os seus circuitos.
7 Todos os rios entram no mar, e o mar nem por isso trasborda; os rios voltam ao mesmo lugar donde saíram, para tornarem a correr.
8 Todas as coisas se afadigam, mais do que se pode dizer. O olho não se farta de ver, nem o ouvido se cansa de ouvir (sempre as mesmas coisas).
9 Que é o que foi? O mesmo que há-de ser. Que é o que se fez? O mesmo que se há-de fazer.
10 Não há nada novo debaixo do sol, e ninguém pode dizer; Eis aqui está uma coisa nova, porque ela já existiu nos séculos que passaram antes de nós.
11 Não há memória das coisas antigas, mas também não haverá memória das coisas que hão-de suceder depois de nós, entre aqueles que viverão mais tarde.
12 Eu, o Eclesiaste, fui rei de Israel em Jerusalém,
13 e propus no meu coração inquirir e investigar sàbiamente todas as coisas que se fazem debaixo dos céus: Deus deu esta penosa ocupação aos filhos dos homens, para que se dedicassem a ela.
14 Vi tudo o que se faz debaixo do sol, e achei que tudo era vaidade e a aflição de espírito.
15 O torto não se pode endireitar e o que falta não se pode contar.
16 Eu disse no meu coração: Eis que cheguei a ser grande, que excedi em sabedoria a todos os que antes de mim houve em Jerusalém; o meu espirito possuiu largamente a sabedoria e a ciência.
17 Apliquei o meu coração a conhecer a sabedoria, a loucura, os desvarios, e reconheci que ainda isto é aflição de espírito,
18 porque na muita sabedoria há muita amargura, e o que aumenta a sua ciência, também aumenta o seu sofrimento.
Capítulo 2 Ver capítulo
1 Então eu disse no meu coração: Vamos! Tentemos a alegria, gozemos o prazer. Mas vi que também isto era vaidade.
2 Por isso disse ao riso: És um louco! e à alegria; De que serves?
3 (Em seguida) resolvi dentro no meu coração entregar ao vinho a minha carne, aplicando ainda o meu ânimo à sabedoria; (resolvi) dar-me (dentro de certos limites) à loucura, até ver que coisa seria útil aos filhos dos homens, em que ocupação devem eles empregar-se debaixo dos céus durante os dias da sua vida.
4 Executei grandes obras, edifiquei para mim casas e plantei vinhas;
5 fiz jardins e pomares, e pus neles árvores de toda a espécie;
6 construí depósitos de águas para regar o bosque em que cresciam as árvores;
7 comprei escravos e escravas, e tive muita família; tive multo gado, manadas de bois e rebanhos de ovelhas, mais do que todos os que houve antes de mim em Jerusalém.
8 Amontoei prata e ouro, riquezas de reis e de províncias. (Para me deleitarem os ouvidos) escolhi cantores e cantoras, e tudo o que faz as delícias dos filhos dos homens, taças e jarros (preciosos) para o serviço do vinho.
9 Ultrapassei em grandeza todos os que viveram antes de mim em Jerusalém, conservando, porém, a minha sabedoria.
10 Não recusei aos meus olhos coisa alguma de tudo o que eles desejaram; nem proibi ao meu coração que gozasse de todo o prazer, e se deleitasse nas coisas que eu lhe tinha preparado; e julguei que seria esta a minha sorte, o disfrutar do meu trabalho.
11 Depois, reflectindo em todas as obras que as minhas mãos tinham feito, e nos trabalhos em que eu debalde tinha suado, vi em tudo vaidade e aflição de espirito (reconheci) que nada havia de proveito debaixo do sol.
12 Passei à contemplação da sabedoria, dos desvarios, e da loucura. Qual é o homem que virá depois do rei, que há muito tempo foi designado?
13 E reconheci que a sabedoria leva tanta vantagem sobre a loucura, quanta a luz sobre as trevas.
14 Os olhos do sábio estão na sua cabeça; o Insensato anda nas trevas.
15 Todavia reconheci que ambos têm a mesma sorte e disse dentro no meu coração; Se eu e o insensato devemos ter a mesma sorte, igualmente, de que me serve toda a minha sabedoria? E adverti que também isto era vaidade.
