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Tobias - Livro Completo
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Capítulo 1 Ver capítulo

1 Tobit, da tribo e da cidade de Neftali (situada na Galileia superior, acima de Naasson, atrás do caminho do ocidente, tendo à esquerda a cidade de Sefet),

2 foi levado para o cativeiro no tempo de Salmanasar, rei dos assírios. Embora cativo, ele não abandonou o caminho da verdade.

3 Tudo aquilo de que podia dispor distribuía cada dia a seus irmãos de raça, que partilhavam com ele sua sorte de cativo.

4 Embora fosse ele o mais jovem da tribo de Neftali, seu proceder nada tinha de pueril.

5 Por isso, enquanto todos eles iam adorar os bezerros de ouro que o rei de Israel, Je­roboão, tinha feito, só ele fugia da companhia de todos e

6 dirigia-se ao Templo do Senhor em Jerusalém, onde adorava o Senhor, Deus de Israel, oferecendo fielmente as primícias e os dízimos de todos os seus bens.

7 De três em três anos, dava aos prosélitos e aos estrangeiros todo o seu dízimo.

8 Esta e outras práticas semelhantes da Lei de Deus, tinha observado desde a sua infância.

9 Quando se tornou adulto, desposou uma mulher de sua tribo, chamada Ana, da qual teve um filho, a quem deu o nome de Tobias.

10 Ensinou-lhe desde a sua mais tenra idade a temer a Deus e a se abster de todo pecado.

11 Desse modo, quando chegou com sua mulher e seu filho, como cativo, no meio de sua tribo, à cidade de Nínive,

12 embora todos os outros comessem dos alimentos dos pagãos, guardou sua alma pura e jamais contraiu mancha alguma com seus alimentos.

13 E porque ele conservava com todo o seu coração a lembrança de Deus, Deus tornou-o simpático ao rei Salmanasar,

14 que o autorizou a ir aonde quisesse e a fazer o que quer que lhe agradasse.

15 Ele ia, pois, visitar todos os deportados e dava-lhes conselhos salutares.

16 Foi um dia a Ragés, cidade da Média, com dez talentos de prata que o rei lhe tinha dado.*

17 Encontrando entre a multidão dos seus compatriotas um homem de sua tribo, chamado Gabael, o qual se achava em dificuldades, deu-lhe a sobredita quantia de prata, mediante um recibo.

18 Passou o tempo. Salmanasar morreu e Senaquerib, seu filho, sucedeu-lhe no trono. Ora, Senaquerib odiava os israelitas.

19 Tobit ia diariamente visitar toda a sua parentela, consolava-a e distribuía dos seus bens a cada um, segundo as suas posses.

20 Alimentava os famintos, vestia os nus e, com uma solicitude toda particular, sepultava os defuntos e os que tinham sido mortos.

21 Quando o rei Senaquerib, fugindo da Judeia ao castigo com que Deus o ferira por suas blasfêmias, mandou assassinar, na sua ira, um grande número de israelitas. Tobit sepultou os seus cadáveres.*

22 Denunciaram-no ao rei, que o mandou matar e confiscou todos os seus bens.

23 Tobit, porém, despojado de tudo, fugiu com seu filho e sua mulher e, como tinha muitos amigos, conseguiu permanecer oculto.

24 Ora, quarenta e cinco dias depois, o rei foi assassinado por seus filhos,

25 e Tobit voltou para a sua casa; e foram-lhe restituídos todos os seus bens.*

Capítulo 2 Ver capítulo

1 Algum tempo depois, em um dia de festa religiosa, foi preparado um grande banquete na casa de Tobit.

2 Ele disse então ao seu filho: “Vai buscar alguns homens piedosos de nossa tribo para comerem conosco”.

3 Ele saiu, mas logo voltou, anunciando ao pai que um dos filhos de Israel jazia degolado na praça. Tobit levantou-se imediatamente da mesa, sem nada haver comido e foi aonde estava o cadáver.

4 Tomou-o e levou-o clandestinamente para a sua casa, a fim de sepultá-lo com cuidado depois do sol posto.

5 Tendo escondido o cadáver, começou a comer com pranto e tremor,

6 lembrando-se do oráculo que o Senhor tinha pronunciado pela boca do profeta Amós: “Converterei vossas festas em luto, e vossos cânticos em elegias fúnebres” (

7 Quando o sol se pôs, ele foi e o sepultou.

8 Seus vizinhos criticavam-no unanimemente, dizendo: “Já uma vez ordenaram que te matassem, precisamente por isso e mal escapaste dessa sentença de morte, recomeças a enterrar os cadáveres!”.

9 Mas Tobit temia mais a Deus que ao rei e continuava a levar para a sua casa os corpos daqueles que eram assassinados, onde os escondia e os inumava durante a noite.

10 Ora, aconteceu que um dia, cansado desse trabalho, foi para a sua casa e deitou-se junto à parede onde adormeceu.

11 Enquanto dormia, caiu-lhe, de um ninho de andorinhas, esterco quente nos olhos e ele tornou-se cego.

12 Deus permitiu que lhe acontecesse essa prova, para que a sua paciência, como a do santo homem Jó, servisse de exemplo à posteridade.