16 Porque a memória do sábio, do mesmo modo que a do Insensato, não será eterna, e os tempos futuros sepultarão tudo igualmente no esquecimento. Tanto morre o sábio como ignorante.
17 E por isso a minha vida se me tornou fastidiosa, vendo que tudo é mau debaixo do sol, que tudo é vaidade e aflição de espírito.
18 Em conseqüência disto detestei toda aquela aplicação, com que eu tinha trabalhado tanto debaixo do sol, porque tudo hei-de deixar ao que vier depois de mim.
19 E quem pode saber se esse será sábio ou insensato? Contudo será senhor dos meus trabalhos, que me custaram cuidados e sabedoria.
20 Por este motivo dei de mão a todas estas coisas, e o meu coração renunciou a afadigar-se mais por nada deste mundo.
21 Com efeito, que um homem trabalhe com sabedoria, ciência e feliz êxito, para deixar o fruto do seu trabalho a outro que nenhuma colaboração prestou, é uma coisa vã e uma grande desgraça.
22 Que proveito tirará o homem de todo o seu trabalho e aflição de espírito, com que é atormentado debaixo do sol?
23 Todos os seus dias são cheios de dores e de amarguras, e nem de noite descansa o seu coração. E não é isto uma vaidade (ou miséria)?
24 Nada há melhor para o homem que comer e beber e gozar o bem-estar, fruto do seu trabalho. Mas também isto vem da mão de Deus.
25 Quem, com efeito, pode comer e gozar bem-estar sem ele? (E todavia sou infeliz).
26 Ele (Deus) ao homem que lhe é agradável, dá sabedoria, e ciência e alegria; mas ao pecador dá aflição e cuidado de recolher e acumular bens, para os deixar a quem Deus quiser. E também isto é vaidade e tormento do espirito.
Capítulo 3 Ver capítulo
1 Todas as coisas têm o seu tempo, todas elas passam debaixo do céu segundo o termo que a cada uma foi prescrito.
2 Há tempo de nascer, e tempo de morrer. Há tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou.
3 Há tempo de matar, e tempo de sarar. Há tempo de destruir, e tempo de edificar.
4 Há tempo de chorar, e tempo de rir. Há tempo de se afligir, e tempo de dançar.
5 Há tempo de espalhar pedras, e tempo de as ajuntar. Há tempo de dar abraços, e tempo de se afastar deles.
6 Há tempo de adquirir, e tempo de perder. Há tempo de guardar, e tempo de lançar fora.
7 Há tempo de rasgar, e tempo de coser. Há tempo de calar, e tempo de falar.
8 Há tempo de amor, e tempo de ódio. Há tempo de guerra, e tempo de paz.
9 Que proveito tira o homem de todo o seu trabalho (realizado sem Deus)
10 Eu vi o trabalho penoso que Deus deu aos filhos dos homens, para que sejam atormentados por ele.
11 Todas as coisas que Deus fez são boas, no seu tempo. Além disso, pôs no seu coração a duração inteira, sem que ninguém possa compreender a obra divina, dum extremo ao outro.
12 E eu reconheci que não havia nada melhor, do que alegrar-se o homem, e fazer o bem, enquanto lhe dura a vida.
13 Todo o homem que come, bebe e tira o bem do seu trabalho, recebe isto por um dom de Deus.
14 Aprendi também que todas as obras que Deus faz duram perpètuamente; nós não lhes podemos acrescentar nem tirar nada: Deus procede assim para que seja temido.
15 O que foi feito, é o que existe; as coisas que hão-de ser, já foram; Deus faz voltar aquilo que passou.
16 Eu vi debaixo do sol a injustiça no lugar do direito, e a iniquidade no lugar da justiça.
17 E disse no meu coração: Deus (um dia) julgará o justo e o ímpio, porque há um tempo para todas as coisas e para todas as obras.
18 Eu disse no meu coração acerca dos filhos dos homens, que Deus os prova e lhes mostra que são semelhantes aos brutos.
19 Por isso os homens morrem como os brutos, e (em ter que morrer) é igual a condição de uns e outros; como morre o homem, assim morrem também os brutos; todos têm o mesmo sopro (de vida), e o homem não tem nada de mais do que o bruto; tudo é vaidade.
20 E todos vão parar a um mesmo lugar. De terra foram feitos e à terra voltam.
21 Quem sabe se o sopro de vida dos filhos dos homens subirá às alturas, e se o sopro de vida dos brutos descerá ao fundo, à terra?
22 E reconheci que nada havia melhor do que alegrar-se o homem nas suas obras, e que esta era a parte que lhe cabia. Porque, quem o poderá pôr em estado de conhecer o que há-de acontecer depois dele?
Capítulo 4 Ver capítulo
1 Pus-me então a considerar todas as opressões que se cometem debaixo do sol, as lágrimas dos inocentes, que ninguém consola. Os seus opressores exercem sobre eles violência, e não há quem os conforte.
2 (À vista disto), felicitei mais os mortos do que os vivos,
3 e considerei mais feliz do que uns e outros aquele que ainda não nasceu, ,e que não viu os males que se fazem debaixo do sol.
4 Vi também que todo o trabalho e perícia numa obra, outra coisa não são que emulação de um homem em relação ao seu próximo; nisto há também vaidade e aflição de espírito.
5 O insensato cruza as mãos é come a sua própria carne, dizendo:
6 Mais vale um punhadinho com descanso, do que ambas as mãos cheias com trabalho e aflição do espírito.
7 Tornando a considerar, encontrei outra vaidade debaixo do sol:
8 Há um homem que é só, não tem ninguém consigo, nem filho nem irmão; todavia não cessa de trabalhar, nem os seus olhos se fartam de riquezas, (e não faz esta reflexão): Para quem trabalho eu, e me privo destes bens? Nisto há vaidade e trabalho ingrato.
9 Melhor é estarem dois juntos, do que um só, porque têm a vantagem da sua sociedade.
10 Se um vai a cair, o outro o sustentará. Ai do que está só, porque, quando cair, não tem quem o levante!
11 Da mesma forma, se dormirem dois juntos, aquecer-se-ão mutuamente, mas um só como se há-de aquecer?
12 Se um dominar outro que está sozinho, dois resistem-lhe; o cordel triplicado dificultosamente se quebra.
13 Vale mais um jovem pobre, mas sábio, do que um rei velho e insensato, que já não sabe escutar conselhos,
14 Aquele poderá sair, mesmo do cárcere e dos ferros, para ser rei. e outro que nasceu rei acaba na miséria.
15 Eu vi todos os viventes, que andam debaixo do sol, com o jovem (príncipe) que se elevava a ocupar o lugar (do velho rei).
16 Todos aqueles, à frente dos quais ele estava, (e o encheram de aplausos) eram um povo infinito em número. Contudo os descendentes (desse povo) não se hão-de regozijar nele; até isto é vaidade e aflição de espírito.
17 Vê onde pões o pé, quando entras na casa de Deus. Aproximar-se, dòcilmente, para escutar, é muito melhor do que oferecer vítimas à maneira dos insensatos, que só sabem fazer mal.
Capítulo 5 Ver capítulo
1 Não digas nada inconsideradamente, nem o teu coração se apresse a proferir palavras diante de Deus, porque Deus está no céu, e tu sobre a terra; portanto sejam poucas as tuas palavras.
2 As muitas ocupações produzem sonhos (molestos), e do muito falar nascem os despropósitos.
3 Se fizeste algum voto a Deus, trata de o cumprir sem demora, porque lhe desagrada a promessa infiel e impensada; mas cumpre tudo o que tiveres prometido.
4 É melhor não fazer votos do que, depois de os fazer, não os cumprir.