13 Como havia sempre temido a Deus, desde a sua infância e guardado seus mandamentos, ele não se afligiu (nem murmurou) contra Deus por ter sido atingido pela cegueira.

14 Mas perseverou firme no temor de Deus e continuou a dar-lhe graças em todos os dias de sua vida.

15 Assim como o bem-aventurado Jó foi insultado por outros chefes, assim seus parentes e amigos escarneciam de seu comportamento:

16 “Onde está – diziam eles – essa esperança por cujo amor deste esmolas e sepultaste os mortos?”.

17 Porém, Tobit repreendia-os, dizendo: “Não faleis assim;

18 somos filhos dos santos (patriarcas) e esperamos aquela vida que Deus há de dar aos que não perdem jamais a sua confiança nele”.*

19 Ora, Ana, sua mulher, ia todos os dias tecer e trazia o que ela ganhava com o trabalho de suas mãos.

20 Foi assim que, tendo trazido para casa um cabrito que recebera (como gratificação),

21 seu marido ouviu-o balir e disse: “Vê que ele não tenha sido roubado; restitui-o ao seu proprietário, porque não nos é permitido comer e nem mesmo tocar, o que foi roubado”.

22 Ao que lhe respondeu sua mulher com indignação: “Tua esperança é manifestamente vã; agora tuas esmolas mostram bem o que valem!”. Com essas e outras palavras semelhantes ela censurava-o duramente.

Capítulo 3 Ver capítulo

1 Tobit, então, suspirando em meio de suas lágrimas, pôs-se a orar:

2 “Vós sois justo, Senhor! Vossos juízos são cheios de equidade e vossa conduta é toda misericórdia, verdade e justiça.

3 Lembrai-vos, pois, de mim, Senhor! Não me cas­tigueis por meus pecados e não guardeis a memória de minhas ofensas, nem das de meus antepassados.

4 Se fomos entregues à pilhagem, ao cativeiro e à morte e se nos temos tornado objeto de mofa e de riso para os pagãos entre os quais nos dispersastes, é porque não obedecemos às vossas leis.

5 Agora os vossos castigos são grandes, porque não procedemos segundo os vossos preceitos e temos sido leais para convosco.

6 Tratai-me, pois, ó Senhor, como vos aprouver; mas recebei a minha alma em paz, porque me é melhor morrer que viver”.

7 Aconteceu que, precisamente naquele dia, Sara, filha de Raguel, em Ecbátana, na Média, teve também de suportar os ultrajes de uma serva de seu pai.

8 Ela tinha sido dada sucessivamente a sete maridos. Mas logo que eles se aproximavam dela, um demônio chamado Asmodeu os matava.*

9 Tendo Sara repreendido a jovem criada por alguma falta, esta respondeu-lhe: “Não vejamos jamais filho nem filha nascidos de ti sobre a terra! Foste tu que assassinaste os teus maridos.

10 Queres, porventura, matar-me, como mataste todos os sete?”. Ouvindo isso, Sara subiu ao seu quarto e lá ficou três dias completos, sem comer nem beber.

11 E, orando com fervor, ela suplicava a Deus, chorando, que a livrasse dessa humilhação.

12 Ao terceiro dia, acabou sua oração, bendizendo o Senhor desta forma:

13 “Deus de nossos pais, que vosso nome seja bendito. Vós, que depois de vos irardes, usais de misericórdia e no meio da tribulação perdoais os pecados aos que vos invocam.

14 Volto-me para vós, ó Senhor, para vós levanto os meus olhos.

15 Rogo-vos, Senhor, que me livreis dos laços deste opróbrio, ou então que me tireis de sobre a terra!

16 Vós sabeis que eu nunca desejei homem algum e que guardei minha alma pura de todo o mau desejo.

17 Nunca frequentei lugares de prazer nem tive comércio com pessoas levianas.

18 E se consenti em casar-me, foi por vosso temor e não por paixão.

19 Foi, sem dúvida, porque eu não era digna deles; ou, talvez, não eram eles dignos de mim; ou, então, me destinastes a outro homem.

20 Não está nas mãos do homem penetrar os vossos desígnios.

21 Mas todo aquele que vos honra tem a certeza de que sua vida, se for provada, será coroada; que depois da tribulação haverá a libertação e que, se houver castigo, haverá também acesso à vossa misericórdia.

22 Porque vós não vos comprazeis em nossa perda: após a tempestade, mandais a bonança; depois das lágrimas e dos gemidos, derramais a alegria.

23 Ó Deus de Israel, que o vosso nome seja eternamente bendito!”.

24 Essas duas orações foram ouvidas ao mesmo tempo, diante da glória do Deus Altíssimo;

25 e um santo anjo do Senhor, Rafael, foi enviado para curar Tobit e Sara, cujas preces tinham sido simultaneamente dirigidas ao Senhor.*

Capítulo 4 Ver capítulo

1 Tobit, julgando que sua prece tinha sido atendida e que ia morrer, chamou junto de si o seu filho

2 e disse-lhe: “Ouve, meu filho, as palavras que te vou dizer e faze que elas sejam em teu coração um sólido fundamento.