5 Não permitas à tua língua fazer pecar a tua carne (a tua pessoa), nem digas ao sacerdote que foi uma inadvertência, para que não suceda que Deus, irado contra as tuas palavras, dissipe as obras das tuas mãos.
6 Dos muitos cuidados nascem os sonhos e das muitas palavras os despropósitos.
7 Se vires a opressão dos pobres e a violação do direito e da justiça, nalguma província, não te admires, porque o que está alto tem acima de si outro mais alto, e sobre estes há ainda outros mais elevados;
8 e há além disso um rei que impera sobre toda a terra que lhe está sujeita.
9 O que ama o dinheiro, jámais se fartará de dinheiro, e o que ama (cegamente) as riquezas, não tirará delas fruto. Logo também isto é vaidade.
10 Onde se multiplicam os bens, multiplicam-se também aqueles que os comem. E de que servem eles a quem os possui, senão para os ver com seus olhos?
11 O sono é doce para o trabalhador, quer ele coma pouco quer muito, porém a fartura do rico não o deixa dormir.
12 Ainda há outra dolorosíssima miséria, que eu vi debaixo do sol: as riquezas conservadas para ruína do seu dono.
13 Perdem-se essas riquezas por um mau negócio, e, se ele tiver então um filho nada lhe fica nas suas mãos.
14 Do modo que ele saiu nu do ventre de sua mãe, assim mesmo sairá desta vida, não levará nada consigo do seu trabalho.
15 Sim, é um triste mal que um (homem) vá como veio. De que lhe serve ter trabalhado para o vento?
16 Todos os dias da sua vida comeu nas trevas (do infortúnio), no meio de muitos cuidados, em miséria e tristeza.
17 Pareceu-me, pois, bem que o homem coma e beba (sòbriamente), e colha com alegria o fruto do seu trabalho com que se afadiga debaixo do Sol durante o número dos dias da vida, que Deus lhe dá; esta é a sua parte.
18 Quando um homem recebe de Deus riquezas e bens, e a possibilidade de comer deles, disfrutar a sua parte e viver alegre no seu trabalho, (tudo) isto é um dom de Deus.
19 Não terá que pensar muito nos dias da sua vida, visto que Deus ocupa de delícias o seu coração.
Capítulo 6 Ver capítulo
1 Há ainda outro mal que eu tenho visto debaixo do sol, e que pesa grandemente sobre o homem:
2 Uma pessoa a quem Deus deu riquezas, bens e honras, a quem nada falta de quantas coisas deseja, mas a quem Deus não concedeu faculdade para comer de tudo isso, porque virá um estranho que há-de devorar tudo; isto é uma vaidade e uma grande miséria.
3 Se um homem tiver um cento de filhos, se viver muitos anos, e contar numerosos dias de vida, e a sua alma se não utilizar dos bens que possui, e se vier a ser privado de sepultura, deste homem não duvido afirmar que um aborto vale mais do que ele.
4 Com efeito, o aborto veio ao mundo debalde, e vai para as trevas (do sepulcro), e o seu nome ficará sepultado no esquecimento,
5 sem ter visto nem conhecido o sol. Mais vale a sua sorte que a deste homem.
6 (Porém o avarento), ainda que vivesse dois mil anos, se não gozou dos seus bens, porventura não irá tudo (com ele) para o mesmo lugar (que é o túmulo)?
7 Todo o trabalho do homem é para a sua boca, mas as suas aspirações não se satisfazem.
8 Qual é a vantagem do sábio sobre o insensato? Qual é a do pobre, que se sabe conduzir na vida?
9 Melhor é ter diante dos olhos o que se há-de desejar, do que desejar o que se ignora. Mas também isto é vaidade e aflição de espírito.
10 Aquele que há-de ser, foi já chamado pelo seu nome; sabe-se que ele é homem, e que não pode disputar em juízo contra quem é mais forte do que ele.