3 Quando Deus tiver recebido a minha alma, darás sepultura ao meu corpo. Honrarás tua mãe todos os dias de tua vida,

4 porque te deves lembrar de quantos perigos ela passou por tua causa (quando te trazia em seu seio).

5 Quando ela morrer, tu a enterrarás junto de mim.

6 Quanto a ti, conserva sempre em teu coração o pensamento de Deus; guarda-te de consentir jamais no pecado e de negligenciar os preceitos do Senhor, nosso Deus.*

7 Dá esmola dos teus bens e não te desvies de nenhum pobre, pois, assim fazendo, Deus tampouco se desviará de ti.

8 Sê misericordioso segundo as tuas posses.

9 Se tiveres muito, dá abundantemente; se tiveres pouco, dá desse pouco de bom coração.

10 Assim acumularás uma boa recompensa para o dia da necessidade.

11 Porque a esmola livra do pecado e da morte e preserva a alma de cair nas trevas.

12 A esmola será para todos os que a praticam um motivo de grande confiança diante do Deus Altíssimo.

13 Guarda-te, meu filho, de toda a fornicação. Fora de tua mulher, não te autorizes jamais um comércio criminoso.*

14 Nunca permitas que o orgulho domine o teu espírito ou as tuas palavras, porque ele é a origem de todo mal.

15 A todo o que fizer para ti um trabalho, paga o seu salário na mesma hora. Que o pagamento de teu operário não fique um instante em teu poder.*

16 Guarda-te de jamais fazer a outrem o que não quererias que te fosse feito.

17 Come o teu pão em companhia dos pobres e dos indigentes. Cobre com as tuas próprias vestes os que estiverem desprovidos delas.

18 Põe o teu pão e o teu vinho sobre a sepultura do justo, mas não o comas, nem o bebas em companhia dos pecadores.*

19 Busca sempre conselho junto ao sábio.

20 Bendize a Deus em todo o tempo e pede-lhe que dirija os teus passos, de modo que os teus planos estejam sempre de acordo com a sua vontade.*

21 Faço-te saber também, meu filho, que quando eras ainda pequenino, emprestei a Gabael de Ragés, cidade da Média, uma soma de dez talentos de prata, cujo recibo tenho guardado comigo.

22 Procura, pois, um meio de ir até lá para receber o sobredito peso de prata, restituindo-lhe o recibo.

23 Procura viver sem cuidados, meu filho. Levamos, é certo, uma vida pobre, mas se temermos a Deus, se evitarmos todo pecado e vivermos honestamente, grande será a nossa riqueza”.

Capítulo 5 Ver capítulo

1 Então, Tobias respondeu a seu pai: “Tudo o que me ordenaste, meu pai, eu o farei.

2 Mas estou realmente sem saber como ir buscar esse dinheiro. Gabael não me conhece e eu tampouco o conheço. Que sinal lhe hei de dar? Não conheço nem mesmo o caminho por onde ir a essa terra”.

3 Seu pai disse-lhe: “Tenho comigo o seu recibo. Bastará que lho mostres, para que ele te devolva imediatamente o dinheiro.

4 Vai procurar um homem de confiança que te possa acompanhar, mediante uma retribuição. É preciso que recebas esse dinheiro enquanto ainda estou vivo”.

5 Tendo saído, Tobias encontrou um jovem de belo aspecto, equipado como para uma viagem.

6 Sem saber que se tratava de um anjo de Deus, ele o saudou e disse-lhe: “De onde és tu, ó bom jovem?”.

7 Ele respondeu: “Sou israelita”. Tobias perguntou-lhe: “Conheces, porventura, o caminho para a Média?”.

8 “Sem dúvida!” – respondeu ele –. “Tenho percorrido fre­quen­temente esse caminho. Hospedei-me em casa de Gabael, nosso compatriota que habita em Ragés, na Média, cidade que está situada na montanha de Ecbátana.”

9 Tobias disse-lhe: “Rogo-te que esperes por mim, enquanto vou anunciar isso a meu pai”.

10 Tendo Tobias entrado e contado o sucedido ao seu pai, este ficou muito admirado e pediu que fizesse entrar o jovem.

11 Ele entrou e saudou a Tobit: “A felicidade esteja contigo para sempre!”.

12 Tobit disse-lhe: “Que felicidade posso eu ter ainda? Estou nas trevas, sem poder ver a luz do céu”.

13 O jovem replicou-lhe: “Tem ânimo, porque é fácil a Deus curar-te!”.*

14 Tobit disse-lhe: “É verdade que poderás conduzir meu filho à casa de Gabael, em Ragés, na Média? Quando voltares, eu te retribuirei por isso”.

15 Então, o anjo disse-lhe: “Eu o levarei até lá e o trarei são e salvo para junto de ti”.

16 Tobit então perguntou-lhe: “Rogo-te que me digas de que família e de que tribo és tu?”.

17 O anjo respondeu: “Que é que procuras: a raça do servo ou o próprio servo para acompanhar teu filho?

18 Mas, para tranquilizar-te: eu sou Azarias, filho do grande Hananias”.

19 “És de família distinta – respondeu Tobit –. “Rogo-te que não me queiras mal por ter querido conhecer tua origem.”