11 Onde há muitas palavras, há muita vaidade. Que aproveita o homem com isso?
Capítulo 7 Ver capítulo
1 Quem sabe o que é bom para o homem na vida. durante os dias da sua vida de vaidade, que passa como a sombra? Ou quem lhe poderá mostrar o que está para suceder depois dele debaixo do sol?
2 É melhor o bom nome do que os perfumes preciosos, e o dia da morte (do justo) do que o dia do nascimento.
3 É melhor ir a uma casa que está de luto, do que a uma casa de banquete, porque naquela recorda-se (com proveito) o fim de todos os homens, e o que está vivo considera (indo lá) no que (um dia) lhe há-de acontecer.
4 É melhor a tristeza do que o riso, porque o rosto triste faz bem ao coração.
5 (E assim) o coração dos sábios está na casa de luto, e o coração dos insensatos na casa de alegria (frívola)
6 É melhor ser repreendido pelo sábio, do que ouvir o canto (de adulação) dos insensatos.
7 Com efeito, como o crepitar dos espinhos que ardem debaixo de uma panela, assim é o riso do Insensato; mas também isto é vaidade.
8 A opressão pode enlouquecer o sábio, e os presentes corrompem o coração.
9 É melhor o fim duma coisa do que o princípio. É melhor o homem paciente, do que o arrogante.
10 Não sejas fácil em te irar, porque a ira repousa no coração do insensato.
11 Não digas: Donde vem que os tempos passados foram melhores que os de agora? Semelhante pergunta não é inspirada pela sabedoria.
12 A sabedoria com riqueza é útil, e aproveita aos que vêem o sol.
13 Porque, assim como a sabedoria protege, assim também protege o dinheiro; mas a sabedoria tem a vantagem de dar a vida (sobrenatural) ao seu possuidor.
14 Considera as obras de Deus: quem poderá endireitar o que ele fez curvado?
15 Goza dos bens no dia bom, reflecte no dia mau, porque Deus, assim como fez este, assim também fez aquele de forma que o homem não descubra o que há-de acontecer.
16 Eu também vi isto nos dias da minha vaidade: um justo que perece na sua justiça, e um ímpio que vive muito tempo na sua malícia.
17 Não sejas demasiado justo nem demasiado sábio; pois, para que te queres arruinar?
18 Não faças muito mal e não sejas insensato, para que não venhas a morrer antes do tempo.
19 Bom é que tomes conta disto e não ponhas de lado aquilo, porque o que teme a Deus, nada descura.
20 A sabedoria fez o sábio mais forte do que dez príncipes de uma cidade.
21 Não há homem justo sobre a terra, que faça o bem e que não peque.
22 Não inclines o teu coração a ouvir todas palavras que se dizem, para que não ouças talvez o teu servo dizer mal de ti.
23 A tua consciência sabe que também tu muitas vezes tens dito mal dos outros.
24 Tudo isto quis buscar na sabedoria. Eu disse: "Far-me-ei sábio", — mas a sabedoria está longe de mim.
25 Continua distante o que estava distante, e profundo, o profundo : quem o poderá sondar?
26 Pus-me a explorar e buscar, com a minha mente, a sabedoria e a razão das coisas, e reconheci que a maldade é uma demência, e que uma conduta insensata é um delírio.
27 Achei que é mais amargosa do que a morte a mulher (corrompida), a qual é um laço de caçadores, sendo o seu coração uma rede, e as suas mãos umas cadeias. Aquele que agrada a Deus, fugirá dela; o que, porém, é pecador, será apanhado por ela.
28 Eis o que eu achei, diz o Eclesiaste, depois de ter conferido uma coisa com outra, para encontrar a razão.
29 O que, porém, a minha alma ainda busca, sem ter encontrado (é o seguinte): Entre mil homens achei um (digno deste nome), e entre todas as mulheres nem uma só achei.
30 O que eu únicamente achei foi que Deus criou o homem recto, e que ele mesmo se meteu em infinitas questões (e perigos). Quem é como o sábio? E quem conhece a explicação das coisas?