20 O anjo então disse: “Conduzirei o teu filho são e salvo e assim retornará”.

21 Tobit respondeu: “Boa viagem! Que Deus esteja em vosso caminho e que o seu anjo vos acompanhe”.

22 Prepararam o necessário para a viagem. Tobias despediu-se de seu pai e de sua mãe, e os dois viajantes partiram.

23 Depois que partiram, sua mãe pôs-se a chorar: “Tiraste-nos – disse ela – o bordão de nossa velhice e o apartaste de nós.

24 Prouvera a Deus que nunca tivesse havido esse dinheiro pelo qual o enviaste.

25 O pouco que temos nos bastava; a nossa riqueza era a vista de nosso filho”.

26 Tobit respondeu-lhe: “Não chores. Nosso filho chegará são e salvo e voltará também são e salvo para a nossa companhia. Tu o verás com os teus olhos.

27 Estou certo de que um bom anjo de Deus o acompanhará e disporá solicitamente tudo o que lhe diz respeito, de modo que ele tenha a alegria de voltar para nós”.

28 Ouvindo isso, sua mãe cessou de chorar e calou-se.

Capítulo 6 Ver capítulo

1 Tobias partiu, pois, em companhia do anjo. Também o cão foi atrás deles.Deteve-se na primeira parada à beira do rio Tigre.

2 Descendo ao rio para lavar os pés, eis que um enorme peixe se lançou sobre ele para devorá-lo.

3 Aterrorizado, Tobias gritou, dizendo: “Senhor, ele lança-se sobre mim”.

4 O anjo disse-lhe: “Pega-o pelas guelras e puxa-o para ti”. Tobias assim o fez. Arrastou o peixe para a terra, o qual se pôs a saltar aos seus pés.

5 O anjo então disse-lhe: “Abre o peixe e tira-lhe o coração, o fel e o fígado. Guarda-os contigo e joga fora as entranhas. O coração, o fel e o fígado do peixe servirão para remédios muito eficazes”. Ele assim o fez.

6 A seguir, assou uma parte da carne do peixe, que levaram consigo pelo caminho. Salgaram o resto, para que lhes bastasse até chegarem a Ragés, na Média.

7 Entretanto, Tobias interrogou o anjo: “Azarias, meu irmão, peço-te que me digas qual é a virtude curativa dessas partes do peixe que me mandaste guardar”.

8 O anjo respondeu-lhe: “Se puseres um pedaço do coração sobre brasas, a sua fumaça expulsará toda espécie de mau espírito, tanto do homem como da mulher e impedirá que ele volte de novo a eles.

9 Quanto ao fel, pode-se fazer com ele um unguento para os olhos que foram atingidos por manchas brancas, porque ele tem a propriedade de curar”.

10 Em seguida, Tobias disse-lhe: “Onde queres que pousemos?”.

11 “Há aqui – respondeu o anjo – um homem de tua tribo e de tua família, chamado Raguel, que tem uma filha chamada Sara; além dela não tem mais filho nem filha.*

12 Todos os seus bens te devem pertencer: mas é preciso que a recebas por esposa.*

13 Pede-a, pois, ao seu pai e ele a dará por esposa.

14 Tobias replicou: “Ouvi dizer que ela já teve sete maridos e que todos morreram. Diz-se mesmo que foi um demônio que os matou,

15 por isso, eu temo que o mesmo venha a me acontecer, a mim que sou filho único e, desse modo, faça descer lamentavelmente a velhice de meus pais à habitação dos mortos”.

16 O anjo respondeu-lhe: “Ouve-me e eu te mostrarei sobre quem o demônio tem poder:*

17 são os que se casam, banindo Deus de seu coração e de seu pensamento e se entregam à sua paixão como o cavalo e o burro, que não têm entendimento: sobre estes o demônio tem poder.

18 Tu, porém, quando te casares e entrares na câmara nupcial, viverás com ela em castidade durante três dias e não vos ocupareis de outra coisa senão de orar juntos.

19 Na primeira noite, queimarás o fígado do peixe e será posto em fuga o demônio.

20 Na segunda noite, serás admitido na sociedade dos santos patriarcas.

21 Na terceira noite, receberás a bênção que vos dará filhos cheios de saúde.

22 Passada essa terceira noite, te aproximarás da jovem no temor ao Senhor, mais com o desejo de ter filhos que o ímpeto da paixão. Obterás assim para os teus filhos a bênção prometida à raça de Abraão”.*

Capítulo 7 Ver capítulo

1 Chegaram, pois, à casa de Raguel, que os recebeu cordialmente.

2 Vendo Tobias, Raguel disse a Edna, sua mulher: “Como este jovem é parecido com meu primo”.

3 Dito isso, perguntou: “De onde viestes, ó jovens?”. Eles responderam: “Somos da tribo de Neftali, dos deportados de Nínive”.

4 Raguel prosseguiu: “Co­nheceis, porventura, o meu primo Tobit?”. “Certamente” – responderam.

5 E como Raguel começasse a elogiar Tobit, o anjo disse-lhe: “Esse Tobit de que falas é o pai deste jovem”.

6 Raguel lançou-se então ao pescoço de Tobias, beijou-o com lágrimas e disse:

7 “Abençoado sejas, meu filho, porque és filho de um homem de bem!”.

8 Edna, sua mulher e Sara, sua filha, tinham também os olhos cheios de lágrimas.

9 Depois que conversaram, Raguel mandou matar um carneiro para preparar um jantar. E quando lhes rogava que tomassem lugar à mesa,

10 Tobias disse-lhe: “Não comerei nem beberei aqui hoje, antes que me tenhas prometido conceder o que te vou pedir: dá-me Sara, tua filha, por mulher”.

11 Essas palavras encheram Raguel de espanto, pensando no que tinha acontecido aos sete maridos que se tinham aproximado dela e começou a temer que tal desgraça se repetisse mais uma vez. E como ele hesitasse em dar uma resposta a Tobias,

12 o anjo disse-lhe: “Não temas dar-lhe tua filha, porque é deste piedoso servo de Deus que ela deve ser mulher. Por isso, nenhum outro pôde tê-la”.

13 Então, Raguel disse: “Não tenho mais dúvidas de que Deus admitiu em sua presença minhas lágrimas.

14 Estou persuadido de que ele vos fez vir à minha casa unicamente para que minha filha desposasse um seu parente, segundo a Lei de Moisés. Não temas, eu hei de te dar Sara por esposa”.*

15 E, tomando a mão direita de sua filha, a pôs na de Tobias, dizendo: “Que o Deus de Abraão, o Deus de lsaac, o Deus de Jacó esteja convosco; que ele vos una e derrame sobre vós a sua bênção”.

16 Tomou em seguida o papel e redigiram o ato do matrimônio.

17 E celebraram alegremente uma festa, agradecendo a Deus.

18 Raguel chamou Então, sua mulher e mandou-lhe que preparasse outro aposento.

19 Ela introduziu ali Sara, sua filha, e esta se pôs a chorar.

20 Mas ela disse-lhe: “O Senhor do céu te encha de alegria pelos males que tens sofrido”.

Capítulo 8 Ver capítulo

1 Depois do jantar, introduziram o jovem no aposento de Sara.

2 E Tobias, fiel às indicações do anjo, tirou do seu alforje uma parte do fígado e o pôs sobre brasas acesas.

3 Nesse momento, o anjo Rafael tomou o demônio e prendeu-o no deserto do Alto Egito.

4 Então, Tobias encorajou a jovem com estas palavras: “Levanta-te, Sara, e roguemos a Deus, hoje, amanhã e depois de amanhã. Estaremos unidos a Deus durante essas três noites. Depois da terceira noite, consumaremos nossa união;

5 porque somos filhos dos santos patriarcas e não nos devemos casar como os pagãos que não conhecem a Deus”.

6 Levantaram-se, pois, ambos e oraram juntos fervorosamente para que lhes fosse conservada a vida.

7 Tobias disse: “Senhor, Deus de nossos pais, bendigam-vos o céu, a terra, o mar, as fontes e os rios, com todas as criaturas que neles existem.

8 Vós fizestes Adão do limo da terra e destes-lhe Eva por companheira.

9 Ora, vós sa­beis, ó Senhor, que não é para satisfazer a minha paixão que recebo a minha prima como esposa, mas unicamente com o desejo de suscitar uma posteridade, pela qual o vosso nome seja eternamente bendito”.

10 E Sara acrescentou: “Tende piedade de nós, Senhor; tende piedade de nós e fazei que cheguemos juntos a uma ditosa velhice!”.

11 Ora, ao cantar do galo, Raguel chamou os seus criados e foram juntos cavar uma sepultura.

12 “Quem sabe – dizia ele – se não aconteceu a esse o mesmo que aos outros sete homens que se aproximaram dela?”

13 Cavada a fossa, voltou para junto de sua mulher e disse:

14 “Manda uma de tuas escravas ver se ele morreu, a fim de que eu possa enterrá-lo antes de clarear o dia”.

15 Ela o fez. E a serva, tendo entrado no aposento, encontrou-os bem vivos, dormindo juntos.

16 Ela voltou e deu essa boa notícia; e Raguel com sua mulher louvaram o Senhor, dizendo:

17 “Nós vos bendizemos, Senhor, Deus de Israel, porque não se realizou o que temíamos.

18 Usastes conosco de vossa misericórdia, expulsando para longe de nós o inimigo que nos perseguia,

19 e tivestes piedade de dois filhos únicos. Fazei, ó Senhor, que eles vos bendigam sempre mais e vos ofereçam um sacrifício de louvor pela sua conservação, a fim de que todas as nações pagãs conheçam que vós sois o único Deus de toda a terra”.

20 Raguel ordenou imediatamente aos seus criados que fechassem a cova, antes do amanhecer.

21 Disse à sua mulher que aprontasse um banquete e preparasse todos os víveres necessários aos viajantes.

22 Mandou também matar duas vacas gordas e quatro carneiros, destinados a um festim para todos os seus vizinhos e amigos.