Capítulo 8 Ver capítulo
1 A sabedoria do homem reluz no seu rosto, e suaviza a rudeza da sua face.
2 (Digo-te): Observa as ordens do rei, e isto por causa do juramento feito a Deus.
3 Não te apresses a sair de diante da sua face, e não persistas numa obra que lhe desagrada, porque ele fará tudo o que quiser.
4 A sua palavra é cheia de poder, e ninguém lhe pode dizer: Por que fazes isto assim?
5 Aquele que guarda o preceito, não experimentará mal algum. O coração do sábio conhece o tempo e o julgamento.
6 Todas as coisas têm o seu tempo e o seu julgamento, e é grande a aflição que pesa sobre o homem,
7 por ignorar as coisas passadas, e estar na impossibilidade de receber qualquer nova do futuro.
8 Não está na mão do homem reter o seu espírito (vital), nem tem poder sobre o dia da morte, nem se lhe dão tréguas na guerra que o ameaça, nem ao ímpio o salvará dela a sua impiedade.
9 Todas estas coisas considerei, aplicando o meu coração a meditar todas as obras que se fazem debaixo do sol, num tempo em que um homem domina outro homem para desgraça dele.
10 Vi os maus receberem sepultura (pomposa) e gozar do repouso, enquanto os que tinham feito o bem, iam para longe do lugar santo e eram esquecidos na cidade. Mas também isto é vaidade.
11 Pelo facto de não ser proferida logo sentença contra os maus, o coração dos filhos dos homens enche-se de desejos de fazer o mal.
12 Todavia, posto que o pecador cometa cem vezes o mal, e prolongue os seus dias, eu tenho conhecido que serão felizes os que temem a Deus e que respeitam a sua face.
13 A felicidade não é para o mau; como a sombra, não terá largos dias de vida, porque não teme ao Senhor.
14 Ainda há uma outra vaidade sobre a terra: há justos que sofrem males, como se eles tivessem feito obras de ímpios; e há ímpios que vivem tão seguros, como se tivessem feito acções de justos. Mas eu creio que também isto é uma coisa muito vã.
15 Portanto louvei a alegria (do justo), visto não ter o homem debaixo do sol outro bem, senão comer, beber e alegrar-se; é isto que o acompanha no seu trabalho, durante os dias de vida, que Deus lhe dá debaixo do sol.
16 Quando apliquei o meu coração a conhecer a sabedoria e a considerar o trabalho que se faz sobre a terra há homens que, nem de dia nem de noite, deixam ver o sono aos seus olhos
17 vi todas as obras de Deus (e notei) que o homem não pode descobrir as obras que se fazem debaixo do sol. Por mais que o homem se afadigue a procurar, não encontra; até o sábio, se pretender conhecer, não conseguirá descobrir.
Capítulo 9 Ver capítulo
1 Resolvi todas estas coisas no meu coração, para diligentemente as entender: os justos e sábios, com as suas obras, estão na mão de Deus; o homem não sabe se é dígno de amor, se de ódio: tudo está diante deles,
2 tudo acontece igualmente a todos, (havendo) a mesma sorte para o justo e para o ímpio, para o bom e puro e para o impuro, para o que oferece sacrifícios e para o que os não oferece. O bom é tratado como o pecador; o perjuro como aquele que jura verdade.
3 Isto é o que há de pior entre tudo o que se passa debaixo do sol; que haja para todos a mesma sorte; daqui vem que os corações dos filhos dos homens se enchem de malícia e que a loucura habita no seu coração, durante a vida; depois disto, (serão conduzidos) à habitação dos mortos.
4 Enquanto se vive, há esperança. Mais vale um cão vivo, do que um leão morto.
5 Os que estão vivos sabem que hão-de morrer, porém, os mortos não sabem nada, nem recebem mais salário porque a sua memória ficou entregue ao esquecimento.