23 E instou com Tobias que ficasse com ele durante duas semanas.

24 Presenteou Tobias com a metade de seus bens e redigiu um documento estipulando que a outra metade se tornaria também, depois de sua morte, propriedade de Tobias.

Capítulo 9 Ver capítulo

1 Tobias chamou então a si o anjo, que ele julgava ser um homem e disse-lhe: “Azarias, meu irmão, peço-te que me ouças.

2 Ainda que eu me fizesse teu escravo, não seria isso uma retribuição digna por teus cuidados.

3 Não obstante, vou pedir-te ainda que tomes contigo cavalos e servos e vás à casa de Gabael, em Ragés, na Média. Devolve-lhe o seu recibo e recebe o dinheiro. Convida-o também para o meu casamento.

4 Bem sabes que meu pai conta os dias. Se eu tardar um dia mais, ele sofrerá com isso.

5 Vês, por outro lado, como Raguel insistiu em que eu me demorasse aqui e não lho posso recusar”.

6 Rafael tomou então quatro servos de Raguel, dois camelos e partiu para Ragés, na Média. Encontrando Gabael, entregou-lhe o recibo e recebeu dele todo o dinheiro.

7 Contou-lhe toda a aventura de Tobias e fê-lo vir consigo às núpcias.

8 Tobias estava à mesa, quando Gabael entrou na casa de Raguel. Lançaram-se nos braços um do outro e Gabael louvava a Deus com lágrimas de alegria.

9 “Que o Deus de Israel te abençoe – disse ele – porque és filho de um homem de bem, justo, piedoso e esmoler.

10 Abençoe também a tua mulher e os vossos pais;

11 possais ver os vossos filhos e os filhos de vossos filhos, até a terceira e a quarta gerações!

12 Bendita seja a vossa raça pelo Deus de Israel que reina em toda a eternidade!” “Amém” – responderam eles. E todos se puseram à mesa. E foi no temor do Senhor que celebraram o festim das núpcias.

Capítulo 10 Ver capítulo

1 O casamento de Tobias tinha retardado a sua volta. Seu pai, muito inquieto, dizia: “Por que será que meu filho tarda tanto? Por que se demora lá?

2 Teria Gabael porventura falecido, de sorte que não haveria ninguém para restituir o dinheiro?”.

3 Ele entristeceu-se extremamente com isso, assim como Ana, sua mulher, e ambos se puseram a chorar, porque seu filho não voltava no tempo previsto.

4 Ana, principalmente, derramava lágrimas inesgotáveis e dizia: “Ai, ai, meu filho! Por que te mandamos lá? Tu que eras a luz de nossos olhos, o bordão de nossa velhice, a consolação de nossa vida e a esperança de nossa raça!

5 Nós, que em ti só tínhamos tudo, não te devíamos ter deixado ir para longe de nós”.

6 Tobit dizia-lhe: “Cala-te, não te aflijas! Nosso filho está passando bem. Aquele homem com quem nós o mandamos é um homem de confiança”.

7 Mas ela continuava inconsolável. Todos os dias saía para fora, olhava para todos os lados e corria por todos os caminhos, por onde poderia voltar o filho, a fim de vê-lo ao longe, se fosse possível.

8 Entretanto, Raguel dizia ao seu genro: “Fica aqui, mandarei notícias a Tobit, teu pai, a respeito de tua saúde”.

9 Mas Tobias disse-lhe: “Sei que meu pai e minha mãe contam os dias e que se acham em grande tormento”.

10 Raguel insistiu ainda, apresentando muitas razões, mas Tobias não quis ouvi-lo. Então, entregou-lhe Sara com a metade de seus bens: escravos e escravas, bois e ovelhas, asnos e camelos, roupas, dinheiro e utensílios. E deixou-os partir com saúde e alegria.

11 Ao despedir-se de Tobias, disse: “Que o santo anjo do Senhor vos acompanhe pelo caminho e vos conduza sãos e salvos. Faço votos de que encontreis tudo em ordem em casa de vossos pais e que eu possa ver os vossos filhos antes de morrer!”.

12 Os pais beijaram sua filha e deixaram-na partir,

13 recomendando-lhe que honrasse seus sogros, amasse o seu marido, educasse bem a sua família e governasse a sua casa, conservando-se ela mesma irrepreensível.*

Capítulo 11 Ver capítulo

1 De regresso, chegaram no décimo primeiro dia de viagem a Caserin, que está a meio caminho na direção de Nínive.*

2 O anjo disse então: “Tobias, meu irmão, tu sabes em que estado deixaste o teu pai.

3 Se for do teu agrado, poderíamos tomar a dianteira, deixando a tua mulher, os servos e os rebanhos seguirem devagar pelo caminho”.

4 Tendo Tobias concordado com esse parecer, Rafael disse-lhe: “Leva contigo o fel do peixe, porque vais precisar dele”. Tomou, pois, Tobias o fel e partiram.

5 Ana, por sua vez, ia todos os dias assentar-se perto do caminho, no cimo de uma colina, de onde podia ver ao longe.

6 Ela espreitava ali a volta de seu filho, quando o viu de longe que voltava e o reconheceu. Correu ao seu marido e disse-lhe: “Eis que aí vem o teu filho!”.

7 Ora, Rafael tinha dito a Tobias: “Logo que entrares em tua casa, adorarás o Senhor, teu Deus, e lhe darás graças. Irás em seguida beijar teu pai

8 e lhe porá imediatamente nos olhos o fel do peixe que tens contigo. Sabe que seus olhos se abrirão instantaneamente e que teu pai verá a luz do céu. E, vendo-te, ficará cheio de alegria”.

9 O cão, que os tinha acompanhado durante a viagem, correu então adiante como um mensageiro e mostrava o seu contentamento fazendo festas e abanando a cauda.

10 O pai cego levantou-se e pôs-se a correr, tropeçando. Dando então a mão a um criado, foi ao encontro de seu filho.

11 Abraçou-o e beijou-o, fazendo o mesmo sua mulher e ambos começaram a chorar de alegria.

12 Só se assentaram depois de terem adorado e agradecido a Deus.

13 Tobias tomou então o fel do peixe e o pôs nos olhos de seu pai.

14 Depois de ter esperado cerca de meia hora, começou a sair-lhe dos olhos uma belida branca como a membrana de um ovo.

15 Tobias tomou-a e a arrancou dos olhos de seu pai, o qual recobrou instantaneamente a vista.

16 E louvaram a Deus, ele, sua mulher e todos os que o conheciam.

17 “Bendigo-vos, Senhor, Deus de Israel” –, dizia ele – porque depois de me terdes provado, me salvastes: eis que vejo o meu filho Tobias!”

18 Sete dias depois, chegou também Sara, mulher de seu filho, com todos os seus servos, em boa saúde, com os rebanhos, os camelos, o grande dote da esposa e mais o dinheiro recebido de Gabael.

19 Tobias contou a seus pais todos os benefícios que Deus lhe tinha feito por intermédio de seu guia.

20 Chegaram também Aicar e Nadab, primos de Tobit, felizes de poderem congratular-se com ele pelos benefícios que Deus lhe tinha prodigalizado.*

21 Durante sete dias houve festa e grande regozijo.

Capítulo 12 Ver capítulo

1 Então, Tobit chamou seu filho e disse-lhe: “Que havemos nós de dar a esse santo homem que te acompanhou?”.

2 “Meu pai –, respondeu ele – que gratificação lhe havemos de dar? Que presente pode­rá igualar os seus benefícios?

3 Ele levou-me e trouxe-me em boa saúde; foi receber o dinheiro de Gabael; fez-me ter uma mulher e afugentou dela o demônio; encheu de alegria os seus pais; livrou-me de ser devorado pelo peixe e fez-te rever a luz do céu; enfim, ele cumulou-nos de toda a sorte de benefícios. Que presente poderia igualar a tudo isso?

4 Rogo-te, meu pai, que lhe peças se digne aceitar a metade de tudo o que trouxemos.”

5 Chamaram-no, pois, o pai e o filho e, tomando-o à parte, rogaram-lhe que aceitasse a metade de tudo o que tinham trazido.

6 Então, ele falou-lhes discretamente: “Bendizei o Deus do céu e dai-lhe glória diante de todo o ser vivente, porque ele usou de misericórdia para convosco.

7 Se é bom conservar escondido o segredo do rei, é coisa louvável revelar e publicar as obras de Deus.

8 Boa coisa é a oração acompanhada de jejum e a esmola é preferível aos tesouros de ouro escondidos,

9 porque a esmola livra da morte: ela apaga os pecados e faz encontrar a misericórdia e a vida eterna;

10 aqueles, porém, que praticam a injustiça e o pecado são os seus próprios inimigos.

11 Vou descobrir-vos a verdade, sem nada vos ocultar.

12 Quando tu oravas com lágrimas e enterravas os mortos, quando deixavas a tua refeição e ias ocultar os mortos em tua casa durante o dia, para sepultá-los quando viesse a noite, eu apresentava as tuas orações ao Senhor.

13 Mas porque eras agradável ao Senhor, foi preciso que a tentação te provasse.

14 Agora o Senhor enviou-me para curar-te e livrar do demônio Sara, mulher de teu filho.

15 Eu sou o anjo Rafael, um dos sete que assistimos na presença do Senhor”.

16 Ao ouvir essas palavras, eles ficaram fora de si e, tremendo, prostraram-se com o rosto por terra.

17 Mas o anjo dis­se-lhes: “A paz seja convosco: não temais.

18 Quando eu estava convosco, eu o estava por vontade de Deus: rendei-lhe graças, pois, com cânticos de louvor.

19 Parecia-vos que eu comia e bebia convosco, mas o meu alimento é um manjar invisível e minha bebida não pode ser vista pelos homens.

20 É chegado o tempo de voltar para aquele que me enviou: vós, porém, bendizei a Deus e publicai todas as suas maravilhas”.

21 Acabando de dizer essas palavras, desapareceu diante deles e eles não viram mais nada.

22 Durante três horas permaneceram prostrados por terra, bendizendo a Deus. Depois levantaram-se e publicaram todas essas maravilhas.