6 O amor, o ódio e a inveja pereceram juntamente com eles; não têm mais parte alguma no que se faz debaixo do sol.
8 Os teus vestidos sejam em todo o tempo brancos e não falte o óleo perfumado que unja a tua cabeça.
9 Goza da vida, com tua amada companheira, durante todos os dias da tua vida fugaz, que (Deus) te dá debaixo do sol durante todo o tempo da tua vaidade (vida frágil), porque esta é a tua parte na vida e no trabalho com que te afadigas debaixo do sol.
10 Faze com presteza tudo quanto pode fazer a tua mão, porque na sepultura, para onde te precipitas, não há nem obra, nem razão, nem ciência, nem sabedoria.
11 Voltei-me e vi que debaixo do sol a corrida não é para os velozes, nem a guerra para os fortes, nem o pão para os inteligentes, nem as riquezas para os entendidos, nem o favor para os sábios; o tempo e o acaso em tudo se misturam
12 O homem não sabe que fim será o seu: como os peixes são apanhados no anzol, e as aves caem no laço, assim os homens são surpreendidos pela adversidade, quando ela der sobre eles de improviso.
13 Um outro facto observei sob o sol, que foi para mim uma grande lição:
14 Havia uma pequena cidade, e nela se achavam poucos homens; foi contra ela um grande rei, bloqueou-a e levantou ao redor altas torres.
15 Ora encontrava-se nela um homem pobre e sábio que livrou a cidade pela sua sabedoria. E ninguém depois disto se lembrou mais daquele homem pobre.
16 Então disse comigo: a sabedoria vale mais do que a fortaleza, mas é desprezada a sabedoria do pobre, e não são ouvidas as suas palavras.
17 As palavras dos sábios, (proferidas) com calma, são mais ouvidas que o clamor do chefe entre os insensatos.
18 Vale mais a sabedoria, do que as armas da guerra. Uma só falta pode destruir muito bem.
Capítulo 10 Ver capítulo
1 A mosca que morre no unguento do perfumista infecta-o e corrompe-o. Um pouco de insensatez estraga a sabedoria e a glória (mais brilhante).
2 O coração do sábio está na sua mão direita, e o coração do insensato na sua esquerda.
3 O Insensato, mal se põe a caminho (mostra que) lhe falta o senso, e todos dizem: É um louco.
4 Se a cólera do príncipe se elevar contra ti, não abandones o teu posto, porque a calma evita grandes males.
5 Há um mal, que eu vi debaixo do sol, como derivado dum engano do príncipe:
6 o insensato elevado a uma sublime dignidade, e os ricos (em prudência) postos em baixo.
7 Eu vi escravos a cavalo, e príncipes andando a pé sobre a terra, como escravos.
8 Aquele que abriu uma cova (para outro lá cair) cairá nela; e o que desfaz (por maldade) uma parede, mordê-lo-á a cobra.
9 Aquele que transporta pedras será maltratado por elas, e o que racha lenha será ferido pelas lascas.
10 Se o ferro estiver embotado, e não for a amolar, é preciso redobrar de esforços, mas a sabedoria é preferível para o bom êxito,
11 Se a serpente morder, por falta de encantamento nenhum proveito há para o encantador (em saber encantar).
12 As palavras que saem da boca do sábio são cheias de graça; os lábios, porém, do insensato perdê-lo-ão.
13 As suas primeiras palavras são uma estultícia e as últimas que lhe saem da boca, são loucura maligna.
14 O insensato multiplica as palavras. O homem ignora o que houve antes dele; e quem lhe poderá indicar o que será depois?
15 O trabalho dos insensatos aflige-os; nem sequer sabem (o caminho para ir) à cidade.
16 Desgraçada de ti, terra, cujo rei é um menino (que não sabe governar), e cujos príncipes comem desde manhã (em orgias).
17 Ditosa a terra, cujo rei é de uma família ilustre, e cujos príncipes comem a seu tempo para se nutrirem, e não por prazer.
18 Pela preguiça (em fazer reparações) se irá abatendo o madeiramento do tecto, e pela incúria das mãos virá a chover em toda a casa.