Capítulo 13 Ver capítulo

1 Tobit tomou, então, a palavra e, em um transporte de alegria, escreveu esta prece: “Sois grande, Senhor, na eternidade, vosso reino estende-se a todos os séculos.

2 Porque vós provais e, em seguida, salvais. Conduzis a profundos abismos e deles tirais; e não há quem possa escapar à vossa mão.

3 Celebrai o Senhor, filhos de Israel. Louvai-o em presença das nações.

4 Porque, se ele vos dispersou entre povos que o não conhecem, foi para que publiqueis as suas maravilhas e lhes façais reconhecer que não há outro Deus onipotente senão ele.

5 Castigou-nos por causa das nossas iniquidades, mas nos salvará por sua misericórdia.

6 Considerai, agora, o que fez por nós e bendizei-o com temor e tremor; por vosso comportamento, glorificai o rei dos séculos.

7 Quanto a mim, rendo-lhe graças na terra do meu cativeiro, porque manifestou sua majestade sobre um povo criminoso.*

8 Convertei-vos, pecadores, e praticai a justiça diante de Deus, na confiança que vos fará misericórdia.

9 Nele me alegrarei de todo o coração.

10 Dai graças ao Senhor, vós todos, seus eleitos; celebrai dias de alegria e rendei-lhe louvores.

11 Jerusalém, cidade santa! Deus te castigou por teu mau procedimento.

12 Confessa a Deus como convém e louva o rei dos séculos, para que ele reedifique o teu santuário. Reúna em ti os que foram deportados e possas alegrar-te sem fim!

13 Hás de refulgir qual esplêndida luz e todos os povos da terra te venerarão.

14 Nações de longe virão a ti, com presentes, adorar o Senhor em teus muros e considerarão o teu solo como um santuário.

15 Porque em teu recinto invocarão o grande nome.

16 Maldito seja quem te desprezar; desonrado, quem te caluniar; bendito seja quem te reconstruir!

17 Tu te alegrarás nos teus filhos, porque serão todos abençoados e se reunirão junto do Senhor.

18 Ditosos todos os que te amam: na tua paz encontrarão sua alegria.

19 Ó minha alma, bendize ao Senhor, porque o Senhor, nosso Deus, livrou Jerusalém de todas as suas tribulações.

20 Feliz serei, se ficar um homem de minha raça para ver o esplendor de Jerusalém:

21 suas portas serão reconstruídas com safiras e esmeraldas, seus muros serão inteiramente de pedras preciosas,*

22 suas praças serão pavimentadas de mosaicos e rubis, e em suas ruas cantarão: Aleluia!

23 Bendito seja Deus que te restituiu tal esplendor! Que ele reine sobre ti eternamente!”.

Capítulo 14 Ver capítulo

1 Tal foi o cântico de Tobit.

2 Tobit morreu em paz, na idade de cento e doze anos. Foi sepultado com muita honra em Nínive.

3 Tinha sessenta e dois anos quando ficou cego.

4 Todo o restante de sua vida se passou na alegria. E a paz de que gozou foi em proporção aos seus progressos no temor a Deus.

5 Quando veio a hora de sua morte, chamou à sua presença o seu filho Tobias, com os sete filhos deste e disse-lhes:

6 “Está próxima a ruína de Nínive, porque a palavra de Deus não falha; os nossos irmãos, que foram dispersos para longe da pátria de Israel, voltarão para ela.

7 Todo o seu país deserto será repovoado e a casa de Deus, que ali foi queimada, será re­cons­truída. Todos os homens que temem a Deus voltarão para ela

8 e as nações pagãs abandonarão os seus ídolos e virão habitar em Jerusalém.

9 Todos os reis da terra se alegrarão de apresentar suas homenagens ao rei de Israel.

10 Ouvi, pois, o vosso pai, meus filhos. Servi fielmente o Senhor e procurai fazer o que lhe é agradável.

11 Recomendai aos vossos filhos que pratiquem a justiça, sejam caridosos e esmoleres, que se lembrem de Deus e o bendigam em todo o tempo, fielmente e com todas as suas forças.

12 E agora, meus filhos, ouvi-me: não fiqueis aqui; mas, no dia em que tiverdes enterrado vossa mãe junto de mim no mesmo túmulo, ponde-vos logo a caminho para deixar estes lugares;

13 porque eu vejo que a iniquidade desta cidade será a causa de sua queda.”*

14 Depois da morte de sua mãe, Tobias partiu de Nínive com sua mulher, seus filhos e seus netos e voltou para a casa de seus sogros.

15 Encontrou-os em perfeita saúde, numa ditosa velhice. Teve para com eles todas as atenções e fechou-lhes os olhos. Tomou posse de toda a herança da casa de Raguel e viu os filhos de seus filhos até a quinta geração.

16 Morreu com alegria, tendo vivido noventa e nove anos no temor ao Senhor e seus filhos o sepultaram.

17 Toda a sua parentela e toda a sua descendência perseveraram numa vida íntegra e santo procedimento, de modo que foram amados tanto por Deus como pelos homens e por todos os seus compatriotas.

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