19 Fazem-se festins para haver satisfação; o vinho alegra a vida e o dinheiro serve para tudo.
20 Não digas mal do rei, nem mesmo no teu pensamento, e não fales mal do rico, nem mesmo no retiro do teu quarto, porque as aves do céu levarão a tua voz, e os pássaros publicarão as tuas palavras.
Capítulo 11 Ver capítulo
1 Lança o teu pão sobre as águas que passam, porque depois de muito tempo o acharás.
2 Reparte dele com sete e mesmo com oito (ou mais pessoas), porque não sabes o mal que pode vir sobre a terra.
3 Quando as nuvens estiverem carregadas, derramarão chuva sobre a terra. Se a árvore cair para a parte do Meio-dia, ou para a do norte, onde cair, aí ficará.
4 O que observa o vento não semeia, e o que considera as nuvens nunca segará.
5 Do mesmo modo que ignoras qual é o caminho do espirito, e de que sorte se formam os ossos no ventre da mulher grávida, assim também não conheces as obras de Deus, que é o criador de todas as coisas.
6 Semeia de manhã a tua semente, e de tarde não deixes a tua mão repousar, porque não sabes o que terá bom êxito, se isto, se aquilo, ou se ambas as coisas são igualmente boas.
7 A luz é doce, e é coisa deleitável aos olhos o ver o sol.
8 Se um homem viver muitos anos, e em todos eles se alegrar, deve lembrar-se dos dias de trevas que serão numerosos: tudo o que sucede é vaidade.
9 Regozija-te, pois, ó jovem, na tua mocidade, e viva em alegria o teu coração na flor de teus anos; segue as inclinações do teu coração e o que agrada aos teus olhos, mas sabe que Deus te chamará a dar contas de todas estas coisas.
10 Lança fora do teu coração a tristeza, e afasta o mal da tua carne, porque a juventude e a adolescência são vaidade.
Capítulo 12 Ver capítulo
1 Lembra-te do teu Criador nos dias da tua juventude, antes que venham os dias maus e cheguem os anos, de que tu dirás: Esta idade não me agrada;
2 antes que se escureça o sol, e a luz, e a lua, e as estrelas, e voltem as nuvens depois da chuva;
3 quando os guardas de tua casa começarem a tremer, e os homens fortes a vergar, quando as que moem deixarem de moer por serem poucas e as que vêem pelas janelas principiarem a cobrir-se de trevas;
4 quando se fecharem as portas sobre a rua, quando enfraquecer a voz do moinho, quando se calar a voz do pássaro e emudecerem as canções.
5 Nessa altura (da vida) terão medo também (de subir) aos lugares altos, terão sobressaltos no caminho. A amendoeira florescerá, o gafanhoto engordará, e a alcaparra perderá as suas propriedades, porque o homem irá para a 'casa da sua eternidade, enquanto os carpidores percorrem as ruas.
6 (Lembra-te do teu Criador) antes que se quebre o cordão de prata e se despedace a lâmpada de oiro, e se parta o cântaro sobre a fonte, e se desfaça a roda sobre a cisterna,
7 e o pó volte à terra donde saiu, e o espírito volte para Deus que o deu.
8 Vaidade de vaidade, disse o Eclesiaste, e tudo é vaidade.
9 O Eclesiaste. além de ser um sábio, ensinou a ciência ao povo; estudou, investigou e compôs sentenças.
10 Aplicou-se a encontrar palavras agradáveis e a escrever correctamente palavras de verdade.
11 As palavras dos sábios são como aguilhões, como cravos profundamente pregados, que, por meio do conselho dos mestres, nos foram comunicados pelo único pastor (que é Deus).
12 Não busques, pois, meu filho, mais coisa alguma além destas (verdades). Não se põe termo em multiplicar os livros, e a meditação freqüente é aflição da carne.
13 Ouçamos todos juntos o fim deste discurso: Teme a Deus e observa os seus mandamentos, porque isso é o homem todo.
14 (Lembremo-nos que) Deus fará dar contas no seu juízo de todas as faltas, mesmo ocultas, de todo o bem e mal que se tiver feito.